Segunda guerra
Nem todos foram campeões em suas categorias, mas, em algum momento, ajudaram a mudar a face do combate. E muitos deles ainda voam, mais de 70 anos depois
O EAA AirVenture comemorou os 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial neste ano de 2015. Se no aprazível encontro em Oshkosh os aviões protagonizam incríveis shows aéreos, durante o conflito eles foram levados a seu extremo, tornando-se as mais poderosas armas em conflitos armados.
Diferente dos carros de combate e dos poderosos navios de guerra, o avião revelou-se o mais versátil das três armas, oferecendo oportunidades de ataque onde fosse necessário – no céu, em terra ou mesmo no mar. Os aviões foram lançados em combate não só para o controle dos céus, como, também, arrasaram plantas industriais, deram apoio ao solo para as tropas, executaram missões de reconhecimento e até levaram suprimentos a exércitos totalmente cercados ou isolados pelo inimigo.
Durante um período de seis anos (1939-1945), os projetos de aeronaves evoluíram de maneira meteórica, dos obsoletos biplanos ao primeiro caça a jato, do tosco bombardeiro bimotor a projetos radicais, como o bombardeiro pesado Boeing B-29 Superfortress, criando condições para as mais extremas utilizações da aviação no cenário de batalha.
Neste especial, tentamos listar as mais notáveis aeronaves da Segunda Guerra Mundial. São máquinas que deixaram uma marca indelével para analistas e historiadores, sem esquecer os que viveram para testemunhar seu envolvimento direto ou indireto com o poder que decidiu os destinos do conflito.
A classificação de “notáveis” em lugar de “melhores”, como é costumeiro em listagens do tipo, tem sua razão: um ranking sofre geralmente de grande grau de subjetividade. Além disso, exclui aeronaves que, isoladamente, brilharam (e logo desapareceram) em determinado momento do conflito, embora nunca tivessem sido exemplos de projetos avançados ou motorização especialmente potente. A maioria é fruto de esmerados projetos de pesquisas e desenvolvimento e aperfeiçoamentos continuados, conquistando o respeito e a admiração não só de seus pilotos como dos mais agressivos inimigos que tiveram de enfrentá-los. Muitos desses aviões ainda possuem exemplares que apresentam impecável condição de voo e são exibidos em eventos aeronáuticos ao redor do mundo, como se viu em Oshkosh neste ano.
O He-111 foi um dos primeiros aviões alemães a participar do bombardeio da Inglaterra. A história da aeronave foi envolta em segredo. Após o Tratado de Versalhes, da Primeira Guerra Mundial, os alemães estavam proibidos de operar uma força aérea. O He-111 foi construído como aeronave de transporte comercial, porém, projetado com a intenção de poder ser convertido rapidamente em avião de bombardeio. O avião era robusto e potente, transportava bombas sob proteção dos Bf-109 e Fw-190. Era suficientemente armado e uma boa opção como bombardeiro médio multimissão.
Foi o principal bombardeiro em mergulho da Marinha dos EUA com excelente folha de realizações, tanto de bombardeio como para missões de reconhecimento. Entrou em serviço em março de 1941 e entre maio e junho de 1942 assumiu as batalhas do Mar de Coral e Midway. Os esquadrões de Dauntless afundaram cinco porta-aviões japoneses mudando de vez o curso da guerra no Pacífico. Foram fabricadas em torno de 6.000 aeronaves.
O Messerschmitt 262 está na lista não pelo impacto que causou na guerra, mas por sua contribuição no pós-guerra. Utilizando seus segredos em foguetes e projetos de células, cientistas alemães desenvolveram protótipos mais avançados que chegavam próximo de atingir Mach 1. Não existem dúvidas de que o Me-262 era revolucionário e, caso a Alemanha tivesse condições de fabricá-los no volume necessário, a Luftwaffe poderia reconquistar sua superioridade aérea. Quando lançado em setembro de 1944, não existia um caça no arsenal Aliado capaz de enfrentá-lo em um duelo aéreo. Para sorte dos Aliados, o parque industrial alemão estava aniquilado e sem condições de produzi-lo em larga escala.
O melhor bombardeiro pesado da RAF entrou em operação em abril de 1942, já com os motores Rolls-Royce Merlin, responsáveis por seu excepcional desempenho. Sua relação capacidade/alcance era superior à dos bombardeiros norte-americanos B-17 e B-24. Por carência de efetivo, os Lancaster eram operados por apenas 7 tripulantes, com os artilheiros em algumas posições – como acontecia nos B-17 – enfrentando as piores condições climáticas, além do temor constante dos ataques dos caças noturnos alemães. O ataque de 19 Lancaster do esquadrão de elite Dam Busters contra as ferrenhamente defendidas barragens Möhne e Eder, no Vale do Ruhr, na Alemanha, passou para a história, não obstante a perda de oito aeronaves. O sucesso da missão na prática serviu apenas para o moral dos britânicos, pois mesmo destruídas as barragens não causaram qualquer efeito estratégico no decorrer da guerra.
Foi a aeronave adotada pela U.S. Navy para missões de patrulha marítima a partir de 1936. A RAF também utilizou o PBY em paralelo com o Short S25 Sunderland, um aerobote quadrimotor maior e mais pesado. Cerca de 4.000 Catalina foram fabricados, um recorde para esta classe de aeronaves. Apesar de mais lento e menos armado do que o Sunderland, o Catalina se revelou resistente e muito adaptável às mais diversas missões militares.
Bombardeiro médio lançado em agosto de 1940, foi empregado em diversas frentes de combate na Europa e no Pacífico. O modelo deixou sua marca na História em 18 de abril de 1942, quando uma esquadrilha de 16 Mitchell, sob o comando do lendário James Doolittle, decolou do porta-aviões USS Hornet. Coroando um longo período de pesquisas e ensaios, a pequena esquadrilha dirigiu-se à Tóquio para iniciar a campanha de bombardeio ao Japão. Considerado um ataque leve se comparado à destrutiva campanha que se seguiu a essa missão, foi suficiente para abalar o moral nipônico. Do outro lado, elevou sobremaneira o astral norte-americano pós-Pearl Harbor. A missão não se desenrolou como desejado, houve perdas de vidas norte-americanas, inclusive em solo japonês, mas o recado havia sido dado. Modelos posteriores do B-25 foram adaptados para ataque com torpedos.
Projetado para missões de longo alcance, o P-38 foi o primeiro caça equipado com turbocompressores e trem de pouso triciclo. As primeiras unidades foram enviadas ao Pacifico, onde o fato de ser bimotor era fator favorável diante das longas missões sobre o oceano. Um dos feitos mais notáveis se deu quando um esquadrão com 16 Lightning, em 1943, voou a 885 km/h para interceptar e abater o avião em que viajava o almirante Yamamoto, comandante-chefe da Marinha Imperial Japonesa. A partir de 1944, muitos P-38 foram utilizados na Europa para missões de ataque ao solo.
Publicado em 3 de Setembro de 2015 às 00:00
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