Embraer promove roll-out do primeiro protótipo do Legacy 500, único midsize com fly-by-wire do mercado, e promete iniciar testes em voo no terceiro trimestre deste ano
O primeiro protótipo do Legacy 500 está quase pronto para voar. O jato acaba de sair da linha de montagem da Embraer, em São José dos Campos, interior de São Paulo, e deve iniciar os ensaios em voo no terceiro trimestre deste ano. Até lá, o número de série 001 passará por testes de solo. Outros dois protótipos, o N/S 002 e o N/S 003, que já estão em produção, devem entrar em operação antes do fim do ano. A Embraer não divulga a carteira de clientes de seu novo avião, mas adianta que boa parte das mais de 100 cartas de intenções de compra da aeronave, assinadas em 2008, já foi convertida em pedidos firmes. A previsão é que a certificação e as entregas do Legacy 500 comecem entre o final de 2013 e o início de 2014, com um atraso de um ano em relação ao cronograma original. "Tivemos um atraso no desenvolvimento de uma das caixas de controle do sistema fly-by-wire, por parte da Parker, mas mantivemos o roll-out do jato em dezembro, que era nossa meta", justifica Cláudio Camelier, diretor de Estratégia de Produto e Mercado para Aviação Executiva da Embraer. "Agora, vamos adiantar ao máximo a campanha de ensaios em solo para poder voar um avião bem mais maduro no segundo semestre".
O Legacy 500 é um jato desenhado do zero. Ou seja, não deriva de nenhum outro avião. Para uma empresa como a Embraer, com mais de 40 anos de experiência em desenvolvimento, certificação e manufatura de aeronaves militares, comerciais e executivas, o chamado clean sheet design representa uma grande vantagem competitiva. É uma oportunidade de prover com liberdade soluções que atendam a necessidades específicas do mercado. O resultado impressiona. A cross section do Legacy 500 se equipara a de um super midsize, como o Bombardier Challenger 300, embora o avião seja um midsize, como o Citation Sovereign. "É um midsize no alcance e um super midsize no conforto", resume Alvadi Serpa Jr., engenheiro da área de Estratégia de Produto da Embraer.
Os itens de conforto do jato se multiplicam. Com piso flat, a cabine permite que um passageiro de 1,80 metro fique em pé sem bater a cabeça. A largura chega a 2 metros. O Legacy 500 comporta até 12 passageiros, tem opção de divã aprovado para três passageiros, oferece um sistema que permite transformar duas poltronas em uma cama (reclinando e conjugando os encostos, com um assento de costas para o outro), possui galley com sistema de água quente e opção de tomadas de 110 ou 220 volts, além de espaçosos bagageiros interno e externo. Conta, ainda, com sistema de entretenimento de bordo equipado com Blu-ray, monitor full HD de 17,5 polegadas, iPod dock, PCU e painel com entradas auxiliares para todo tipo de conexão. Tudo isso com altitude de cabine de 6 mil pés.
#Q#O principal atrativo do novo Legacy 500, porém, é o seu painel. Equipado com um Rockwell Collins Pro Line Fusion, ele será o primeiro jato de médio porte do mercado com fly-by-wire, sistema que movimenta as superfícies da aeronave sem cabos convencionais (leia mais no box). "Os novos Legacy terão um sistema fullfly-by-wire, em que as superfícies do avião respondem de acordo não apenas com a demanda do cockpit, operada por side sticks e pedais, mas também conforme os sinais captados por sensores eletrônicos espalhados pela aeronave", explica Alvadi. "É um sistema inteligente, que só está disponível em jatos executivos de mais de 50 milhões de dólares". A configuração do painel prevê mesas para acomodação de tablets, computadores ou refeições, além de generosos monitores de 15 polegadas. "Os sistema também serão compatíveis com tecnologias associadas ao CNS/ATM, como CPDLC (que permite comunicação via datalink)".
O Honeywell HTF 7500E do Legacy 500 é um motor experimentado. Com 6.540 libras de empuxo, é o único de sua categoria com intervalo de inspeção on-condition, e não de 6 mil horas. Com quatro passageiros e dois pilotos, o novo avião deverá alcançar mais de 5.500 quilômetros. Sua velocidade será de Mach 0.82. Ele decolará de pistas com pelo menos 1.402 metros e precisará de 22 minutos para atingir o nível de voo 430. O máximo payload será de 2.800 libras, embora a capacidade do bagageiro ainda esteja indefinida. "O Legacy 500 foi concebido para cruzar os Estados Unidos de Nova York a Los Angeles com oito passageiros e dois pilotos sem escala", esclarece Alvadi. "De São Paulo, ele chega à Ilha do Sal ou a qualquer destino da América do Sul também sem escalas". O preço estimado da hora de voo do Legacy 500 é US$ 2,755.00.
SOLUÇÕES FBW CONTROLE DAS SUPERFÍCIES POR COMPUTADOR DOS NOVOS LEGACY GARANTE SEGURANÇA DE VOO SEM TIRAR AUTONOMIA DOS PILOTOS O sistema full fly-by-wire (FBW) do Legacy 500 é resultado da experiência da Embraer com o avião militar AMX, que já contava com spoilers e lemes comandados via FBW, e também com os E-jets, que só tem os ailerons convencionais. Apenas aeronaves do porte do Dassault Falcon 7X, do Gulfstream G650, dos Airbus A340/A380 e dos Boeing 777/787 possuem full FBW. De todos estes, porém, os novos Legacy são os únicos a contar com cada um destes recursos: side stick, controle com malha fechada, proteção do envelope de voo, máxima capacidade de manobra em envelope normal de voo, autothrottle e despacho sem rádio altímetro. "O side stick muda o jeito de pilotar. Um detalhe importante é que há alertas visuais, aurais e táteis em caso de duplo comando", diz Alvadi Serpa. O sistema FBW, garantem os engenheiros da Embraer, otimiza a performance, eleva a segurança de voo, facilita a pilotagem, aumenta o conforto dos passageiros e reduz o custo operacional. "No caso da perda de um motor na decolagem, o sistema compensa 80% da falha para garantir a segurança do voo e fazer com que o piloto identifique o problema", explica o técnico. "Ao mesmo tempo, o FBW não restringe a ação do piloto se não houver ultrapassagem de limites estruturais, de ângulo de ataque, de velocidade de estol e de ângulo sideslit. Se for necessário, o piloto até força um tuno. Em compensação, embora não haja limite de pitch, o sistema compensa o voo por falta de velocidade no caso da tentativa de um looping". Tais compensações reduzem a velocidade de estol e permitem pousos em pista mais curta. Também reduzem as turbulências. "O fly-by-wire é uma inovação que beneficia o operador. Seja porque o avião vai custar menos, ou porque torna o produto mais eficiente, com menor consumo de combustível e capacidade de pousar em pistas mais curtas. Enfim, um produto com melhores qualidades de voo, mais seguro", avalia Cláudio Camelier. |
Giuliano Agmont | | Fotos Divulgação
Publicado em 23/01/2012, às 13h28 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45
+lidas