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NBAA 2013

De volta à velocidade de cruzeiro

Principais fabricantes já trabalham com a expectativa da recuperação dos negócios nos Estados Unidos e o Brasil mantém a proa com boas perspectivas de compra de jatos executivos


Interior do Falcon 5X
Interior do Falcon 5X

Para quem acompanhou pessoalmente as últimas convenções da ­National Business Aviation Association, a edição de 2014 revelou-se uma surpresa positiva, como bem salientou o presidente da NBAA, Ed Bolen, em entrevista a AERO: “A NBAA este ano é sobre o futuro da aviação executiva nos Estados Unidos e no mundo”. Sem dúvida, todos querem olhar para frente, para um mercado que já teria superado o pior da crise. Há importantes diferenças entre as previsões, mas todas apontam para números robustos, com mais de 9.250 novos jatos vendidos entre 2013 e 2023, e um faturamento superior a US$ 250 bilhões. É claro que nem tudo é céu de brigadeiro. O próprio Ed Bolen reconhece os problemas oriundos do “shutdown” do governo norte-americano e o quanto o impasse político nos EUA adicionou um componente extra de imprevisibilidade ao mercado.

O Brasil se descolou dos Brics e, embora esteja por baixo quando o tema é o crescimento econômico em geral, está na crista da onda ao se falar de aviação executiva. Pelo menos é o que aponta a pesquisa da Honeywell, realizada pelo 27º ano com 1.500 operadores de aviação executiva em todo o mundo. A Europa continua amargando os resultados da crise, sem previsão de uma virada. E, enquanto Índia e Rússia andam para trás e China diminui o ritmo, o Brasil segue firme e forte.

Rob Wilson, presidente de Aviação da Honeywell, colocou o Brasil como único país que conjuga ao mesmo tempo frota e crescimento significativos e, mais do que isso, com a mais alta intenção de aquisição de aeronaves executivas em todo o mundo. Um percentual de 42% dos entrevistados da América Latina disseram que planejam adquirir novas aeronaves nos próximos cinco anos e, destes, surpreendentes 50% planejam fazer isso antes do fim de 2015.

Embraer Legacy 450

Embraer Legacy 450 e seu mock-up (abaixo)

Na rota de São José dos Campos

Mas o trade não aproa apenas os usuários de aviação executiva quando traça seu plano de voo para o Brasil. Para quem conversa pelos corredores da NBAA, Rio de Janeiro e São Paulo vêm em distante 2ª posição entre as cidades brasileiras mais cobiçadas, muito atrás de São José dos Campos, o que não se deve aos atrativos turísticos da região. Como se sabe, o motivo que atrai essa horda de homens de negócios para o Vale do Paraíba é outro. A Embraer, aliás, decidiu surpreender na NBAA deste ano. Além da apresentação de sua frota completa, incluindo mock-up do Legacy 450, o fabricante brasileiro anunciou que Marco Túlio Pellegrini, seu atual COO, assumirá a presidência da Embraer Executive Jets no lugar de Ernest “Ernie” Edwards ao fim deste ano. Ernie e Marco Túlio trabalham juntos há anos e, durante o anúncio, Ernie ressaltou que, quando começaram em 2002, ficavam “torcendo para vir gente na coletiva de imprensa e que agora precisam de uma sala ainda maior” ao se desculpar às dezenas de pessoas que ficaram em pé durante a coletiva oficial da Embraer. Apesar da simpatia (que os amigos Ernie e Marco Túlio têm de sobra), foi o profissionalismo de uma Embraer que fez a sala lotar e ajuda a encher os quartos de hotel de São José dos Campos. Afinal de contas, a Embraer Executive Jets saiu do nada para uma das “big five” em bem menos de uma década, com mais de 630 jatos em 60 países. 

Em conversa exclusiva, o futuro presidente da Embraer Executive Jets contou a AERO que o sentimento geral é o de que os olhos do mundo continuam atentos ao que acontece no mercado americano (que tem 66% da frota mundial): “China, Índia e Rússia perderam ritmo, o Brasil está bem, mas a grande esperança é o mercado americano e este shutdown não ajudou em nada”. Apesar de cauteloso, Marco Túlio Pellegrini ressalta que as condições econômicas mundiais estão positivas para a aviação executiva. “O lucro das corporações terá novo recorde anual em 2013 e também há aumento dos  ­high-net-worth individual (HNWI) por todo o mundo”.

