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Incidente com o 737-9

Problemas de qualidade afetam a Boeing

CEO da Boeing admitiu erro e prometeu transparência durante as investigações envolvendo o 737 MAX 9


Mais de 200 MAX 9 estão em solo - Divulgação
Mais de 200 MAX 9 estão em solo - Divulgação

Questionamentos sobre a qualidade de produção da Boeing voltaram depois que uma seção da fuselagem de um 737 MAX 9 da Alaska Airlines saiu em pleno voo, causando a suspensão dos voos com o modelo.

Dave Calhoum, presidente e CEO da Boeing, afirmou em reunião emergencial com seus funcionários, que a empresa tem responsabilidade no incidente, e prometeu transparência durante as investigações do incidente com o bimotor de corredor único.

A frente da tradicional fabricante de aviões desde janeiro de 2020, Calhoum tem a missão de restabelecer os padrões de qualidade e segurança dos aviões da empresa, em especial os aviões da família 737 MAX, seu principal produto.

O atual diretor executivo sucedeu Dennis Muilenberg, depois de dois acidentes fatais com o MAX, ocorridos na Indonésia e na Etiópia, mataram 346 pessoas, em 2018 e 2019. Os acidentes levaram a suspensão das operações comerciais da aeronave.

Após um escrutínio no sistema, manuais e documentação, mudanças regulátorias foram impostas aos aviões da família MAX, possibilitando o retorno dos voos com passageiros.

Embora tenha avançado na concepção do programa, problemas na produção foram encontrados ao longo do ano passado, como por exemplo, parafusos fora das conformidades ou soltos no sistema que integra os comandos do estabilizador vertical.

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Desenho da porta de emergência intermediária do 737-9 - Boeing

United Airlines e Alaska Airlines, duas das maiores operadoras do modelo, encontraram parafusos soltos em alguns de seus 737-9. Dias depois, na quinta-feira (11), a Agência Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês), formalizou um pedido de investigação na Boeing. 

A suspensão dos voos afeta os aviões da variante -9 equipados com um tampão na porta de emergência intermédiaria, utilizada em configurações de baixa densidade. Dos 284 aviões entregues, 189 deles possuem este item.

Dos onze clientes do bimotor cinco deles operam abaixo do limite máximo de 220 passageiros, sem a necessidade de deixar a porta operacional. Além das norte-americanas, a Copa Airlines, Aeromexico e Turkish Airlines usam o componente.

Diante destes eventos, as investigações envolvendo o voo AS1282 da Alaska Airlines parecem se direcionar também a Spirit AeroSystems, principal fornecedora da Boeing e responsável por 70% da estrutura do 737 MAX.

A empresa com sede em Wichita, tem "trabalhado em estreita colaboração com nosso cliente desde o evento com o voo 1282 da Alaska Airlines em 5 de janeiro. Uma equipe da Spirit agora está apoiando diretamente a investigação do NTSB".

Os defeitos de qualidade impactaram na meta de entregas para os doze meses de 2023. Após a revisão das projeções no final do terceiro trimestre, a Boeing encerrou o ano com um total de 528 entregas, sendo que 387 delas eram referentes ao MAX. 

Duas novas versões, -7 e -10, respectivamente a menor e maior, ainda estão em campanha de testes para obtenção da certificado de aeronavegabilidade junto aos reguladores norte-americanos. 

Por Wesley Lichmann
Publicado em 11/01/2024, às 13h00 - Atualizado em 12/01/2024, às 13h00


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