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Farnborough 2012

Emergência oriental

Com a crise nos mercados maduros, fabricantes e operadores de países da Ásia-Pacífico e do Médio Oriente ganham visibilidade no maior salão aeroespacial do mundo


Foto: Divulgação

Em clima olímpico, a edição de 2012 do Salão Internacional de Aeronáutica de Farnborough (FIA), realizado nos arredores de Londres, movimentou um total de US$ 7,2 bilhões em negócios. Os organizadores registraram encomendas e intenções de compra de 758 aeronaves, um aumento de 53% em relação à feira de 2010 e um resultado comercial parecido com o de 2008. Apesar do difícil contexto econômico na Europa, o evento reuniu pelo menos 1.500 expositores numa área de 107.498 m², com mais de 70 delegações militares de 46 países, além de 13 delegações do setor civil, e cerca de 140 aeronaves na mostra estática. Destaque para o Boeing 787 Dreamliner, que voou nos três primeiros dias, e o Airbus A380, que decolou durante toda a semana. Flanqueada por eles estava uma réplica da nave espacial Virgin Galactic, pela primeira vez mostrada ao público em Farnborough. Entre visitantes profissionais e o público em geral, que teve acesso ao evento nos últimos três dias, passaram pelo Farnborough Air Show, em julho último, mais de 250 mil pessoas.

O tempo das grandes encomendas pode ter ficado para a história, mas a rivalidade entre Boeing e Airbus permanece soberana no maior evento aeronáutico do mundo com agressivos anúncios para os remotorizados aviões de um corredor, o 737 MAX e o A320neo. Contudo, houve sinais de que o quase duopólio na produção de aviões comerciais tende a não durar para sempre e, como desafiantes, japoneses e chineses apresentaram sucessos marcantes. Paralelamente, o ritmo de inovações no setor de helicópteros ficou evidente em uma série de projetos emergentes e os fabricantes de defesa mostraram produtos novos, apesar dos cortes orçamentários.

Entre as atrações dessa edição do FIA esteve a entrega oficial da primeira das 60 unidades do Boeing 787 Dreamliner encomendadas pela Qatar Airways. Para marcar o feito, a Boeing decidiu fazer uma demonstração em voo do aparelho. Foi a primeira vez, em 20 anos, que um avião comercial do construtor americano participou de uma exibição aérea.

Farnborough continua a ser um dos eventos mais interessantes do mundo para se assistir, e isso apesar das desistências de última hora, como a do Airbus A400M Grizzly, que não voou por conta de problemas de motor, e a ausência dos membros da equipe russa de acrobacia aérea, que tiveram problemas com vistos. Para o Brasil, a melhor notícia do Farnborough International Airshow foi que a Azul Linhas Aéreas e a Trip Linhas Aéreas ganharam o título de bicampeãs do Skytrax World Airline Awards 2012, nas categorias de "Melhor Companhia Aérea Low-cost" e "Melhor Companhia Aérea Regional" para a América do Sul, respectivamente. A premiação é uma das mais reconhecidas no mundo como referencial de excelência no setor aéreo.

Para chegar ao resultado, a consultoria especializada realizou uma pesquisa de satisfação com mais de 18 milhões de clientes, de companhias aéreas em mais de 100 países. O levantamento inclui a avaliação de 284 empresas do setor, desde as grandes companhias internacionais até as médias e as de pequeno porte. É importante lembrar que a Azul e a Trip realizaram recentemente uma fusão, com a participação de 66,5% e 33,5%, respectivamente, com a intenção de criar uma terceira empresa ainda mais forte, e que cada uma delas continuará a operar com as suas próprias identidades.

JATOS COMERCIAIS
Mesmo após oito anos de desenvolvimento, atrasos e tentativas de recuperação, a Boeing ainda não está totalmente pronta para dividir os holofotes dos atuais 787 com outro programa de widebody. "O 787-10X está quase chegando ao ponto de decidirmos ir em frente com o programa, que completará uma família de três aeronaves", disse Ray Conner, presidente e CEO da Boeing Commercial Airplanes. A Boeing gosta de considerar o 787-10X como a situação ideal de qualquer fabricante: um pequeno risco que possivelmente trará uma grande recompensa. "Esse avião é bastante simples", diz Conner. "O 787- 10X apenas acrescenta um anel à fuselagem e aumenta a capacidade de carga paga da célula do 787-9, sacrificando apenas uma aceitável quantidade de alcance e tornando- o ideal para conexões entre a Europa e o Oriente Médio e entre os Estados Unidos e a Europa".