Novo jato  da Dassault
Novo jato da Dassault vai custar US$ 45 milhões

Indagado sobre o seu desafio à frente da companhia, o executivo responde que será “crescer em vendas e faturamento, com rentabilidade”, mas, como um autointitulado “cara que veio da produção”, cobra se já vimos o mock-up do 450. E não é para menos, o Legacy 450 promete surpreender os consumidores de midlight jets. Além de sua performance que aumentou 370 km (200 milhas náuticas) além da previsão inicial, alcançando agora 4.640 km (2.500 mn) com 4 passageiros, o novo avião apresentou inúmeras inovações na cabine de passageiros, algumas delas patenteadas pela Embraer, no desenvolvimento da aeronave, conforme destaca Jay Beaver, responsável pelo novo interior do 450. A interatividade e a conectividade ganharam especial atenção e o design dos controles encanta, além de só ficarem à vista quando necessários. Outro aspecto que salta aos olhos no mock-up é o lançamento do HSG-3500 da Rockwell Collins na categoria com o novo visor EVS-3000, que é menor e se encaixa muito bem na cabine de um jato médio. O sistema será um opcional oferecido com o E2VS (Embraer Enhaced Vision System) e vai se integrar ao Pro Line Fusion.

Espera-se que o 450 esteja voando nos próximos meses e que sua certificação aconteça um ano após a do Legacy 500, que já acumula mais de 700 horas de voo em teste e deve entrar em serviço no primeiro trimestre de 2014. O ator Jackie Chan confirmou, pessoalmente, que será o primeiro cliente do Legacy 500 na China. Segundo Marco Túlio, o 500 “é um midsize que luta em tecnologia com jatos da categoria de cima cuja base de preço é U$ 50 milhões de dólares e que custa cerca de U$ 5 milhões a menos com um pouco menos de alcance”.

Foi sensível a revalorização do Brasil na comunicação da Embraer Executive Jets que parecia ter sido deixada de lado nos últimos anos em nome de uma visão mais “americanizada”, mas que foi resgatada com a sabedoria de compreender que a Embraer pode e deve ter um posicionamento de líder globalizado sem dar as costas à cultura organizacional que a levaram aonde está hoje.

Learjet 85
Primeiro voo do Learjet 85 está previsto ainda para 2013

Novo Falcon 5X

Outro grande destaque da feira foi a apresentação do mock-up do Falcon 5X, da Dassault, que, ao preço de US$ 45 milhões, será capaz de cumprir 9.630 km (5.200 milhas náuticas) a .80 Mach, transportando 8 passageiros. Se isso já não fosse suficiente, a usual elegância e o conforto dos jatos da Dassault conseguiram ir passos à frente. Eric Trappier, chairman e CEO da Dassault Aviation, aponta que “a indústria se moveu no sentido de conceber cabines mais amplas e isso permitiu à Dassault oferecer funcionalidade, espaço e conforto ainda superior. Este espaço adicional ajuda a criar uma melhor sensação de bem-estar aos passageiros”.

Certamente, caminhar ereto nos 1,98 m de altura da cabine e em corredores amplos é um apreciável diferencial, mas uma novidade chamou a atenção. Como ninguém havia colocado uma skylight na área de galley antes? Esta claraboia amplia a sensação de espaço e iluminação numa área onde antes inexistia luz natural. Perguntado sobre o desafio tecnológico do skylight, a resposta é surpreendente: “Nenhum”. Um grande exemplo dos benefícios do design à humanidade.

Beechcraft King Air 350i

No alto, Beechcraft King Air 350i e cabine do Gulfstream G650 que bateu recorde de velocidade ao redor do mundo no sentido oeste

A francesa Snecma foi selecionada para fornecer os motores para o Falcon 5X. Os novos motores Silvercrest, com até 50 kN (11.450 lbf) de empuxo, deverão estar homologados em 2015 e são os primeiros motores destinados a aviação executiva do fabricante, que, desde meados de 2005, estuda entrar nesse mercado. Os novos Silvercrest utilizam avanços de modelagem 3D, incluindo uma nova geração aerodinâmica nas pás do fan e turbinas. Com 42.5 polegadas de diâmetro, o motor possui diversas inovações nas turbinas e compressores de alta e de baixa pressão, criando, assim, um propulsor pequeno e robusto. Segundo a Snecma, o motor terá uma taxa de diluição de 5.9, o que é considerado elevado nessa categoria. De acordo com dados preliminares, o Silvercrest será 15% mais econômicos do que os motores da mesma categoria, como o Allison AE3007, com uma redução de 50% na emissão de monóxido de carbono e menor nível de ruído.

