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Sabotagem não está descartada em queda de avião da Air India

Investigação sobre o acidente com o voo AI171 da Air India considera sabotagem e falha mecânica


Ministro da Aviação da Índia disse que sabotagem e falha simultânea dos motores estão entre as hipóteses investigadas. Companhia enfrenta críticas e atrasos em plano de renovação da frota - Divulgação
Ministro da Aviação da Índia disse que sabotagem e falha simultânea dos motores estão entre as hipóteses investigadas. Companhia enfrenta críticas e atrasos em plano de renovação da frota - Divulgação

As autoridades indianas investigam diversas hipóteses para o acidente com o voo AI171 da Air India, que deixou 260 mortos em 12 de junho. Entre as possibilidades, o ministro de Estado para Aviação Civil, Murlidhar Mohol, não descarta sabotagem nem falha simultânea dos dois motores.

Trata-se do primeiro acidente fatal com um Boeing 787 desde que o modelo entrou em operação, em 2011. Das vítimas, 241 estavam a bordo e 19 se encontravam em solo. O caso apresenta uma exceção rara: um único sobrevivente, cuja versão pode ser decisiva para esclarecer os momentos finais do voo.

O ministro disse à imprensa que todas as possibilidades estão sendo consideradas, incluindo falha mecânica, erro humano, colisão com aves e sabotagem deliberada. Imagens de câmeras de segurança dos últimos trinta dias no aeroporto de Ahmedabad (AMD) estão sendo analisadas, assim como registros de passaportes e movimentos de passageiros.

As caixas-pretas, gravador de voz da cabine e registrador de dados de voo, foram recuperadas e enviadas para o novo laboratório Aircraft Accident Investigation Bureau (AAIB) em Nova Delhi. A decodificação será feita inteiramente na Índia, com apoio técnico de agências dos EUA e Reino Unido. A previsão é que um relatório preliminar seja divulgado em até três meses.

Paralelamente, a Direção-Geral de Aviação Civil (DGCA) determinou a realização de uma auditoria em toda a frota de 33 Boeing 787 da Air India. A ação, no entanto, foi adiada devido às tensões geopolíticas entre Israel e Irã, que resultaram no fechamento de rotas aéreas no Oriente Médio.

Além da auditoria, a DGCA ordenou o afastamento de três funcionários seniores da empresa, responsáveis pela escala de tripulações, por violações graves de protocolo. O episódio reacendeu críticas nas redes sociais sobre os padrões de segurança da companhia.

A Air India, por sua vez, disse que a aeronave acidentada e seus motores tinham manutenção em dia. Segundo N. Chandrasekaran, presidente da empresa, os motores foram inspecionados em março e no ano anterior, e os pilotos eram experientes.

O ministro também mencionou o aumento significativo de ameaças de bomba falsas contra voos da Air India desde outubro de 2024, quando a companhia recebeu dez alertas em dois dias. Embora até o momento nenhum tenha se concretizado, a hipótese de atentado ganha relevância, caso se confirme que o AI171 foi alvo de sabotagem. Isso pode levar a mudanças regulatórias mais rígidas sobre como essas ameaças são tratadas.

Enquanto a investigação prossegue, a empresa lida com atrasos no seu programa de renovação da frota. Campbell Wilson, CEO da Air India, disse que quatro dos cinco fornecedores de assentos estão com entregas atrasadas, e um deles abandonou o contrato, comprometendo o cronograma de retrofit em até dois anos. Parte da frota do Boeing 787 foi retirada de operação para inspeções adicionais, o que pode afetar a continuidade do plano.

Os trabalhos de modernização estavam previstos para começar em julho, mas, diante do cenário atual, ainda não está claro se os prazos serão mantidos.

Por Marcel Cardoso
Publicado em 30/06/2025, às 09h22


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