As longas viagens internacionais da Presidência poderá levar a FAB a operar um Airbus A330 apenas para atender as comitivas oficiais
A compra de um novo avião presidencial foi tema nas conversas da comitiva brasileira nas recentes viagens internacionais da Presidência, em especial à China. A comitiva utilizou o VC-1, derivado do Airbus A319, mas com alcance limitado, o que exigiu mais de uma escala.
Além disso, o VC-1 é considerado pequeno para o transporte das comitivas, formadas por dezenas de convidados, entre membros do governo, políticos e empresários.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou a compra do VC-1 em 2005, substuindo os veteranos KC-137, apelidado de Sucatão, e os dois VC-96, chamados de Sucatinhas. Porém, as longas distâncias de voos para a Ásia, parte da Europa e até mesmo alguns destinos na América do Norte, impedem o VC-1 em realizar voos diretos.
Há ao menos dois mandatos se discute a compra de um avião presidencial de maior capacidade e segundo informação do site Correio da Manhã, a possibilidade de compra de um A330 VIP ganhou força recentemente.
Atualmente, a FAB opera dois A330-200, adquiridos no governo do presidente Jair Messias Bolsonaro, com o argumento de ampliar a capacidade estratégica e de transporte da FAB. As duas unidades foram adquiridas por intermédio da Azul Linhas Aéreas, que forneceu um dos aviões da frota e adquiriu outro no exterior. Os aviões chegaram ao Brasil recentemente e foram designados como KC-30 (FAB 2901 e FAB 2902), e um deles foi utilizado pela comitiva presidencial na viagem aos Estados Unidos, no início do ano.
A compra dos A330 previa a conversão para o padrão MRTT, que torna os aviões multimissão, incluindo a capacidade de reabastecimento em voo, o que o torna verdadeiramente um KC-30.
O uso de um dos KC-30, ou até mesmo dos dois, pelo transporte VIP do governo é uma solução considerada pela Presidência, que ainda avalia a compra do terceiro A330, que seria usado exclusivo para atender as demandas do Chefe de Estado.
A conversão dos KC-30 também para missão VIP limitará o uso dos aviões nas missões estratégicas, sobretudo como cargueiro e reabastecedor. No passado a FAB tinha uma série de questionamentos sobre o uso do KC-137 (FAB 2401) na função VIP, visto que o tornava bastante restrito nas necessidades de transporte de tropa, pessoal militar, carga, entre outros.
Ainda assim, a operação compartilhada é relativamente comum no exterior, como no Reino Unido onde o Voyager VIP (A330 MRTT) serve ao tranporte de autoridades do governo, como a missões logísticas militares.
Outra possibilidade confirmada por interlocutores da FAB consultados por AERO Magazine, todos sob condição de anonimato, é converter os dois A330 atuais para o padrão VIP, que seriam redesignados como VC-30. Um dos argumentos é que a perda da capacidade de reabastecimento em voo não compromete as missões principais da FAB, que terá uma ampla frota de KC-390. Embora o avião brasileiro tenha menor capacidade de transporte de combustível, a reais necessidades projetadas para as próximas décadas não contemplam demandas constantes que exigem a capacidade dos A330 MRTT.
Ainda assim, formalmente não existe nenhum plano de compra de um terceiro A330 ou a conversão para o padrão VIP de um, ou ambos, KC-30 em serviço.
* A AERO Magazine entrou em contato com o Comando da Aeronáutica e a a Secretaria de Imprensa da Presidência da República, mas não houve resposta até o fechamento dessa matéria. Eventuais comentários oficiais serão adicionados ao texto.
Por André Magalhães e Edmundo Ubiratan
Publicado em 27/04/2023, às 17h01
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