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Mais rápido que o som

Primeiro voo do Concorde completa 40 anos

Voos comerciais do jato supersônico anglo-francês marcou uma nova era na aviação comercial


No dia 21 de janeiro de 1976, o Concorde iniciou seus voos comerciais, decolando de Paris para o Rio de Janeiro, via Dacar, com a Air France, e de Londres para o Bahrain, com a British Airways. Mesmo tendo uma carreira conturbada, marcada por dificuldades no projeto, alta no preço do petróleo, restrições de voo e a falta de interesse das companhias aéreas, o supersônico anglo-francês marcou a história da aviação comercial.

Quando os europeus passaram a trabalhar no projeto de um avião comercial supersônico, existia a perspectiva de que, até meados de 1970, as principais empresas aéreas teriam suas frotas compostas basicamente por jatos capazes de voar acima da velocidade do som. Na época, ingleses e franceses trabalhavam em projetos independentes, mas devido as dificuldades técnicas e econômicas, ambos os países optaram por trabalhar em conjunto.

A parceria, além de estratégica, tinha certo simbolismo, pois Reino Unido e França foram inimigos históricos. A escolha do nome Concorde promovia esse espirito de cooperaão entre ambas as nações. Ironicamente, a grafia do nome quase causou a dissolução do projeto. Os britânicos queriam Concord, os franceses Concorde. Após uma série de estudos e debates, a grafia francesa saiu vencedora.


O Concorde surgiu com intenção de compra das maiores empresas aéreas do mundo, como Pan Am, Lufthansa, TWA, Japan Airlines, Air Canada, Air France, BOAC, Braniff e Qantas. As dificuldades inerentes a construção de um avião comercial capaz de voar duas vezes acima da velocidade do som gerou atrasos constantes no projeto. Enquanto os primeiros protótipos voavam e os engenheiros descobriam novos problemas, o mundo assistiu perplexo a escalada do preço do petróleo. A viabilidade econômica do Concorde que vinha sendo questionada por diversos analistas passou a ser uma dura verdade. A capacidade de transporte, de apenas 100 passageiros, somado a custos operacionais maiores que do Boeing 747-100, até então o maior avião da época, selaram o destino do elegante avião.

A primeira empresa a cancelar seu contrato foi a Pan Am. Numa época que era a maior e mais importante empresa aérea do mundo, a aviação global vivia da visão “Se é bom para a Pan Am, é bom para o mundo”. Com isso, imediatamente todos os pedidos do Concorde foram cancelados. Nem mesmo a BOAC e Air France mantiveram suas encomendas. Todavia, o governo britânico e francês cientes do problema financeiro e até mesmo moral do cancelamento do programa Concorde optaram por comprar 7 aviões cada, que seriam destinadas as suas empresas de bandeira.

Com a fusão das maiores companhias aéreas britânicas, surgiu a British Airways, que se tornou a operadora inglesa do Concorde, enquanto a Air France assumiu as operações na França.

O Concorde marcou época não apenas por sua velocidade, mas pelo glamour que carregava. Uma passagem no Concorde, que possuía uma cabine em classe única, equivalente hoje a uma econômica premium – em espaço, custava o mesmo que a primeira classe num Boeing 747.

Porém, o elevado custo operacional limitou o número de cidades atendidas regularmente. Embora mais de uma centena de cidades ao redor do globo tenham recebido voos da pequena frota de Concorde, apenas Nova York se tornou um destino regular.

Em 2000 com a queda de um Concorde da Air France se evidenciou um grave erro de projeto, que obrigou as duas empresas aéreas a retirarem seus aviões de serviço até a correção do problema. Novos pneus foram desenvolvidos e uma manta especial de kevlar foi instalada nos tanques de combustível. O Concorde voltou a voar dias antes dos atentados de 11 de setembro, que tornaram ainda mais difícil justificar seus custos.

No final de 2002 a British Airways e a Air France anunciaram que encerrariam os voos com o Concorde no ano seguinte. O último voo com o Concorde ocorreu em 26 de novembro de 2003.

Redação
Publicado em 21/01/2016, às 14h00 - Atualizado às 16h10


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