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AIR One

Conheça o Air One, o eVTOL com paraquedas e tecnologia israelence

Em desenvolvimento pela israelense Air, o One promete aliar tecnologia e segurança no crescente mercado de eVTOL leves


Empresa sediada em Israel destaca o conceito "carro voador" para seu novo eVTOL Air One - Divulgação
Empresa sediada em Israel destaca o conceito "carro voador" para seu novo eVTOL Air One - Divulgação

A startup israelense Air anunciou o Air One, um eVTOL de dois lugares voltado para uso recreativo e pessoal. Com apelo de possuir DNA automotivo, a empresa espera receber a autorização de início das vendas do Air One ainda em 2024, após receber a certificação das autoridades aeronáuticas, como o Federal Aviation Administration (FAA).

O e-VTOL promete ser uma alternativa de transporte aéreo individual, semelhante a um automóvel, capaz de ser guardado em uma vaga de garagem comum. Para operá-lo, a aeronave incorpora um sistema de controle simplificado, que facilita a pilotagem para usuários sem experiência prévia de voo, similar ao que é utilizado em drones. 

Neste ponto, o projeto enfrenta desafios quanto à viabilidade regulatória presentes em alguns países, como no Brasil por exemplo. De acordo com a regulamentação atual, o Código Brasileiro de Aeronáutica exige que qualquer aeronave tripulada seja operada por um piloto licenciado, o que levanta questionamentos sobre o processo de certificação e o tipo de licença necessária para conduzir o eVTOL em território nacional.

Mais detalhes sobre o Air One 

Externamente, o Air One possui duas asas e quatro braços, onde são instalados oito motores elétricos (dois por braço). A Air destaca como diferencial seu tamanho reduzido, graças a um mecanismo que permite dobrar suas asas e braços para trás, semelhante a alguns drones de filmagens.

De acordo com a empresa, voltar este sistema à posição original levará apenas cinco minutos. Além de economizar espaço, esse sistema permite que o proprietário possa transportar o Air One sobre carretinhas, aumentando a flexibilidade de uso do aparelho.   

Com uma design que contempla as asas fixas e os motores elétricos (de 72 KW coaxial cada), o Air declara que o aparelho pode atingir uma velocidade máxima de 134 nós (249 km/h) e uma autonomia de 177 km. Embora o alcance seja relativamente curto, a proposta é que o mesmo seja um veículo urbano, projetado para pequenos deslocamentos dentro das cidades.

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De acordo com a fabricante, o Air One poderá carregar seus quatro packs de bateria carregado-as em casa com um adaptador ou em estações públicas de carregamento rápido usando um conector CCS padrão. Também é possível carregar em estações AC com um adaptador portátil. O tempo de carregamento total é de uma hora, e de 20% a 80% em 30 minutos.

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Equipado com tecnologia “Fly-By-Intent”, a aeronave realiza o voo de forma automática, com simples toques na tela à frente do piloto. O eVTOL oferecerá a opção de pilotá-lo também através de um joystick central, caso o operador assim desejar. A desenvolvedora não informou qual aviônica será incorporada ao aparelho, mas as imagens de divulgação sugerem que a operação será feita através de três telas do tipo touch-screen.

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A capacidade máxima de carga declarada (payload) do One é de 250 kg, somando passageiros e bagagens, que são acomodadas atrás dos bancos. Aliás, os assentos concha com absorção de impacto oferecem uma experiência de luxo e segurança, combinando características de carros de corrida com conforto.

Externo

Por fim, para aumentar a segurança das operações, o eVTOL conta também com um sistema de paraquedas balístico (BRS), que poderá ser acionado caso haja uma falha total de propulsão ou em situações onde o usuário julgar necessário, trazendo a máquina e seus ocupantes de volta ao solo de forma segura. 

BRS

Os desafios para certificação no Brasil

O Air One possui diversos atrativos que prometem atrair a atenção dos consumidores de eVTOL no futuro, inclusive no Brasil. Todavia, algumas questões ainda requerem atenção para o processo de certificação do veículo no país.

A promessa de recarregar o eVTOL em estações de carregamento de veículos elétricos, utilizando adaptadores portáteis, é ponto de atenção para as autoridades aeronáuticas. A compatibilidade e a segurança desses sistemas ainda carecem de ser verificadas, considerando as diferenças nas especificações técnicas e na infraestrutura de carregamento entre aeronaves e veículos terrestres. 

A implementação de uma rede de carregamento rápido e suporte adequado será essencial para a operação do aparelho israelence, conforme as normas de segurança operacional estabelecidas pela Anac.

Up

Além das questões técnicas, a legislação vigente atual determina requisitos específicos para operações de aviação experimental e o uso de novas tecnologias, o que pode restringir o uso do Air One a ambientes controlados até que a certificação seja obtida. 

O processo de validação envolve testes de desempenho, estabilidade e segurança, além da avaliação de risco operacional, antes que o eVTOL possa ser liberado para uso recreativo ou comercial no Brasil, assim como a questão do treinamento e da capacitação dos futuros pilotos também precisa ser amadurecida.

Up

Embora o conceito "fly by intent" tenha como ideia simplificar a pilotagem, a operação de uma aeronave como o One envolve habilidades específicas e treinamento, além da homologação de centros de instrução (CIAC) voltados para esse novo conceito de voo. 

Tendo iniciado testes com protótipos em 2017 e desenvolvido um modelo em escala de 60%, ainda há um longo caminho até que o Air One seja aprovado para operações regulares. Aqui, a Anac segue diretrizes estabelecidas na ICA e no CBA para a certificação de novos tipos de aeronaves, que incluem, entre outros fatores, a comprovação de conformidade com padrões internacionais e a realização de voos experimentais supervisionados. Assim, o lançamento comercial do Air One dependerá de sua adequação a esses requisitos.

A Air não revelou o preço do Air One, mas já iniciou a pré-venda do modelo. Com apenas vinte funcionários, a startup trabalha em Israel e nos Estados Unidos, a fim de obter as certificações necessárias até o segundo semestre de 2024.

Resta saber se o veículo conseguirá atender aos requisitos regulatórios e de segurança para ser utilizado como prometido, tanto no Brasil quanto em outros países.

Por Micael Rocha
Publicado em 03/10/2024, às 15h51


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