Situação extrema levou o piloto interpretar incorretamente a condição real do voo
Helicóptero que transportava o astro Kobe Bryant era um dos mais sofisticados do mercado
Após um ano de investigação e análise, as autoridades de segurança do transporte nos Estados Unidos divulgaram as causas do acidente que vitimou a estrela do basquete Kobe Bryant. O fator determinante foi desorientação espacial do piloto.
O efeito causado por uma ilusão de ótica somado a erros de interpretação do posicionamento espacial do corpo são comuns em casos similares as condições de voo que se encontrava o helicóptero. O piloto na ocasião estava voando visual, ou seja, tendo como referência a vista externa da aeronave, mas ao ingressar em uma densa névoa a falta de visibilidade adequada leva a uma série de erros de julgamento de condições elementares.
Segundo o relatório do NTSB, a autoridade de segurança dos transportes, órgão responsável por investigação de acidentes aéreos nos Estados Unidos, o piloto sofreu uma ilusão somatogravica momentos antes do acidente. Essa condição leva a pessoa acreditar que está em uma condição diferente da real. Sem uma referência visual o cérebro interpreta de forma incorreta as sensações do organismo, especialmente do labirinto. Com a falta de orientação o piloto realizou um voo controlado contra o terreno, condição que ocorre quando não se tem noção da situação real.
No caso do acidente, o piloto percebeu de forma equivocada que o helicóptero estava subindo, dada a sensação no corpo e o efeito externo do nevoeiro passando pela janela, quando na realidade ele estava descendo. Sem estar utilizando os instrumentos de navegação, por ser um voo visual, o piloto teve dificuldades para interpretar a condição real graças as convincentes ilusões vestibulares.
O voo partiu de Orange County, nos arredores de Los Angeles, para o condado de Ventura, quando o helicóptero encontrou uma situação adversa e o piloto manteve o plano visual. O NTSB ainda alertou que, provavelmente, a boa relação do piloto Ara Zobayan com o astro da NBA, criou uma condição de autoimposição para completar o voo.
Para os investigadores o aviador não queria decepcionar o cliente, mantendo a situação de cumprir no horário os agendamentos e voos contratados.
Porém, os investigadores não conseguiram entender porque o piloto manteve as condições declaradas de voo visual mesmo quando havia entrado em uma situação que exigia voo por instrumento. Outra pergunta é saber o que levou um piloto, que não podia voar instrumentos naquele momento, prosseguir com a rota traçada. A hipótese provável é que ele supunha ser uma questão momentânea, que não afetaria por muito tempo o voo.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 09/02/2021, às 15h00 - Atualizado às 15h37
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