Brasil assiste crescimento constante de casos de passageiros indisciplinados, com violência abordo de aviões
Os passageiros indisciplinados seguem sendo um problema sério no transporte aéreo e o número no Brasil continua alto. Um levantamento da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) mostra que, em 2022, o número de eventos com passageiros indisciplinados bateu recorde, com 585 ocorrências.
Já nos primeiros meses de 2023 foram registrados, apenas pelas companhias aéreas associadas a Abear, 114 episódios, equivalente a mais de um caso por dia. E os números não param de crescer, para ter uma ideia, em 2019 foram 304 casos, e no ano seguinte, mesmo com a crise sanitária e a drástica redução de voos, foram contabilizados 222 episódios.
Segundo a ANAC, aproximadamente um quarto dos eventos incluem comportamento agressivo do passageiro, envolvendo agressão física e/ou ameaças.
“É um dado alarmante, que afeta todos os passageiros desses voos, pois determinados casos podem atrasar a decolagem e, em ocorrência com o avião já em rota, pode ocorrer da aeronave pousar em um aeroporto próximo”, diz Jurema Monteiro, presidente da Abear.
Além disso, um eventual atraso em um voo afeta toda a malha, com os próximos voos programados para aquele avião sendo comprometidos. Dependendo do caso, a última operação do dia pode acumular várias horas de atraso, comprometendo milhares de passageiros, muitos com viagens importantes como trabalho, cirurgia, exames médicos, entre outros.
“Isso interfere em toda a malha aérea, com atraso dos voos seguintes, impacto no tráfego aéreo e no gerenciamento de tripulação”, explica Monteiro.
Para tentar reduzir o problema a Abear e a Anac trabalham em conjunto, em um grupo de trabalho criado para analisar o tema dos passageiros indisciplinados. Entre os objetivos é rapidez na definição de regras claras para o gerenciamento dos casos, incluindo punições mais severas e que podem contemplar multas, indenização dos prejuízos e, para os casos mais graves, a proibição de voar.
“O passageiro que incita esses atos a bordo pode responder à Justiça, mas não há nenhum impeditivo para ele utilizar o transporte aéreo. A Abear acredita que procedimentos aplicados em outros países, como a no fly list usada por companhias aéreas nos Estados Unidos, que impede o passageiro de usar o transporte aéreo por determinado período, pode ser um caminho a ser seguido no Brasil, ajudando a coibir essa indisciplina dos viajantes”, pontua Jurema.
Não apenas os Estados Unidos, mas grande parte dos países da Europa e Ásia adotam listas que proíbem temporariamente ou de forma definitiva o embarque de passageiros em voos regulares. Existe casos que até estrelas da música foram impedidas, de forma perpétua, de voar em aviões comerciais.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 28/06/2023, às 11h18
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