Eles passam despercebidos, mas sem eles o serviço de bordo moderno seria inviável e seu surgimento está relacionado ao 747 e a Pan Am
Introduzidos na década de 1960, com a chegada das aeronaves de grande porte, os carrinhos de serviço a bordo — conhecidos mundialmente como trolleys — tornaram-se elementos centrais na logística dos serviços de bordo. Seu uso permitiu que as tripulações atendessem, com mais agilidade e eficiência, a um número crescente de passageiros, acompanhando a evolução da aviação comercial.
Hoje, os trolleys são amplamente utilizados por companhias aéreas tradicionais e de baixo custo, em voos de curta, média e longa duração. A adoção do modelo atual coincidiu com a entrada em operação dos primeiros jatos widebody, como o Boeing 747, que realizou seu voo inaugural em 1969. Desenvolvido em conjunto com a Pan Am, o 747 inaugurou uma nova era na aviação ao transportar o dobro de passageiros por voo — o que exigiu soluções capazes de manter a eficiência dos serviços a bordo.
Antes do advento dos carrinhos, o serviço era feito manualmente e de forma personalizada, viável apenas porque os aviões levavam menos pessoas. Com o crescimento da demanda por transporte aéreo, tornou-se inviável manter esse modelo. Os trolleys surgiram então como uma resposta necessária à crescente escala das operações, permitindo agilidade e padronização no atendimento.
Atualmente, o mercado global de carrinhos de bordo é estimado em US$ 4,01 bilhões (R$ 22,9 bilhões) e deve alcançar US$ 5,59 bilhões (R$ 31,9 bilhões) até o final da década, de acordo com a consultoria The Business Research Company. A taxa de crescimento anual composta é de 7,2%, impulsionada por fatores como maior demanda por produtos premium, foco em sustentabilidade e padrões mais rigorosos de higiene a bordo. Entre os principais fabricantes estão Egret, Zodiac Aerospace e Diehl Stiftung & Co.
Apesar de sua ampla adoção, os carrinhos não são utilizados por todas as companhias. A norte-americana Southwest Airlines, por exemplo, adota um modelo de serviço simplificado, sem carrinhos, com o objetivo de reduzir peso e custos operacionais.
A decisão de utilizá-los depende de múltiplos fatores, incluindo a duração do voo, o tipo de aeronave e a estratégia de serviço de bordo da empresa. Além de sua importância operacional, os trolleys devem atender a normas internacionais rigorosas. Os requisitos incluem testes de resistência a impacto, estabilidade, fogo e emissão de fumaça, considerando sua proximidade com passageiros, tripulantes e saídas de emergência.
Para atender a essas exigências, os fabricantes têm investido em materiais compostos de última geração, que proporcionam maior leveza sem comprometer a robustez — um fator essencial para suportar o desgaste constante ao longo de múltiplas operações diárias.
Ainda que discretos na cabine, os carrinhos de serviço permanecem como peças-chave na engrenagem da aviação moderna, representando a evolução do setor na busca contínua por eficiência, segurança e conforto a bordo.
Por Marcel Cardoso
Publicado em 08/05/2025, às 09h47