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Ameaça invisível

Resistência do titânio em xeque: Rússia pode suspender a produção

Maior fabricante global sofre com a queda brusca na demanda do metal causada pela pandemia


Redução na demanda global por novos aviões deverá impactar na produção de titânio e estatal russa avalia futuro

A crise vivenciada pela aviação comercial deverá impactar o fornecimento global de titânio para indústria aeroespacial. A estatal russa VSMPO-Avisma, uma das maiores produtoras mundiais de titânio, confirmou que está considerando suspender a produção do metal.

A agência Reuters havia publicano na semana passada que a VSMPO-Avisma poderia paralisar sua produção em meados de setembro em resposta a situação de seus dois principais clientes, a Airbus e a Boeing.

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A estatal confirmou a AERO Magazine que avalia a estratégia de negócios baseado na demanda global para os próximos meses, mas que a decisão para uma suspensão da produção não é certa, dependendo de como o setor aeronáutico global vai reagir aos efeitos da pandemia nos próximos dois meses.

A previsão é que a produção anual da empresa seja reduzida em 32% em 2020, passando para aproximadamente 26,5 mil toneladas até dezembro, ante pouco mais de 39 mil toneladas produzidas em 2019.

Um dos maiores entraves para fornecedores de material e componentes do setor aeroespacial deverá ser a mudança no cronograma de entregas de aeronaves nos próximos dois anos. A maioria das empresas aéreas no mundo avaliam renegociar os prazos, visto que suas frotas atuais já excedem, e muito, a demanda projetada para os próximos seis meses. A Qatar Airways estuda realocar seu cronograma para recebimento de novas aeronaves em até dez anos.

A VSMPO-Avisma obteve um acordo para um pedido mínimo por parte dos principais clientes, com objetivo de manter a linha de produção ativa. Um dos temores do setor é que a paralisação de empresas fornecedoras possa levar a uma quebra na cadeia de produção, comprometendo seriamente os principais fabricantes.

Segundo a empresa, possivelmente haverá uma ampliação nos contratos com fabricantes de aeronaves russos, que estão avançando no desenvolvimento de novos aviões comerciais e militares. Todavia, a assessoria não confirmou planos para a indústria naval.

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Ao longo dos últimos cinco anos a indústria global de titânio assistiu um vertiginoso crescimento, apoiado pela crescente demanda do metal pela indústria aeroespacial global. Segundo dados da décima edição do anuário Titanium Metal Outlook to 2030, entre 2014 e 2019 houve um crescimento de 6,2% na produção mundial de titânio, que atingiu no ano passado um total de 107 mil toneladas.

Aproximadamente de metade de toda a demanda de titânio é proveniente de aplicações aeroespaciais. Nos últimos 10 anos houve um crescimento contínuo do tráfego aéreo (2010-2019), aliado ao lançamento de novos programas, como o Boeing 787 e os Airbus A350 e A380, que ampliaram o uso de titânio em diversas partes da estrutura.

Ainda que seja um metal fundamental na indústria aeronáutica, a produção de ‘esponja de titânio’ é limitada à Rússia, Japão, China, Estados Unidos, Ucrânia, Índia, Cazaquistão, e, mais recentemente, Arábia Saudita. Porém, mais de três quartos da produção global é oriunda dos três primeiros países da lista. Já a produção de placas e lingotes de titânio basicamente 90% está concentrada na China, Estados Unidos, Rússia e Japão.

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Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 23/06/2020, às 14h30 - Atualizado às 18h30


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