Reajuste no preço do QAV anunciado pela Petrobras atinge, no acumulado ano, alta de mais de 70,6%
A Petrobras confirmou um novo reajuste de 3,9% no preço médio do querosene de aviação (QAV), a alta acumulada no ano chega aos 70,6%.
O preço médio do combustível no Brasil tem acompanhado as altas internacionais, mesmo com o 96% do querosene sendo produzido nacionalmente. A alta é referente aos valores são à vista, sem tributos, de acordo com a Petrobras.
O setor questiona especialmente o modelo de precificação do querosene de aviação no Brasil, que mesmo sendo majoritariamente nacional acompanha a variação do mercado internacional.
A Câmara dos Deputados realizou ontem (5) uma audiência pública para tratar do modelo de precificação do querosene de aviação no Brasil. A reunião foi acompanhada por Eduardo Sanovicz, presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), que apresentou a preocupação do setor.
“Vivemos um problema muito sério e bastante claro: o barril de petróleo subiu 48,4% entre dezembro de 2020 e dezembro de 2021. O QAV (querosene de aviação) no ano passado subiu 91,7%, quase o dobro do petróleo, sendo um aumento de mais de 60% de janeiro a junho deste ano”, explicou Sanovicz.
A audiência foi solicitada pela deputada Jaqueline Cassol (PP-RO) e ocorreu no âmbito da Comissão de Viação e Transportes, tendo como tema a política de precificação da Petrobras, o chamado de sistema de Preços de Paridade de Importação.
No ano passado, o aumento do preço do QAV foi de 92%, em comparação com 2020. As empresas aéreas apontam que a diferença nos valores entre o mercado brasileiro e o internacional compromete a competitividade do setor, que é prejudicado internamento e reduz a capacidade das companhias aéreas em ampliar a oferta e reduzir o valor médio do bilhete.
“O querosene não é comprado diretamente pelas pessoas, mas quem paga por esse aumento somos nós que compramos bilhete aéreo, pois no Brasil o querosene corresponde, em média, a 40% em média do preço de uma passagem, enquanto a média mundial é de 20 a 24%”, comparou Sanovicz.
As constantes altas no preço do combustível têm elevado a pressão nas empresas aéreas brasileiras, que embora tenham recuperado parte da demanda nos últimos meses, enfrentaram uma série de desafios.
Além disso, a capacidade de consumo das pessoas ainda não voltou aos níveis pré-pandemia, com orçamento familiar impactado pela inflação, reduzindo assim o poder de consumo e consequentemente de viajar. O setor empresarial, o principal usuário do transporte aéreo regular, também não retomou a plena capacidade e os investimentos em eventos, feiras e negócios, ainda estão abaixo dos índices de 2019.
“E é por isso que a ABEAR tem ampliado sua interlocução com o Poder Público, especialmente com a mesa de diálogo permanente com o governo que já foi iniciada”, destacou Sanovicz.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 06/07/2022, às 14h34
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