A Bombardier celebrou com estilo os 50 anos do Learjet numa viagem de 1963 a 2013, que contou com a presença do Learjet 23 de número serial 12. O jato, em 1965, bateu três recordes mundiais na viagem Los Angeles-Nova York-Los Angeles. Representando a nova geração estavam modelos como o Global 6000 e o mock-up do Learjet 85, com um interior de visual clean e futurista e cujo primeiro voo está programado ainda para 2013, conforme a programação inicial. Steven Ridolfi, presidente da Bombardier Business Aircraft, esclareceu que o “mercado é feito por high-net-worth individuals, corporações e empresas de propriedade compartilhada ou charters e que o mercado parece ter voltado a ter um equilíbrio entre os três, ao contrário dos últimos anos, que se basearam no HNWI”.

Também durante a feira, a Líder Aviação recebeu a certificação de Centro de Serviço Autorizado Bombardier no Brasil, que ficará sob a gestão da diretora de Manutenção da Líder, Silvia Cioletti, em Belo Horizonte (MG). Junia Hermont, superintendente da Líder Aviação, ressaltou que as oportunidades nos grandes jatos do mundo “está ligada ao crescimento das empresas globais e no Brasil isso também acontece. Os últimos anos foram muito bons e, agora, com a Bombardier em nosso portfólio, as oportunidades se ampliam muito”.

A equipe da Líder este ano teve de se dividir ainda mais, entre os estandes da Bombardier e da Beechcraft e o estande próprio da Líder, que, pelo segundo ano, foi a única empresa brasileira não fabricante a participar com estande na NBAA. Para Junia, o objetivo da presença própria da Líder é ligado à estratégia de apresentar sua estrutura e sua capacidade operacional para os operadores internacionais com vistas à Copa do Mundo e, futuramente, às Olimpíadas no Rio de Janeiro.

Na Beechcraft, o clima contrastava com o de anos anteriores. O assunto voltou a ser as aeronaves e não mais a reestruturação da companhia – a despeito dos rumores de potenciais interessados na compra da companhia, incluindo a própria Embraer –, sobretudo o King Air 350i, que gerou uma encomenda de 105 aeronaves para a Beechcraft por parte da recém-formada empresa de propriedade compartilhada Wheels Up. A empresa começou a vender as frações dos aviões em 1º novembro e espera ter entre 10.000 e 15.000 membros em 7 anos, com receita anual projetada entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões. Além do 350i, estavam expostos o 350ER para missões especiais, o King Air 250 e o C90GTX, assim como o bimotor Baron G58 e o monomotor Bonanza G36. Na entrada do estande, um Staggerwing brilhava tanto quanto os números dados pelo CEO Bill Boisture dando conta de um “aumento de 47% nas entregas de aeronaves até o momento em comparação com o ano passado”. Quanto à unidade de produção de jatos Hawker, Boisture declarou que é possível que sua venda seja concluída ainda neste trimestre.

Cockpit do  Pilatus PC-24

Cockpit do Pilatus PC-24

Pistas não preparadas

A HondaJet espera certificar sua aeronave até o fim de 2014 e o presidente Michimasa Fujino apresentou muitos vídeos de testes em voo, construção e um plano de ampliação de suas instalações atuais e, sobretudo, anunciou que a American Honda Finance Corporation entra em cena com um programa de financiamento sob medida para seus clientes. Tudo indica que agora é para valer, embora o Brasil ainda não figure em seus planos.

Na outra mão, vendo o Brasil como importante mercado, está a Pilatus, que apresentou o mock-up de seu Pilatus PC-24, segundo José Eduardo Brandão, diretor geral da Synerjet Internacional, distribuidor do PC-24 para a América Latina, “a aeronave inaugura a categoria de jato versátil” com sua capacidade de operar em pistas não pavimentadas. Chama atenção o espaço interno e o toalete à frente da aeronave, onde usualmente fica a galley, e suas configurações muito versáteis, indo dos 10 passageiros, passando por uma versão que combina passageiros com bagageiro capaz de transportar uma motocicleta e uma versão limpa só para carga, que comporta até gado. Brandão explicou que a capacidade de operar em pistas não pavimentadas se deve a uma combinação de fatores, entre eles a baixa velocidade de p ouso (150 km/h ou 81 nós), os pneus grandes e de baixa pressão (que levantam menos detritos) e os imensos flaps que funcionam como “escudo” para as turbinas. O primeiro voo do PC-24 deve ocorrer no segundo semestre de 2014 enquanto a certificação está prevista para 2017 pela FAA e 2018 pela Anac. Brandão também revelou que o preço de lançamento será de US$ 8,9 milhões sem correção na entrega e US$ 250 mil de depósito.

