Ao longo de seis mandatos Dianne Feinstein se notabilizou por sua guerra contra a CIA e o apoio irrestrito ao uso de drones armados
A senadora norte-americana Dianne Feinstein, que detinha o maior mantado entre as mulheres, faleceu hoje (29) aos 90 anos de idade. A parlamentar se notabilizou por batalha contra a CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos, sua forte oposição a indústria de armas e por apoiar o uso de drones armados contra alvos no exterior.
Filiada ao partido Democrata, Feinstein foi eleita prefeita de San Francisco, em 1978, permanecendo no cargo por dez anos. Na sequência, foi eleita senadora pelo estado da Califórnia em 1992, se mantendo o cargo até o dia de hoje, ao longo de seis mandatos consecutivos.
Ao longo dos mais de trinta anos como senadora presidiu o Comitê de Inteligência, entre 2009 e 2015, quando liderou uma a revisão do programa de detenção e interrogatório da CIA. Entre seus argumentos estava a estratégia adotada na condução dos interrogatórios no Iraque, considerados “muito mais brutais do que a CIA representou perante os decisores políticos e o público americano”, disse Feinstein.
O relatório final, divulgado em 9 de dezembro de 2014, incluía o nome e pseudônimo de centenas de agentes da agência, causando um grave mal-estar entre a comunidade de inteligência dos Estados Unidos. Entre os argumentos estava a exposição ao risco elevado de homens e mulheres que serviam a CIA e podiam agora ser rastreados por serviços rivais ou grupos terroristas.
Por outro lado, Feinstein apoiou abertamente os ataques com drones realizados pelos Estados Unidos contra alvos no exterior, dentro da chamada Guerra Secreta. O governo do então presidente Barak Obama fez amplo uso de extermínio de pessoas consideradas inimigas de Estado usando drones. Críticos afirmam que o uso dos drones armados infringiam uma série de leis internacionais e mesmo do próprio Estados Unidos. Ao assassinar pessoas no exterior o governo Obama teria retirado o direito a defesa ou qualquer julgamento prévio as vítimas. Além disso, os drones ingressavam em territórios soberanos sem autorização oficial.
Na ocasião Feinstein afirmou ao The New York Times que “Sinto que tenho a obrigação de fazer tudo o que puder para manter este país seguro”. Diversos opositores afirmaram que a senador agia de forma contraditória a sua gestão frente ao Comitê de Inteligência, quando acusou a CIA de realizar extermínios e torturas sem direito a defesa e julgamento.
A senadora nasceu como Dianne Emiel Goldman, a primeira de três filhas do cirurgião judeu Leon Goldman, com a ex-modelo Betty Rosenburg, de origem russa. Ao longo da infância frequentou, no ensino médio, o Convento do Sagrado Coração, uma escola católica frequentada pela elite social de San Francisco. Em 1955 obteve a graduação em história pela Universidade de Stanford. Foi casada três vezes, sendo que em 1962 casou-se com o neurocirurgião Bertram Feinstein, do qual adotou o sobrenome em sua carreira política. Após a morte do marido, em 1978, dois anos depois se casou novamente, com o banqueiro Richard C. Blum, seu atual marido.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 29/09/2023, às 14h12
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