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É fogo!

Novo avião da Airbus oferece risco de incêndio, diz a Boeing

Instalação de novo tanque de combustível no A321XLR é visto como ameaça a segurança


Airbus A321XLR

Airbus aposta que o alcance intercontinental do A321XLR permitirá novas rotas aos operadores

A Boeing expôs preocupações sobre o A321XLR, o mais novo avião da concorrente Airbus, principalmente por risco de incêndio no tanque de combustível.

O fabricante americano afirmou que o projeto do tanque pode representar risco real em casos de a aeronave sair da pista ou seu trem de pouso sofrer um colapso. O avião oferece alcance estendido, proporcionado pela maior capacidade de transporte de combustível.

Visando permitir o alcance intercontinental no A321XLR, a Airbus planeja ganhar mais espaço para combustível moldando um tanque diretamente na fuselagem, o que significa que seu formato seguiria os contornos da estrutura do avião, permitindo carregar mais combustível sem ocupar espaço para carga com tanques suplementares.

O conceito chamou a atenção da Easa, a agência de segurança de aviação europeia, que afirmou em janeiro estudava condições especiais para manter a segurança dos passageiros. “Um tanque de combustível integral da fuselagem exposto a um incêndio externo, se não for adequadamente protegido pode não fornecer tempo suficiente para os passageiros evacuem a aeronave com segurança”, citou a agência.

A intervenção da fabricante norte-americana não é novidade em um sistema que regularmente permite consultas públicas sobre diversos aspectos de um projeto, especialmente atrelado as regras de segurança quando estão sendo interpretadas de uma forma que pode afetar a indústria como um todo.

O alerta veio em um momento importante para a Boeing que acabou de sair de uma crise de dois anos envolvendo o 737 MAX. Ao mesmo tempo, a Airbus enfrenta seu próprio teste crucial quando é esperado maior rigidez dos reguladores em todo o mundo após o “groundeamento” do MAX, que durou quase dois anos. A expectativa é que processo para atualizações de projeto se tornem mais complexos.

A Boeing afirmou que a arquitetura de um tanque de combustível destinado a aumentar o alcance do A321XLR apresenta muitos perigos potenciais. Entre eles os riscos do A321XLR sair de uma pista ou as rodas do trem de pouso falharem. O atrito da região da fuselagem onde estará o tanque poderá levar ao colapso do sistema e um consequente incêndio.

Airbus A321XRL

No destaque a posição do novo tanque de combustível do A321XLR que ampliará a capacidade em 12.900 litros

O debate gira em torno do principal ponto de marketing do A321XLR, o maior alcance que qualquer outra aeronave de corredor único. Para atender à demanda por rotas mais longas, a Airbus adicionou tanques de combustível extras opcionais no compartimento de carga de alguns A321, porém, no caso do A321XLR será necessário ampliar a capacidade. A solução foi usar um espaço hoje vazio entre a seção traseira do caixão das asas e a fuselagem. Na maioria dos jatos desta categoria o combustível é transportado apenas nas asas e em um tanque central, localizado entre as asas.

“A consulta pública é parte integrante de um programa de desenvolvimento de aeronaves”, disse um porta-voz da Airbus, acrescentando que quaisquer questões levantadas seriam tratadas em conjunto com os reguladores.

Uma fonte da indústria familiarizada com o projeto, em depoimento à agência Reuters, alertou que qualquer mudança extensa sobre a certificação poderia atrasar a entrada em serviço do A321XLR para a partir de 2024. Caso isso aconteça, alguns analistas acreditam que a Boeing deve tentar encorajar as companhias aéreas a esperar alguns anos a mais por um modelo totalmente novo, que seria, na teoria, superior ao conceito oferecido pelo A321XLR.

A Boeing estuda um novo avião comercial intermediário entre a família 737 MAX e os 787 Dreamliner, que deverá competir justamente no mercado do A321XLR. Porém, seu desenvolvimento levará ao menos uma década entre o anunciou oficial e o primeiro avião entrar em serviço. Para a Airbus o A321XLR se revela importante em um momento de incertezas sobre o futuro do transporte aéreo global, permitindo a criação de rotas de longo curso hoje inviáveis financeiramente para aeronaves maiores, como os A330neo ou 787.

Do lado a Boeing, os traumas enfrentados pelo 737 MAX levaram a uma maior participação nos processos regulatórios no mundo, visto que uma falha com um modelo concorrente pode afetar diretamente seus negócios casos algum componente seja igual ou utiliza um conceito similar.

Por Marcel Cardoso
Publicado em 03/03/2021, às 15h00 - Atualizado em 06/03/2021, às 18h44


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