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Helicóptero brasileiro

Presidente da Eurocopter enaltece centro de engenharia da Helibras durante inauguração da linha de montagem do EC725 e diz que a unidade está pronta para projetar e desenvolver uma aeronave 100% nacional


O presidente da Eurocopter, Lutz Bertling, fez questão de citar o centro de engenharia da Helibras durante a cerimônia de inauguração da linha de produção dos helicópteros militares EC725 e sua versão civil EC225, em Itajubá, no interior de Minas Gerais. O executivo mencionou especificamente o certificado obtido pela subsidiária brasileira, o Design Authorized Organization Certificate, que elevou o país ao posto de quarto pilar de engenharia do grupo europeu, juntamente com a França, a Alemanha e a Espanha. "Trata-se de um reconhecimento nível 1", enfatizou Bertling. "Estamos prontos para conversar com o governo brasileiro sobre o lançamento de um helicóptero de classe mundial totalmente projetado, desenvolvido e produzido no Brasil".

Durante a solenidade, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, chegou a dizer que o novo helicóptero seria "o substituto do Esquilo", referindo-se ao monoturbina leve Eurocopter AS 350 Ecureuil, produzido no Brasil desde 1980. Mas, após o corte simbólico da fita, tanto Lutz Bertling quanto o próprio presidente da Helibras, Eduardo Marson, desmentiram essa informação. A previsão é a de que o helicóptero brasileiro chegue ao mercado em meados de 2020. "O número de engenheiros em nosso centro cresceu de nove em 2009 para 70 em 2012. Queremos chegar a 100 até o fim do ano", planeja Marson.

A inauguração do hangar construído pela Helibras para abrigar sua segunda linha de montagem de helicópteros serviu de pretexto, ainda, para a assinatura de um memorando de intenção de compra de 14 unidades do EC225 pela também mineira Líder Taxi Aéreo. "É um helicóptero com autonomia e capacidade de carga compatível com as operações no pré-sal", destacou Marson. "A Petrobras espera incorporar nos próximos anos pelo menos 100 aeronaves para as missões offshore em suas plataformas oceânicas de petróleo. Queremos ter uma participação importante nesse mercado".

Além do chamado "óleo e gás", outro vetor de crescimento para a Helibras é a área de manutenção, com suporte para aeronaves novas e para os mais de 600 helicópteros já entregues no Brasil desde a vinda da Helibras para o país. "Criamos uma vice-presidência para integrar os serviços e recuperar a fábrica onde produzíamos o Esquilo para o atendimento MRO, o que inclui a modernização do Pantera e do próprio Esquilo", explica Marson.

Corte simbólico da fita do novo hangar em Itajubá, em Minas Gerais, reuniu autoridades federais e estaduais: exemplar de número 17 sairá da fábrica 50% nacionalizado

A nova fábrica da Helibras, que produzirá a maior parte dos 50 helicópteros EC725 encomendados pelas Forças Armadas do Brasil à Eurocopter em 2008 - dos quais quatro já foram entregues -, está em plena operação. O programa integra a Estratégia Nacional de Defesa (END) e prevê a crescente nacionalização de peças, partes e sistemas conforme o acordo de transferência de tecnologia. O ponto de inflexão desse processo será a fabricação do 17º EC725 em Itajubá. "Nessa etapa, o helicóptero já terá um índice de 50% de nacionalização", promete Marson. Atualmente, fazem parte da cadeia de fornecedores 14 empresas brasileiras, que não só produzem partes e peças como também prestam serviços. O investimento total do projeto é de R$ 420 milhões, que contempla as instalações físicas, os programas de treinamento no Brasil e na França, e todas as obras e inovações necessárias à produção dos helicópteros. Os próximos helicópteros que serão finalizados no Brasil já se encontram em Itajubá, entre eles, o exemplar que servirá de modelo para o desenvolvimento e a integração de sistemas, tornando-se o primeiro a passar integralmente pela nova linha de produção. A Helibras promete entregar o lote completo até 2017.

O EC725, derivado da experimentada família Super-Puma/Cougar, é um biturbina médio da classe de 11 toneladas que acomoda dois pilotos e até 28 combatentes. Ele possui motores Turbomeca Makila 2A1 equipados com duplo canal no sistema FADEC (Full Authority Digital Engine Control), cruza a até 262 km/h e alcança 808 km. Já o EC225, indicado para uso offshore, transporta entre 19 e 25 passageiros, além dos dois pilotos. Porém, em sua configuração VIP, costuma sair de fábrica com capacidade para 10 a 14 ocupantes. No Brasil, existem 14 unidades EC225 operando nas bacias de Santos e de Campos, em São Paulo e no Rio, respectivamente. Ele tem velocidade máxima de cruzeiro de 324 km/h e alcance de 820 km.

Giuliano Agmont, De Itajubá
Publicado em 21/11/2012, às 15h20 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45


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