Relatório preliminar indica que piloto desativou combustível dos dois motores do Boeing 787 segundos após a decolagem
Um piloto do voo AI171 da Air India pode ter desligado o fornecimento de combustível para os dois motores três segundos após a decolagem, provocando o desligamento em voo e o subsequente acidente. A informação consta no relatório preliminar divulgado no sábado (12) pela Agência de Investigação de Acidentes Aéreos da Índia (AAIB).
Dados da caixa-preta indicam que os motores No. 1 e No. 2 tiveram as chaves de combustível alteradas de “RUN” para “Cutoff” com apenas um segundo de intervalo após a decolagem do Boeing 787. A gravação de cabine registra o diálogo: “Por que você desligou?”, questiona um piloto. “Não fui eu”, responde o outro.
Até o momento, não há indícios de falha técnica, pane nos motores, ingestão de objetos ou risco externo que justifiquem a interrupção. AO Boeing 787, matrícula VT‑ANB, decolou normalmente de Ahmedabad, atingindo 155 kt (287 km/h) com peso dentro dos limites. As configurações de flap e potência estavam de acordo com os parâmetros padrão.
A perda de potência foi imediata, mas o Fadec retomou o controle do motor logo após o fornecimento de combustível ser reestabelecido, o que ocorreu em cerca de dez segundos. O motor 1 respondeu ao reinício, enquanto o motor 2 não recuperou totalmente a rotação e não pode gerar empuxo necessário. O corte de combustível acionou os sistemas de emergência, incluindo a RAT (Ram Air Turbine) e a partida automática da APU, e impediu a retração do trem de pouso.
Às 13h39min05s (hora local), a tripulação transmitiu um “mayday”. O controle de tráfego aéreo não obteve resposta subsequente e registrou o impacto quatro segundos depois, a 0,9 milha náutica (1,7 km) da pista. A aeronave colidiu com árvores e estruturas de um hospital, resultando na morte de 241 das 242 pessoas a bordo, além de outras 19 no solo.
A tripulação era composta por um comandante de 56 anos, com 15.638 horas de voo (sendo 7.800 no 787), e um copiloto com 3.403 horas totais (1.128 no 787). Até agora, não foi possível determinar responsabilidades diretas com base nos diálogos ou registros de voo.
A AAIB informou que a investigação está em estágio inicial e que registros adicionais estão sendo analisados. Nenhuma recomendação específica foi emitida até o momento para operadores do 787 ou para a fabricante dos motores GE GEnx‑1B.
A Air India declarou solidariedade às famílias das vítimas, mas evitou comentar o conteúdo do relatório enquanto as apurações estão em andamento.
Por Marcel Cardoso
Publicado em 14/07/2025, às 08h49
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