No pavilhão, mais precisamente no estande da Daher-Socata, estava exposto o novo TBM 850 do cineasta Francis Ford Copolla. Todo metálico, hipnotizava os visitantes que, como crianças, aproximavam-se querendo tocar a aeronave, exigindo medidas “extremas” como a placa “se tocar, vai ter que polir”. Mas não era só por fora que a aeronave esbanjava personalidade, seu interior todo em preto provocava reações de amor e ódio, mas sempre de atração como sentimos por Don Corleone, o Poderoso Chefão. Além da beleza, ao abdicar da pintura, Francis Copolla ganhou mais 80 libras de carga (cerca de 40 kg) ou maior eficiência com a economia de combustível.

Cessna Citation M2
Cessna Citation M2

A Gulfstream compareceu novamente para quebrar recordes, desta vez foi com o da volta ao mundo mais rápida no sentido oeste, realizada em 3 de julho deste ano. A missão contou com cinco pilotos, que percorreram 20.310 milhas náuticas em 41 horas e 7 minutos, em velocidade média de 915 km/hora a bordo do G650. A empresa também apresentou pela primeira vez o seu Elite Interiors, que representa um novo conceito de cabine para seus produtos. O conceito que surgiu no projeto G650 agora será oferecido aos modelos G450 e G550. Os novos recursos incluem ajuste eletrônico dos assentos, apoio de cabeça telescópico, controles lombares eletrônicos aquecidos e sistema de massagem, conversão do assento em cama com apenas um toque, entre outros. O Elite Interiors também inclui o sistema de gerenciamento de cabine da Gulfstream.

A Cessna Aircraft iniciou sua participação na NBAA explicando seu prejuízo no 3º trimestre deste ano com queda do número de jatos entregues no período. Seu CEO Scott Ernest disse que o mercado continua desafiador, mas ressaltou: “Estamos mantendo nossos investimentos e acreditamos nos produtos que estamos trazendo ao mercado”. De fato, na estática pudemos visitar o Citation M2, que, segundo Robert Gibbs, vice-presidente Internacional para Latina America e Caribe, é “um jato com preço de 4,6 milhões de dólares, concorrendo diretamente com o Phenom 100”. Gibbs também esclareceu que, com operação de take off similar ao Mustang, será capaz de operar em Angra dos Reis, um teste de fogo para qualquer aeronave executiva ter sucesso no Brasil. O Citation X também estava exposto, a exemplo da Labace, mas desta vez já com seu espaçoso interior, com 80 cm a mais de cabine, 300 milhas a mais de autonomia (6.004 km).

novo Bell 429  com trem de pouso retrátil

Novo Bell 429 com trem de pouso retrátil

Nas asas rotativas a Bell Helicopter lançou seu novo Bell 429 com trem de pouso retrátil. Para Gustavo Semeraro, gerente de Vendas para a América Latina da Bell Helicopter, a tendência é que o Brasil fique com metade da frota com trem de pouso retrátil e metade com esqui. Segundo ele, “o Bell 429 com trem de pouso retrátil foi muito bem recebido pelo mercado corporativo”. Ele é ideal para usuários que utilizam aeroportos e taxiam suas aeronaves. Outro benefício é a velocidade adicional de 5 nós pela diminuição do arrasto, levando a aeronave a 145 nós de velocidade de cruzeiro. A versão com trem de pouso acrescenta em média 300 mil dólares à versão com esqui e Semeraro já confirmou um pedido formalizado da aeronave no Brasil.

