Ativistas afirmam que a aviação não oferece nenhuma solução viável para reduzir as taxas de emissão de poluentes
Ação do Greenpeace que atacou um Boeing 777 da Air France no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris
Ativistas do Greenpeace invadiram a área restrita do aeroporto internacional Charles de Gaulle (CDG), em Paris, e vandalizaram um Boeing 777 da Air France. Um grupo de integrantes da organização ambiental pintaram de verde parte da fuselagem do avião.
Vestidos com macacões brancos e coletes com os dizeres 'greenwashing in progress' (lavagem verde em andamento, na tradução literal), os ativistas ergueram escadas e escalaram o avião, além de usarem spray verde e rolo de pintura para vandalizar parte da fuselagem.
O Boeing 777-200ER (F-GSPB) deverá passar por minuciosa inspeção, visto que além da tinta poder agredir partes sensíveis, como as janelas, ao escalarem a aeronave os ativistas podem ter comprometido componentes sensíveis e mesmo causado danos estruturais potencialmente perigosos.
Os manifestantes documentaram a ação criminosa nas redes sociais e destacaram o protesto contra o ministro dos transportes da francês. “Ação direta - Quer ver um avião verde? Enquanto a emergência climática exige uma redução no tráfego aéreo, Jean-Baptiste Djebbari, (Ministro dos Transportes da França) ainda pensa que um avião verde será suficiente. Denunciamos o greenwashing do governo”, afirmou o Greenpeace.
O site dos ativistas afirma que a organização não é contra as inovações tecnológicas, mas que não acreditam que isso basta para resolver a crise climática. O Greenpeace rebate a noção de um avião 'verde', projeto do governo francês para buscar soluções para criar um modelo de transporte aéreo menos poluente.
🔴Direct Action - vous voulez voir un avion vert ?
— Greenpeace France (@greenpeacefr) March 5, 2021
Alors que l'urgence climatique exige une réduction du trafic aérien, @Djebbari_JB pense encore qu'un (hypothétique) avion vert suffira.
Nous dénonçons le greenwashing du gouvernement. #OnAtterritQuand#LoiClimatpic.twitter.com/jvRtKleD8V
A França planeja financiar ações e inovações que permitam reduzir no médio prazo as emissões de poluentes na aviação regular, buscando melhorias em tecnologias como biocombustíveis, hidrogênio e energia elétrica. Porém, o Greenpeace afirma que nenhuma atitude funcionará. “Sejam quais forem as aeronaves ‘verdes’ que nos sejam oferecidas, não será uma solução milagrosa para absorver o volume e o crescimento do tráfego aéreo que experimentamos antes da crise da covid, devido em particular às questões de disponibilidade de recursos (terra, biomassa, eletricidade renovável, etc.) e concorrência com outros usos e setores”, afirmou o grupo de ambientalistas.
Escalada de ativistas pode ter comprometido a estrutura do avião
O incidente ocorre menos de um ano após cerca de trinta manifestantes da Rebelião de Extinção interromperem as atividades no aeroporto de Orly (ORY). A aeronave vandalizada é um Boeing 777-200ER que está na Air France desde 1998, registrado como F-GSPB. Seu último voo comercial foi em 17 de março de 2020, cumprindo o voo AF443, procedente do Rio de Janeiro (GIG). Desde então, está estacionado no aeroporto aguardando a retomada do mercado de viagens aéreas internacionais.
Por Marcel Cardoso e Edmundo Ubiratan
Publicado em 05/03/2021, às 14h30 - Atualizado às 14h52
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