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Sonho japonês

Avião japonês rival da Embraer tem projeto suspenso pela Mitsubishi

Cronograma atrasado em vários anos e crise gerada pela pandemia podem ser combinação fatal para o futuro do SpaceJet


Projeto do primeiro avião comercial a jato japonês poderá ser cancelado sem jamais ter entrado em serviço

Após mais de uma década de desenvolvimento, somando diversos atrasos constantes no cronograma, o projeto do SpaceJet, o primeiro avião comercial a jato japonês, poderá ser suspenso em definitivo.

De acordo com a imprensa japonesa, a Mitsubishi Heavy Industries estaria revendo seus planos orçamentários e poderá desistir do desenvolvimento do avião comercial regional, que tinha como um dos rivais os Embraer 175-E2. Até o momento o programa SpaceJet já consumiu mais de US$ 9 bilhões (aproximadamente R$ 50,8 bilhões) e não conseguiu vencer a fase de ensaios em voo.

O SpaceJet, originalmente batizado de Mitsubishi Regional Jet, começou a ser desenvolvido em meados de 2007, mas uma série de problemas consecutivos continuam atrasando a entrada e serviço do avião. A expectativa era ter entrado em serviço em meados de 2013, chegando ao mercado a frente dos rivais A220, atualmente da Airbus, e os E-Jet E2 da Embraer. Ainda que o projeto tivesse foco no mercado regional norte-americano, o SpaceJet jamais obteve um pedido firme de uma empresa dos Estados Unidos, registrando apenas uma opção de compra.

Enquanto a Mitsubishi não conclui os ensaios em voo para obtenção da certificação de tipo, por meio de um comunicado afirmou que está considerando muitas possibilidades e que continuará a revisar de perto o cronograma de desenvolvimento, considerando o impacto do coronavírus.

A crise causada pela pandemia do novo coronavírus impactou seriamente as perspectivas de mercado do transporte aéreo, levando as principais empresas aéreas do mundo rever seus planos de curto e médio prazo, incluindo a paralisação de centenas de aeronaves e o cancelamento e postergação de pedidos.

O fabricante japonês poderá cortar postos de trabalho dentro do Projeto SpaceJet, ficando com apenas 500 funcionários responsáveis pelo desenvolvimento e operações. Para deixar a situação mais desanimadora não há uma data estimada para a certificação de tipo, tornando mais dramática a situação do sonhado jato regional que colocaria o Japão no seleto grupo de países com uma indústria aeronáutica de destaque na aviação comercial.

Por Gabriel Benevides
Publicado em 26/10/2020, às 09h00 - Atualizado às 10h10


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