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O mais recente produto de corredor único da Boeing, o 737 MAX, entrou este ano no principal evento da indústria com grandes expectativas. O fabricante de Seattle não faz segredo de que nem ele nem os seus clientes esperam shows aéreos como Farnborough para anunciar as suas encomendas - uma iniciativa de marketing mais comumente associada ao seu concorrente europeu. Ao mesmo tempo, a Airbus tinha apostado na liderança com o A320neo, o primeiro a ser comercializado, com quase metade de seus pedidos firmes ou com cartas de intenção assinadas no show do ano passado em Le Bourget.

BOEING FEZ DE FARNBOROUGH PLATAFORMA PARA O 737 MAX E DIZ QUE ESTÁ QUASE CHEGANDO AO PONTO DE DECIDIR IR EM FRENTE COM O PROGRAMA O 787-10X

Mesmo que a Boeing não tivesse intenção de fazer de Farnborough uma plataforma para o 737 MAX para enfrentar o seu concorrente na corrida pelas encomendas, o seu desempenho nas vendas se mostrou praticamente esmagador, com 280 aeronaves solicitadas. Esse número de pedidos firmes começou com a cerimônia de assinatura da United Airlines para compra de 100 aeronaves realizada em Chicago, junto com as 75 encomendas firmes da Air Lease Corp. Após acrescentar o pedido de 23 jatos 737 MAX feito pela Virgin Atlantic, na véspera do Farnborough Air Show, os pedidos da Boeing chegam agora a 659, com mais de 1.200 compromissos de compra de pelo menos 18 clientes, muitos dos quais continuam não identificados.

Onze meses após a Boeing ter autorizado o programa do 737 MAX, o fabricante revelou dois dos mais críticos detalhes à equação de desempenho dos aviões comerciais. O alcance aumentou entre 740 km e 1.000 km, mas, em contrapartida, o peso máximo de decolagem diminuiu entre 2.270 kg e 3.180 kg para cada uma das três variantes.

Acrescentar centenas de encomendas de uma aeronave que só entrará em serviço daqui a cinco anos é uma importante realização, mas ainda não pode se comparar às 1.429 encomendas firmes do Airbus A320neo, que entrará em serviço dois anos antes.

A China Aircraft Leasing Company, a CIT Group Inc. e a Cathay Airways encomendaram um total de 56 aviões à Airbus durante o salão aeronáutico de Farnborough e, em comunicado, a Airbus diz que a China Aircraft Leasing Company (CALC), companhia de leasing sediada em Hong Kong, assinou um acordo de intenção para a aquisição de 36 aviões da família A320, incluindo oito do modelo A321, o maior avião da família, e permitirá aos operadores escolherem sharklets, os novos dispositivos aerodinâmicos da Airbus que permitem reduzir o consumo de combustível. Atualmente, a CALC tem uma carteira de 11 aviões Airbus, que inclui cinco A320, cinco A321 e um A330. Além disso, tem encomendados três A330 e cinco A320. Com esse novo acordo, a frota de aviões Airbus da CALC contará com mais de 50 unidades.

Há vários anos, a guerra comercial entre a Boeing e a Airbus domina as atenções nos salões aeronáuticos. Desta vez, porém, a competição tem um significado especial, já que a Airbus acaba de anunciar a abertura de uma fábrica nos Estados Unidos para produzir o A320neo. Um desafio que parece transcender à concorrência industrial.

O consórcio europeu obteve mais 50 encomendas de outros modelos e assinou cartas de intenção para mais 60 jatos. A Airbus rejeita, também, os boatos de atrasos no programa do A350, e disse que foi "um bom salão", depois de a Boeing ter dominado os primeiros dias do evento. A Cathay Pacific redesenhou as linhas da batalha de rivalidade do bijato transatlântico "grande", dando um muito aguardado voto de confiança ao programa do A350-1000, com uma encomenda de 26 aeronaves desse modelo.

Fabrice Brégier, CEO da Airbus, afirma que o bijato encomendado pela companhia aérea baseada em Hong Kong possui as mesmas especificações da aeronave apresentada no Paris Air Show do ano passado, após uma importante reformulação. "Não mudamos nada para a Cathay", disse Brégier. "E nem pretendemos mudar". O CEO da Cathay, John Slosar, disse que a capacidade da aeronave de voar 15.550 km lhe permitirá "conectar Hong Kong com mais cidades importantes ao redor do mundo". Essa encomenda proporciona à Airbus a munição necessária para combater as objeções dos clientes a respeito do -1000 antes das mudanças, principalmente da Emirates e da Qatar Airways, que já falam entusiasticamente a respeito da proposta do Boeing 777X.

