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Navegando sem destino

Justiça proíbe entrada de porta-aviões brasileiro no Brasil

Antigo porta-aviões São Paulo foi arrematado por empresa turca, mas seu destino ameaça o meio-ambiente


A-12 São Paulo foi adquirido de segunda mao da França com mais de 30 anos de serviço - Divulgação
A-12 São Paulo foi adquirido de segunda mao da França com mais de 30 anos de serviço - Divulgação

O porta-aviões NAe A-12 São Paulo, que pertencia a Marinha do Brasil, foi proibido de atracar no Porto do Suape, em Pernambuco, por uma decisao judicial.

O motivo é um velho conhecido do porta-aviões: risco ambiental por uma elevada quantidade de material tóxico, como amianto. Por uma série de problemas, incluindo a proibição legal de receber amianto, a entrada no navio foi impedida pela justiça e pelo Governo de Pernambuco, assim como pelo Complexo Industrial Portuário de Suape.

Não é a primeira vez que o A-12 tem sua atracação vetada. Em agosto, o navio-aerodrómo saiu do Rio de Janeiro com destino a Turquia, onde seria feito o desmanche pelo estaleiro turco Sok Denizcilikve Tic, que arrematou a embarcação por  R$ 10,5 milhões, em 2021.

Porém, a alegação de grandes quantidades de amianto a bordo impediu a entrada no navio na Turquia e uma decisão de autoridades ambientais obrigou o retorno do A-12 São Paulo ao Brasil.

Agora, com mais episódio de impedimento, o destino do porta-avões aposentado parece longe do fim. O problema, ele continua sem autorização para atracar e sendo rebocado em alto mar.

Histórico

A história do NAe A-12 São Paulo começou na França, durante a Guerra Fria, quando foi incorporado pela marinha francesa com o nome de PA Foch, em 1963. Durante 37 anos o navio fez parte da esquadra da França, quando foi vendido ao Brasil, por apenas 10 milhões. Na ocasião o porta-aviões, rebatizado de A-12 São Paulo, deveria substituir o já veterano NAe A-11 Minas Gerais, que estava em serviço na Marinha do Brasil há mais de 40 anos e sofria com uma série de limitações.

O navio foi a Nau Capitânia da esquadrada por 22 anos, além de virtualmente ser o único porta-aviões da América Latina e América do Sul. Todavia, durante os seus poucos anos em operação a embarcação, que chegou a ser a mais antiga do mundo em atividade, passou a maior parte do tempo parada para manutenção.

A-12 ficou ancorado na base naval do Rio de Janeiro até que fosse decido o destino - AERO Magazine, André Magalhães

O A-12 operou por um curto período com os veteranos caças navais A-4KU Skyhawk (AF-1 como são denominados pela Marinha), que foram adquiridos usado do Kuwait em 1997. Os 23 caças realizaram poucos embarques, especialmente por conta dos problemas no porta-aviões.

Ao longo de duas décadas o NAe A-12 esteve por apenas 206 dias no mar, navegando por 85.334 quilômetros e registrando a modesta marca de 566 operações aéreas.

A antiga embarcação colecionou uma série de problemas, como um incêndio em 2006, que provocou a morte de um marinheiro e feriu outros dois.

Desde então, uma série de falhas foram registradas, aumentando os gastos e gerando altos custos para a força aeronaval brasileira. Em 2014, foi tomada a decisão de aposentadoria do porta-aviões, que passou por um processo de oito anos de desativação.

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Por André Magalhães
Publicado em 16/11/2022, às 14h50


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