Upgrade e remanufaturas

A Eclipse Aerospace entregou durante a NBAA o primeiro Eclipse 550. O exemplar foi recebido pela Shreveport, uma empresa especializada em serviços de aviação para indústria do petróleo. A empresa já possui dois Eclipse 500, um deles da série original, entregue em 2007. O Eclipse 550 entregue conta com praticamente todos os opcionais, como SVS, Lexavia IR EVS, dados meteorológicos por satélite XM, duplo FMS com WAAS LPV e GPS, além de sistema antiskid.

A Ducan Aviation, uma das mais tradicionais empresas de serviços para aeronaves executivas, nos Estados Unidos, exibiu uma variedade de soluções em seu estande. Entre as quais se destacava um projeto de customização de um Falcon 900B, que recebeu uma pintura externa criada pela empresa, assim como um sistema de gerenciamento de cabine controlado pelo iPad, integrado ao sistema Rockwell Collin’s Skybox.

A GE Aero e a Nextant anunciaram uma parceria para colaborar em uma série de aeronaves que vão receber motores GE. A General Electric tem buscado novos mercados no setor aeronáutico, em especial na aviação executiva, mercado no qual ainda possui uma presença modesta se comparada à sua atuação na aviação comercial ou militar. O primeiro produto dessa nova parceria será o turbo-hélice Nextant G90XT, baseado no King Air C90, que será equipado com motores GE H80, assim como aviônica Garmin G1000. A exemplo do King Air, futuras aeronaves Nextant serão baseadas em projetos consagrados e que possuem boa estrutura. A Nextant promete que o G90XT terá performance superior ao seu predecessor e custo de aquisição equivalente à metade de um modelo novo similar.

Os benefícios de fazer um upgrade também foram apresentados pela veterana no assunto, a Blackhawk, com mais de 400 aeronaves remanufaturadas e entregues (uma delas ensaiada nesta ediçao de AERO). Mauricio Melro, executivo da Blackhawk no Brasil, salientou que uma das vantagens do upgrade do KingAir90 com a Blackhawk é o fato de utilizar motores fabricados pela Pratt & Whitney, mesmo fabricante dos originais da aeronave. Mauricio ressaltou que “o Caravan está consolidado no mercado de paraquedismo e agora estamos tendo boa procura do mercado de taxi-aéreo para aviões usados, convertidos nos EUA e que se beneficiam de financiamento de Eximbank”.

A Boeing manteve sua confiança no mercado de aviação executiva, mesmo reconhecendo que o mercado para aviões executivos de grande porte não tenha uma velocidade de vendas tão rápida e nem uma grande participação total no negócio de aviação executiva. No entanto, ressaltou que muitas vezes o valor unitário de um avião de grande porte é maior do que toda a venda anual de um fabricante de aeronaves de pequeno e médio porte. O primeiro 787-8 BBJ deverá entrar em serviço no final deste ano, enquanto o primeiro 747-8 BBJ, que já foi entregue a uma empresa especializada em configuração executiva, só será finalizado no final de 2014, já que as especificações do cliente exigiram uma personalização de elevado nível em todo o interior do avião. Por fim, mesmo diante dos cortes orçamentários no governo americano, a Boeing acredita que o 747-8 será escolhido como o futuro substituto do Air Force One, os dois veteranos 747-200 em uso pelo presidente.

De fato, a discussão do futuro da aviação executiva no mundo permeava toda a feira com conceitos de conectividade, interatividade e até previsibilidade, como salientou Bob Witwer, vice-presidente de Advanced Technology, da Honeywell Aeroepace, que diz ter “o emprego mais legal do mundo”. Segundo ele, a forma como vemos os aviões, como os usamos e como os pilotamos estão mudando a velocidades jamais vistas. A visão sintética borra o limite entre os displays táticos e estratégicos e coloca a questão sobre se o ideal é ter mais ou menos “glass” no cockpit. O ideal não é ter ou não glass, mas, sim, apresentar a informação exata que o piloto precisa naquele exato momento. Apenas a informação que precisa de forma intuitiva e fácil de entender. Indo a extremos, um cockpit sem janelas pode ser uma visão do futuro e, neste caso, talvez não precisasse nem ficar posicionado à frente da aeronave. Aliás, poderíamos ver um piloto no avião e um copiloto operando mais de um avião a partir de um ponto no solo. A conectividade total está chegando e o trafego aéreo será mais previsível e eficiente. Correríamos o risco de perder a paixão por voar? Impossível!

Por Christian Burgos, de Las Vegas, e Edmundo Ubiratan
Publicado em 10/11/2013, às 00h00 - Atualizado às 00h34


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