A Airbus também tem lidado sistematicamente com clientes do A380 afetados pela questão das rachaduras nas asas, mas seu principal cliente, a Emirates, está agora satisfeito com os progressos. Outras, nem tanto. O fabricante divulgou pesadamente o seu superjumbo durante o show, com demonstrações de voo diárias, na tentativa de se recuperar dos atuais problemas das asas. A Qatar Airways e a British Airways deverão receber seus primeiros aviões no próximo ano, e ambos já expressaram a sua irritação com os problemas das rachaduras nas asas, o que forçará uma delas a sofrer um significativo atraso no seu cronograma.

O fabricante chinês COMAC confirmou que o cronograma de entregas do jato regional ARJ21 sofreu uma alteração. O vice-presidente financeiro da empresa, Tian Min, disse que a entrega do primeiro avião à companhia aérea de lançamento, a Chengdu Airlines, deve acontecer no final de 2013, e não dois anos antes, como estava previsto. Contudo, a COMAC acredita que o desenvolvimento do modelo regional está de volta aos trilhos e espera receber as certificações da US Federal Aviation Administration e da Civil Aviation Administration da China.


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Foto: Divulgação
Dreamliner da Qatar Airways

Já a japonesa Mitsubishi Aircraft deu um susto nos seus principais rivais na área de jatos regionais, a Embraer e a Bombardier, após divulgar uma intenção de compra por parte da SkyWest Airlines para 100 Mitsubishi Regional Jet. A Skywest, que opera a Skywest Airlines e a ExpressJet Airlines concordou, em princípio, em adquirir 100 MRJ 90 para 90 passageiros, equipados com motores Pratt & Whitney PW1200G, com a opção de poder trocá-los pela variante MRJ 70 com 70 assentos. O anúncio, envolvendo um dos maiores operadores regionais dos Estados Unidos, fez cair o preço das ações da Bombardier, dando um impulso vital à credibilidade do programa japonês. O presidente da Mitsubishi, Hideo Egawa, está esperando a confirmação da encomenda, e as entregas deverão começar em 2017. Enquanto isso, a Embraer anunciou que a Hebei Airlines, da China, adquiriu mais cinco jatos Embraer 190, para serem entregues até o final de 2013. O valor total do negócio, pelo preço de lista, é de US$ 226 milhões. O acordo, divulgado durante o Show Aéreo Internacional de Farnborough, foi registrado pela Embraer nos pedidos firmes em carteira a entregar no segundo trimestre de 2012. "A aprovação do governo chinês para a Hebei Airlines adquirir mais cinco Embraer 190 indica a confiança no desempenho e na contribuição dos E-Jets para o desenvolvimento da indústria da aviação da China", disse Paulo César de Souza e Silva, presidente da Embraer Aviação Comercial. "Os E-Jets são líderes de mercado nesse segmento na China e são reconhecidos pela sua versatilidade e apelo junto aos passageiros, e ajudarão à Hebei Airlines a expandir sua rede, explorando novos mercados e acrescentando frequências nas rotas existentes".

A Embraer tem mais de 60 E-Jets 190 em serviço na China, onde o avião entrou no mercado em 2008. A previsão do fabricante é a de que 1.005 jatos de até 120 assentos entrem no mercado chinês nos próximos 20 anos.

A Bombardier Aerospace encerrou uma semana de sucesso no Farnborough Air Show 2012, onde teve a oportunidade de se conectar com clientes de aviões comerciais de todo o mundo, e anunciou compromissos de compra para aeronaves Q400 NextGen, CRJ e CSeries. "Chegamos a Farnborough num ótimo momento, após um sólido primeiro semestre, e estou contente com o sucesso que tivemos durante a semana", disse Guy C. Hachey, presidente e CEO da Bombardier Aerospace.

O fabricante canadense mantém a inabalável convicção a respeito do progresso e das perspectivas do seu jato de um corredor CSeries, apesar de não ter conseguido nem uma encomenda firme em Farnborough e da emergência pré-show provocada pelos problemas com sua cadeia de suprimentos. A Bombardier anunciou 35 intenções de compra do CS100 para 100 passageiros e do CS300 com 130 assentos, feitas pela Air Baltic e um cliente não divulgado, e fez progressos na finalização já anunciada da intenção de compra feita pela Ilyushin Finance. Mas embora isso tenha representado um leve empurrão ao programa, as encomendas firmes permanecem paradas em 138 unidades.

