Operadores ouvidos por AERO apontam vantagens e desvantagens de heliportos e centros de manutenção e hangaragem na cidade com a maior frota de helicópteros do mundo
Helipark e Helicidade (abaixo)
Localizado próximo à divisa entre as cidades de São Paulo e Taboão da Serra, o Helicentro Morumbi é um dos pioneiros em hangaragem e manutenção de helicópteros na cidade de São Paulo. Iniciou suas atividades em 1994. Possui quatro posições para helicópteros simultaneamente no pátio, além do quadrado central. No local há uma oficina de manutenção com certificações para modelos AgustaWestland, Bell, Airbus e MD, assim como turbinas Rolls-Royce, Turbomeca e Pratt & Whitney. Antigamente os operadores se deparavam com graves problemas de acesso ao local, principalmente em épocas de chuva, mas a construção de “piscinões” melhorou muito o problema. Hoje o entrave é o trânsito que dificulta muito o acesso à região. Possui uma boa rampa de aproximação e decolagem, sem grandes obstáculos como edificações e antenas. Por ser um local “pequeno” para os padrões aeronáuticos, com aproximadamente 10.000 m2 de terreno, sala VIP, administração, oficina e hangaragem ocupam uma área de 1.500 m².
Inaugurado no segundo semestre de 2002, o Helicidade foi criado com o propósito de ser um local diferenciado em atendimento e serviços tanto para passageiros como para pilotos. Erguido onde antes funcionava um frigorífico, o local de 17.000 m2 é bem localizado, próximo à Marginal do Rio Pinheiros e ao lado da Cidade Universitária, que dá ao passageiro a opção de utilizar o Helicidade em vez dos helipontos da região da Faria Lima e das Marginais. Com o decorrer dos anos, alguns conceitos implantados na inauguração foram revistos e a operação ganhou modernizações. Um novo hangar foi construído e hoje possui quatro galpões para guarda de aeronaves, totalizando 4.500 m2 e uma oficina terceirizada com capacidade de atendimento a aeronaves Airbus e motores Turbomeca. Oferece também um serviço de limpeza de aeronaves executado por uma empresa com atuação exclusiva no local. É proibido aos clientes manter funcionários próprios ou externos para a limpeza. O abastecimento de aeronaves também é feito de forma exclusiva pelo fornecedor local, que mantém uma estrutura de caminhões e um tanque de reserva. Aos clientes é possibilitada a locação de salas de apoio para suporte às operações. Ainda há um restaurante, revistaria, sala VIP, sala de pilotos e quartos para hospedagem de curta duração. Operacionalmente apresenta alguns desafios. O local de hangaragem e acionamento de helicópteros fica aproximadamente 20 m abaixo do heliponto elevado. Em dias de alta temperatura, pilotos de aeronaves muito pesadas sentem alguma dificuldade na operação, fazendo com que os passageiros tenham de embarcar no heliponto elevado, localizado no prédio central, para só depois desse procedimento seguirem com a decolagem. O pouso é feito da mesma forma: pilotos aproximam para o heliponto elevado no prédio central para então iniciarem o deslocamento para o solo. Possui 11 spots no pátio que, em alguns momentos, não dão conta do movimento. A operação fica muito apertada e acontece de helicópteros sobrevoarem outros helicópteros já próximos ao chão. Já houve casos de helicópteros aguardarem em voo para conseguirem aproximar para o pouso. O tráfego é coordenado por um serviço de rádio operado pelo próprio centro. Em 13 anos, o Helicidade nunca registrou um acidente.
Contemporâneo ao seu concorrente Helicidade, o Helipark foi construído afastado da cidade e longe do tráfego tanto de carros como aéreo, em Carapicuíba. Aos pés do Rodoanel, distante dos centros empresariais da capital, tem um acesso terrestre peculiar por estar situado em uma das cidades mais pobres da região metropolitana. A paisagem de pobreza no entorno contrasta com a riqueza de sua construção. Com área total de 56.000 m² (mais de 8.500 m² destinados a oficinas e hangaragem), o local é considerado o maior centro de serviços especializados para helicópteros da América Latina. Sua oficina pode prestar serviços em aeronaves Bell, Airbus, AgustaWestland, Kamov, Robinson e motores Lycoming, Klimov, Turbomeca, Rolls-Royce e Pratt & Whitney, além de outros serviços especializados como pintura e tapeçaria de aeronaves, ensaios “não destrutivos” e revisão geral de componentes. Por estar fora da cidade de São Paulo, pode operar 24 horas por dia. Possui 10 spots em linha separados 7 m entre si proporcionando uma operação tranquila e segura tanto para aeronaves pesadas como também nos dias mais quentes, que exigem o emprego de maior potência para a operação. Possui amplo estacionamento, salas para locação, sala VIP, revistaria e restaurante. Na questão ambiental, efetua rígido controle de uso e coleta de resíduos para a preservação do meio ambiente. Registrou recentemente um acidente fatal que vitimou seus mecânicos, um piloto experimentado e o filho do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. O Cenipa ainda investiga o caso, ainda inconcluso.
