Irã recebe cinco Boeing 777-200 driblando sanções internacionais e voando por rotas incomuns
O Irã voltou a driblar sanções internacionais e adquiriu cinco Boeing 777-200 por meio de rotas clandestinas e burlando sistemas de segurança para evitar rastreamento. Além de efetuar a compra por meios obscuros.
Os Boeing 777, agora em solo iraniano, serão supostamente destinados à Mahan Air, companhia aérea que há vários anos está sob sanções dos Estados Unidos e União Europeia.
Os aviões foram utilizados pela Singapore Airlines entre 2001 e 2019, depois operaram brevemente pela tailandesa NokScoot – extinta em 2020. Após cinco anos armazenados, os 777 reapareceram no aeroporto de Siem Reap, no Camboja, entre 4 e 15 de julho, antes de iniciarem uma rota de entrega clandestina para o Irã.
A plataforma de monitoramento de voos Flightradar24 registrou que uma das aeronaves, com matrícula 5R-HER, decolou de Siem Reap na última terça-feira (15), com o transponder ADS-B desligado sobre o espaço aéreo do Afeganistão, o que impediu o rastreamento da maior parte da viagem. Posteriormente, foi localizada em Mashhad, no Irã.
Essa estratégia tem sido repetida por Teerã. Em abril, dois Airbus A330-200 vindos de Omã chegaram a Teerã sem alertas internacionais. Em maio de 2023, dois A340-200 utilizados originalmente pela Força Aérea Francesa foram levados da Indonésia ao Irã após re-registro no Mali e voo fora do alcance dos radares da maioria dos países da África. Em 2024, dois A340 operados por uma empresa da Gâmbia partiram da Lituânia com destino declarado nas Filipinas, mas pousaram em aeroportos iranianos.
As sanções impedem a venda de aeronaves com mais de 10% de componentes fabricados nos Estados Unidos ou Europa para o Irã, afetando diretamente aviões da Boeing, Airbus e Embraer. Com isso, o país tem uma das frotas mais antigas do mundo. Em 2023, autoridades iranianas estimaram que apenas duzentas das 330 aeronaves registradas estavam operacionais.
Um breve alívio nas sanções ocorreu em 2016, com o acordo nuclear (JCPOA), permitiu que o Irã encomendasse jatos da Boeing, Airbus e ATR. No entanto, o acordo não foi efetivado após a reimposição das sanções em 2018. Desde então, o país tem mantido sua frota ativa por meio de canais alternativos, rotas desviadas e registros fictícios, sem enfrentarem consequências diretas das autoridades internacionais.
Um dos temores das autoridades ocidentais é que o Irã utilize engenharia reversa para acessar componentes críticos, como avançados sistemas de navegação, que podem ser replicados e adaptados para serem utilizados em mísseis de médio e longo alcance.
Por Marcel Cardoso
Publicado em 22/07/2025, às 13h42
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