TURBO-HÉLICES COMERCIAIS
A Jazz Aviation entrou para as manchetes ao anunciar que incluiu sua frota de aeronaves Q400 NextGen no programa de proteção de custos Smart Parts da Bombardier, com a empresa aérea sendo a quinta "grande" do mundo a assinar um contrato de longo prazo de Smart Parts para a sua frota de aeronaves Q400 nos últimos meses. A Bombardier ainda está pensando em uma renovada versão de 90 assentos do seu turbo-hélice Q400, mas está aguardando o desenvolvimento de motores avançados, antes de se comprometer com um novo programa de desenvolvimento.

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Réplica da nave espacial Virgin Galactic, pela primeira vez mostrada ao público em Farnborough

Sam Cherry, diretor de Produtos da Aviação Comercial da Bombardier, disse que os clientes querem uma versão maior do seu veloz turbo-hélice regional, "mas dizem que não querem nada cujo desempenho não seja melhor que o do avião atual". Ele acredita que a sua rival, a ATR, não produzirá logo uma versão maior do seu 72-600, em função da localização do trem de pouso da aeronave.

Já a ATR disse que deverá apresentar aos seus acionistas os planos para um turbo-hélice para 90 passageiros até o final deste ano. Durante a coletiva de imprensa, Filippo Bagnato, CEO da ATR, afirmou que a sua empresa está liderando o setor do mercado regional de aviões com até 90 lugares. Com mais de 200 aviões na sua carteira de pedidos, o fabricante de turbo-hélices é atualmente responsável por dois terços de todos os aviões regionais que serão entregues na faixa dos 50 a 90 assentos.


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De acordo com Filippo Bagnato, "o mercado de aviação está se tornando cada vez mais segmentado. Os turbo-hélices com até 90 assentos estão ocupando uma posição de mercado cada vez mais dominante, e a ATR está bem à frente nessa corrida. Os aviões a hélice representam atualmente 80% das carteiras de pedidos de aviões com até 90 assentos".

Durante o show na Inglaterra, a ATR consolidou a sua posição como líder no mercado de turbo-hélices, obtendo 32 encomendas para os seus modelos 42-600 e 72-600, restabelecendo a distância que a separava da Bombardier - antes do show, o fabricante canadense havia obtido 35 encomendas, algumas delas da Eurolot, que é operadora de aviões ATR.

AERONAVES MILITARES
A busca da Embraer por uma negociação com a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) por 20 aviões leves de apoio aéreo tático (LAS) foi impulsionada por um novo acordo de cooperação assinado com a Boeing. Por ele, a companhia norte-americana integrará armas de ataque, incluindo as suas séries JDAM no A-29 Super Tucano, do fabricante brasileiro, informou Dennis Muilenburg, presidente da Boeing Defense, Space and Security.

A Embraer e a Sierra Nevada haviam sido escolhidas no ano passado para fornecer 29 aeronaves armadas A-29, que seriam usadas pela Força Aérea do Afeganistão, derrotando o AT-6 apresentado pela Hawker Beechcraft e a Lockheed Martin. Porém, após um recurso, a USAF lançou uma nova concorrência.

Mas esse não foi o caso da Força Aérea da Indonésia, que assinou um contrato comercial de um segundo lote de oito aviões turbo-hélices de ataque leve e treinamento tático A-29 Super Tucano. O pedido inclui ainda um simulador de voo, que será utilizado para instrução. A Indonésia recebe os primeiros quatro aviões neste ano e as entregas do segundo lote acontecem em 2014.

Já nos Estados Unidos, enquanto a US Navy moderniza os Boeing F/A-18E/F Super Hornet Block II com o radar aerotransportado de varredura eletrônica (AESA) Raytheon APG-79, mais sensores de varredura mecânica APG-73 estarão disponíveis para substituir os obsoletos APG-65 instalados nos modelos A a D Hornet. Mas nem todos os Hornet podem ser equipados com o APG- 79. Para os aviões mais antigos, do Block I, a Marinha dos Estados Unidos poderia equipá-los com o Radar Avançado de Combate AESA, da Raytheon.

Chegado da Suécia, o demonstrador do Gripen de nova geração esteve no Farnborough Air Show equipado com um novíssimo radar ativo de varredura eletrônica, cuja tecnologia é um elemento fundamental para o sucesso do fabricante sueco na oferta que está sendo feita à Força Aérea Suíça. E, ainda na Europa, o programa recebeu um importante impulso em Farnborough, com a confirmação de que as quatro nações associadas no seu projeto concordaram em introduzir mais um lote de modernizações na aeronave, que incluirá um radar AESA, uma avançada suíte do subsistema defensivo, e mais um desenvolvimento das capacidades ar-ar e ar-terra e a integração de novas armas para melhorar a sua capacidade multifunção. Os sistemas a serem integrados incluirão mísseis ar-ar, além do alcance visual Meteor, da MBDA, e bombas guiadas de precisão Paveway IV, da Raytheon.