Helicentro Morumbi
É um dos mais novos locais para manutenção e hangaragem da metrópole paulista. Com uma estrutura superdimensionada para os tempos atuais, aposta no crescimento maciço da quantidade de helicópteros na cidade para encher seus mais de 11.000 m2 de hangares. Numa política comercial agressiva, oferece valores menores aos praticados no mercado aliado a um período de carência para início da cobrança. Sua localização na área industrial de Osasco faz com que o acesso terrestre seja complicado e sujeito ao trânsito gerado pelo vai e vem frenético dos caminhões que trafegam pelos centros de distribuição nos arredores. Foi feito para cativar pilotos e passageiros com uma estrutura moderna e ampla com restaurante, academia e salas de descanso, mas pelo local onde se situa é quase que frequentado somente por pilotos. Possui oficina própria com capacidade de manutenção em aeronaves AgustaWestland, Airbus, Robinson e Bell e também motores Lycoming e Turbomeca. Por estar fora da cidade de São Paulo também tem a possibilidade de operação 24 horas. Não possui coordenação de tráfego como ocorre no Helicidade e no Helipark, deixando-a a cargo dos pilotos que lá operam. A construção do empreendimento causou algum conflito na região pela possibilidade do ruído de tantos helicópteros operando de forma simultânea e havia até o fechamento desta edição um processo em andamento pedindo o fechamento do local, que pôde iniciar seus trabalhos graças a uma liminar. Nos bastidores, o que se diz é que o impasse está resolvido. O HBR fica ao lado do Complexo Anhanguera do SBT.
Construído na região de Barueri, a menos de 1 km da rodovia Castello Branco e a 10 minutos de Alphaville, este recém-inaugurado heliporto é mais uma opção em São Paulo. Dotado de heliponto com capacidade para aeronaves de 10 toneladas e hangares para 12 helicópteros, oferece operação e vigilância 24 horas e abastecimento JET A-1 (Air BP), com tanques de armazenamento próprios, além de salas privativas, wi-fi, cômodos de reuniões e espaço exclusivo para tripulantes. No futuro, o Grupo Sepave, idealizador do projeto, espera erguer ao redor do heliporto um centro empresarial com torres corporativas, hotel, centro de convenções e shopping center, ocupando uma área total de 250 mil m². Como ponto a considerar, o local está sujeito às variações climáticas que atingem a região e é pequeno se comparado aos maiores centros de hangaragem e manutenção de helicópteros de São Paulo.
Situado na cidade de São Caetano do Sul, possui pouco mais de 4.000 m², dos quais quase 1.500 m² são destinados à hangaragem de helicópteros. Por ser pequeno, possui apenas dois spots para operação simultânea, além do quadrado central. É uma opção muito boa para os proprietários de aeronaves da região do ABC.
Misturam o tráfego de helicópteros com o de aviões. As operações nos dois únicos aeroportos da cidade de São Paulo são complexas e não ocorrem com a versatilidade que o helicóptero proporciona por poder efetuar voos pairados ou deslocamentos a baixa altura. Em alguns casos, helicópteros são obrigados a realizar os mesmos procedimentos de aviões que precisam de pistas de táxi, pouso e decolagem. As instalações para hangaragem e manutenção nesses locais são diversas e diferentes empresas oferecem os serviços. A maioria desses locais está deteriorada, com estruturas muito antigas e goteiras, precisando de reformas urgentes. A Infraero concede os espaços à iniciativa privada que normalmente não investe o necessário na conservação desses espaços. Há poucas exceções de locais novos ou com a manutenção em dia, como é o caso de Líder Aviação, TAM AE e Global Aviation. A vantagem é que os valores praticados são praticamente os mesmos dos hangares fora dos aeroportos. Além da hangaragem, ainda é cobrado do operador as tarifas aeronáuticas pertinentes dos aeroportos e comunicações aéreas onerando ainda mais a operação. São convenientes para quem tem também um avião ou, no caso de Congonhas, para quem usa a aviação regular doméstica associada ao helicóptero.
Por Giuliano Agmont
Publicado em 01/08/2015, às 00h00
+lidas