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Grau de investimento da Gol cai por risco de refinanciamento

Empresa enfrenta dúvidas quanto a capacidade de quitar em agosto uma dívida de US$ 300 milhões


Rebaixamento da nota da Gol reflete momento atual do transporte aéreo no Brasil e no mundo

A agencia de classificação de risco S&P rebaixou o rating da Gol (GOLL4) na escala global de B- para CCC+, após as incertezas quanto a capacidade da empresa em honrar um compromisso coma Delta Air Lines, no valor de US$ 300 milhões que vence em agosto.

A Gol tem trabalhado no refinanciamento da dívida e proteger seu caixa, mas a incerteza quanto à capacidade de cumprir o prazo poderá levar a uma redução na posição de caixa inferior aos R$ 500 milhões após a amortização do empréstimo.

O cenário poderá levar a um descumprimento do pagamento ou a uma renegociação em condições desfavoráveis (distressed) com a Delta o que a S&P considera um default seletivo. “Acreditamos que o prazo para garantir novos financiamentos seja muito apertado, uma vez que o term loan de US$300 milhões (aproximadamente R$ 1,5 bilhão) vence em 20 de agosto”, afirma o relatório da S&P.

Outro aspecto negativo no processo está sendo a lentidão com a qual o Governo Brasileiro está lidando com a situação do setor aéreo. Ainda que tenha promovido importantes marcos para o setor, como o maior prazo para reembolso de passagens, o prometido empréstimo emergencial ainda não saiu da fase de estudos.

“O pacote de capitalização patrocinado pelo BNDES, que poderá alcançar R$ 2 bilhões, e outros financiamentos de longo prazo têm levado mais do que o esperado para se concretizar”, alertou a S&P em seu relatório.

A agência de riscos ainda ponta que o cenário de aviação comercial no Brasil deverá registrar queda na demanda de 50% até o final de 2020, com uma provável melhora no próximo ano, mas ainda assim permanecendo aproximadamente 15% menor do que em 2019.

Ainda que tenha recebido um rebaixamento na nota, a Gol ainda possui uma condição que enfrenta menor pressão na estrutura da frota comparado as rivais brasileiras. Aproximadamente 18 aviões têm contrato de arrendamento previstos para expirar até o final de 2020 e os de outros 30, nos próximos dois anos. A S&P considera tal fato como positivo, ao permitir a Gol reduzir e readequar a frota sem grandes obstáculos, enquanto o acordo de compensação assinado com a Boeing, pelos problemas com o 737 MAX, permitiu reduzir a necessidade de investimentos (capex) nos próximos anos.

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Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 26/07/2020, às 16h00 - Atualizado às 16h15


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