Quanto ao Airbus A400M, a Airbus Military poderá logo reiniciar os testes do programa de desenvolvimento da aeronave, após uma interrupção relacionada aos motores, o que impediu o avião de transporte, recém-nomeado Atlas, de participar das demonstrações de voo em Farnborough. Presente apenas na exposição estática, a aeronave de desenvolvimento MSN6 havia completado cerca de 160 horas de um período planejado de 300 horas de testes intensivos, em apoio às atividades de certificação do modelo civil do A400M, quando aparas de metal foram detectadas dentro de um dos motores Europrop International (EPI) TP400-D6.

HELICÓPTEROS
A Sikorsky Aircraft, fabricante de helicópteros da United Technologies, anunciou que tem grandes reservas de pedidos internacionais e vê boas oportunidades em países como Brasil, Índia, Turquia, China e México. Mick Maurer, que assumiu como presidente da empresa em 1º de julho, afirmou que as receitas devem ficar estagnadas durante alguns anos devido ao corte de gastos militares nos Estados Unidos e ao fato de que várias grandes encomendas do exterior não devem ser entregues até 2014. Maurer disse que a empresa controladora, que está vendendo várias unidades, continua compromissada com a Sikorsky, apesar do anunciado corte de gastos dos EUA com defesa. Ele afirmou que não há planos para a venda da companhia.

Durante o Farnborough Air Show, a italiana Agusta Westland anunciou vendas e pedidos de helicópteros para países de todo o mundo, além da assinatura de contratos para programas. Na lista de países estão Itália, Japão, Rússia, EUA, Canadá, Austrália e Reino Unido. No total, foram negociadas ou tiveram intenção de compra mais de 90 aeronaves dos modelos AW139, AW169, AW189 e AW159 Wildcat.

Foto: Divulgação

Os visitantes da feira foram testemunhas do primeiro retorno do transporte de rotores basculantes Bell Boeing MV-22 Osprey do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC), depois de 2006. A Bell Boeing e o USMC estão tentando atrair clientes para exportação. "Estamos trabalhando oficialmente com vários países", disse uma fonte oficial do fabricante.

Já a suíça Ruag, fabricante e empresa de manutenção, levou para exposição estática em Farnborough o primeiro de uma série de 15 helicópteros AS332 Super Puma, que está modernizando para a Força Aérea do seu país. A aeronave de 20 anos foi recentemente "re-entregue", e o último helicóptero será recebido pela Força Aérea Suíça em 2014.

BOMBARDIER E EMBRAER GANHAM UM CONCORRENTE DE PESO NO MERCADO DE JATOS REGIONAIS, A MITSUBISHI, QUE DIVULGOU A VENDA DE 100 AVIÕES PARA A SKY WEST

Enquanto isso, o Ministério da Defesa britânico anunciou formalmente a entrega do seu último helicóptero AgustaWestland Lynx Wildcat, e anunciou a assinatura de um contrato de apoio e treinamento de US$ 390 milhões para o programa. O fabricante também promoveu o AW159, um Lynx de nova geração, e já há vários países interessados. A aeronave poderá operar na Dinamarca e na Coreia do Sul até 2044.

Os russos foram com força total a Farnborough, para reforçar o seu mercado de helicópteros civis, fazendo o debute internacional da sua aeronave multifunção de médio porte Kamov Ka-62 e a apresentação na Inglaterra do Mil Mi-171A2, uma evolução da bem-sucedida série Mi-8/17.

Também no show foi mostrado o novo helicóptero leve Mi-38 Ansat e uma modificação para busca e salvamento do Ka-32A11BC. O Ka-62, uma versão comercial do Ka-60, apresentou um novo rotor de cauda totalmente carenado, além da célula e as pás do rotor feitas de polímero/ compósitos, com o qual foi obtida uma redução de peso de 60%.

As condições do tempo ajudaram e os show aéreos, tanto das aeronaves expostas quanto das atrações especiais, como a esquadrilha acrobática Red Arrows e os aviões clássicos da Breitling, ajudaram a dar um colorido especial à mais importante feira de aviação do mundo.

Santiago Oliver/ | Fotos Divulgação
Publicado em 04/09/2012, às 12h28 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45


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