Um juiz do estado do Texas rejeitou um acordo feito entre a Boeing e o Departamento de Justiça dos EUA sobre o 737 MAX
Um juiz federal do estado norte-americano do Texas rejeitou o acordo judicial entre a Boeing e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) relacionado aos dois acidentes fatais envolvendo o 737 MAX, considerando-o insuficiente.
Ele previa que o fabricante se declarasse culpado de fraude criminal e pagasse uma multa de US$ 243 milhões (R$ 1,47 bilhão). No entanto, o juiz Reed O'Connor apontou preocupações com a independência e eficácia do monitor que seria nomeado para supervisionar o cumprimento dos termos.
“Essa é uma excelente decisão e uma vitória significativa para as famílias das vítimas. Esperamos uma renegociação substancial do acordo, incorporando termos realmente compatíveis com a gravidade dos crimes cometidos pela Boeing”, disse Erin Applebaum, sócia do escritório de advocacia que representa 34 famílias de vítimas do acidente do voo 302 da Ethiopian Airlines, que caiu em março de 2019.
O 737 MAX foi proibido de voar em todo o mundo após dois acidentes catastróficos que resultaram na morte de 346 pessoas. O primeiro deles ocorreu em outubro de 2018, com o voo 610 da Lion Air, e o segundo aconteceu cinco meses depois, com a aeronave da Ethiopian.
Investigações apontaram falhas no Sistema de Aumento das Características de Manobra (MCAS), um software de controle de voo projetado para evitar o estol da aeronave. Segundo os investigadores, o sistema era suscetível a dados errôneos vindos de sensores, o que podia levar o avião a inclinar o nariz para baixo de forma repetida, causando perda de controle.
A Boeing foi acusada de enganar reguladores e clientes aéreos sobre a segurança do 737 MAX. O DOJ conduziu uma investigação que resultou no acordo judicial proposto, o qual pretendia resolver o caso sem um julgamento criminal.
A rejeição do acordo judicial aumenta a incerteza para a empresa. O Departamento de Justiça norte-americano ainda não informou se vai recorrer da decisão. Caso o parecer do juiz seja mantido, o caso poderá avançar para julgamento, no qual a fabricante poderá enfrentar penalidades mais severas.
Os acidentes e a posterior proibição de voos do 737 MAX impactaram significativamente a reputação da Boeing. Desde então, a empresa tem implementado melhorias de segurança e trabalhado para restaurar a confiança do público em suas aeronaves. No entanto, os desafios regulatórios e legais continuam a afetar a empresa.
Por Marcel Cardoso
Publicado em 06/12/2024, às 08h22
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