A Varig (Viação Aérea Rio Grandense) foi a primeira empresa aérea brasileira, sendo fundada em 7 de maio de 1927, em Porto Alegre. Ciente do potencial da aviação, o alemão Otto Ernst Meyer se mudou para o Brasil na tentativa de viabilizar uma empresa aérea. Após tentar obter apoio e financiamento em Pernambuco e no Rio de Janeiro, o empreendedor se dirigiu a Porto Alegre, onde conseguiu levantar o dinheiro necessário em conjunto com diversas personalidades do Rio Grande do Sul e alguns sócios alemães. Com 21% das ações, a alemã Condor Syndikat cedeu o hidroavião Dornier J-Wal, que se tornou o primeiro avião da empresa. O voo de estreia ocorreu ainda em 1927, entre Porto Alegre e Rio Grande, sobrevoando a Lagoa dos Patos. Inicialmente, a Varig operava apenas voos regionais no estado gaúcho, com uma frota composta exclusivamente por aviões de origem alemã. Em 1942, após o rompimento do Brasil com a Alemanha, a empresa recebeu um de Havilland DH-89 Dragon Rapide, que foi utilizado no primeiro voo internacional da companhia, ligando Porto Alegre a Montevidéu, no Uruguai. Esse voo também marcou a primeira operação internacional realizada por uma empresa aérea brasileira. Com o fim da Segura Guerra, a Varig recebeu dezenas de aviões considerados excedentes de guerra, com destaque para os Douglas DC-3 e os Curtiss C-46, que permitiram uma rápida expansão nacional. O crescimento do Brasil deu à Varig a oportunidade de inaugurar em 1955 seu primeiro voo de longo curso, ligando Porto Alegre a Nova York, com escalas em São Paulo, Rio de Janeiro, Belém e Ciudad Trujillo (Santo Domingo), utilizando o Lockheed Super Constellation. A segunda metade da década de 1950 marcou uma acirrada competição com o consórcio Real-Aerovias, que disputava tanto o mercado doméstico quanto internacional. Em 1959, a Varig dava outro passo à frente de suas concorrentes ao receber o primeiro avião a jato do Brasil, o francês Sud Aviation Caravelle. Nos anos seguintes, a empresa aérea esteve envolvida em polêmicas, como a compra do consórcio Real-Aerovias e a absorção da Panair do Brasil. Ao garantir a hegemonia no mercado brasileiro, a Varig passou a competir apenas com as empresas internacionais, mantendo uma acirrada rivalidade com a Pan Am, e ainda garantindo por vários anos diversos títulos de excelência.
A década de 1980 marcou o fim do monopólio das linhas internacionais, que, somado à crise econômica do Brasil, levou a empresa a uma forte recessão, agravada nos anos seguintes. Sem um modelo de negócios viável, a Varig passou a acumular uma série de dívidas, que culminaram com a perda de mercado doméstico para a TAM e posteriormente para a Gol. Com dificuldades em renovar a frota e obter crédito no mercado, a Varig entrou em colapso, sendo a primeira empresa a ingressar com um pedido de recuperação judicial baseado na nova lei de falência. No processo, com patrimônio cada vez menor, a Varig foi desmontada e suas rotas e alguns ativos, vendidos, mantendo apenas a dívida com a antiga controladora. Em 2007, a Gol adquiriu a chamada Nova Varig e em 2010 a justiça decretou a falência da massa falida, e o fim da história da companhia.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 24/04/2015, às 00h00
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