AERO Magazine
Busca

Segurança de Voo

Há 10 anos, o copiloto trancou a cabine e derrubou o voo 9525 da Germanwings

Os dez anos do acidente envolvendo um Airbus A320 da Germanwings, que vitimou fatalmente as 150 pessoas a bordo


Relatório apontou que copiloto apresentava transtorno mental com sintomas psicóticos - Divulgação
Relatório apontou que copiloto apresentava transtorno mental com sintomas psicóticos - Divulgação

O acidente com o voo 9525 da companhia aérea alemã de baixo custo Germanwings completa dez anos hoje (24). O Airbus A320, decolou de Barcelona, na Espanha, com destino a Düsseldorf, na Alemanha, mas colidiu com os Alpes Franceses, próximo a Nice, matando todos os 150 ocupantes a bordo.

As investigações revelaram que o desastre foi provocado de forma deliberada pelo copiloto, Andreas Lubitz. Ele aproveitou a ausência momentânea do comandante, que deixou o cockpit possivelmente para ir ao banheiro, trancou a porta e desativou o sistema de abertura por senha, impedindo o acesso externo. Sozinho nos controles, iniciou uma descida constante até atingir as montanhas.

Um voo de rotina

O voo partiu de Barcelona às 10h e atingiu a altitude de cruzeiro FL380 (38 mil pés) exatamente 27 minutos depois. O último contato via rádio foi registrado às 10h30, quando a tripulação recebeu autorização para seguir diretamente ao ponto de navegação IRMAR. Um minuto depois, ao cruzar a costa leste francesa, próximo a Marselha, o avião começou a perder altitude.

O radar secundário de Marselha registrou a última posição da aeronave às 10h40, voando a apenas 6.175 pés. O impacto ocorreu em uma encosta íngreme nos Alpes Franceses, a cerca de 1.500 metros de altitude (4.920 pés).

O relatório final do Bureau d’Enquêtes et d’Analyses (BEA), órgão francês responsável por investigar acidentes aéreos, concluiu que Lubitz sofria de transtornos mentais com sintomas psicóticos. Mesmo possuindo um laudo médico que o considerava inapto a voar, falhas no sistema de aviação civil alemão impediram que as autoridades ou a companhia aérea fossem informadas. O copiloto continuou exercendo normalmente suas funções.

A investigação apontou ainda uma série de fatores que contribuíram para a tragédia:

  • O medo do copiloto de perder a licença caso relatasse problemas psiquiátricos a um médico credenciado;
  • A ausência de um seguro que cobrisse a perda de renda por inaptidão para voar;
  • A falta de diretrizes claras na legislação alemã sobre quando o sigilo médico pode ser quebrado diante de ameaças à segurança pública.
  • Outro ponto crucial foi o reforço das portas da cabine de comando, introduzido após os atentados de 11 de setembro. O sistema, projetado para impedir invasões externas, acabou impedindo que outros tripulantes retomassem o controle do avião antes da colisão.

A Germanwings encerrou suas atividades em abril de 2020, como parte de uma reestruturação do Lufthansa Group motivada pelos impactos da pandemia de covid-19, que reduziu drasticamente a demanda por voos comerciais.

Histórico da aeronave

O Airbus A320,matrícula D-AIPX, havia sido incorporado à frota da Lufthansa em 1990. Em 2003, foi transferido para a Germanwings, retornou à Lufthansa em 2004 e foi novamente designado à subsidiária de baixo custo em 31 de janeiro de 2014. No momento do acidente, acumulava 58.300 horas de voo e 46.700 ciclos.

Por Marcel Cardoso
Publicado em 24/03/2025, às 10h05


Mais Notícias