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Infraestrutura

Gigante ainda maior

Aeroporto de Atlanta, o mais movimentado do mundo, inaugura seu sexto terminal para melhorar o atendimento aos voos internacionais


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ESTATÍSTICAS - 2011
Aeronaves 923.996
Passageiros 92,4 milhões

Os norte-americanos mais uma vez mostram sua excelência quando o assunto é infraestrutura aeroportuária. E o mais notável é que a administração dos aeroportos nos Estados Unidos é de responsabilidade das prefeituras. O exemplo de eficiência na condução de serviços voltados para a aviação comercial vem do estado da Geórgia, especificamente da cidade de Atlanta, que inaugurou em maio último o sexto edifício para embarque e desembarque de voos internacionais no Aeroporto Internacional Hartsfield-Jackson, considerado atualmente o mais movimentado do mundo em volume de passageiros e de tráfego aéreo. O voo 295 da Delta Air Lines com destino ao Aeroporto Internacional de Narita/Tóquio foi o primeiro a deixar o Concourse "F", localizado na nova ala, enquanto o voo 177, procedente de Dublin, na Irlanda, inaugurou a operação de desembarque no novo terminal. O edifício oferece 12 pontes de embarque (fingers) para aeronaves de grande porte, além de uma sofisticada sala VIP, operada pela Delta Airlines, que tem em Atlanta seu principal hub. O chamado Delta Sky Club traz, entre outras amenidades, oito suítes com chuveiro, áreas múltiplas de trabalho, e o Luxury Bar com vinhos premium, champanhe e bebidas disponíveis para compra.

Batizado Terminal Internacional Jackson H. Maynard Jr., em homenagem ao ex-prefeito de Atlanta, que durante seus três mandatos trabalhou pela vinda dos primeiros voos internacionais ao aeroporto, o complexo foi projetado em parceria com as equipes de engenharia e design da Delta Airlines, que também investiu pesado nas obras, e recebeu certificado do LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). "O edifício é a nova porta de entrada de Atlanta para o mundo, um dos mais modernos e eficientes já construídos na América. Resultado dessa forte parceria que a Delta possui com o aeroporto e com a cidade de Atlanta há mais de 70 anos", ressalta Richard Anderson, diretor-executivo da Delta Airlines. A contribuição da companhia norte-americana para o novo terminal e para o Concourse "F" faz parte de um investimento da ordem de US$ 3 bilhões em equipamentos, produtos e tecnologia, que também estão sendo incorporados em outras bases, entre elas as de Nova York, Seattle, Los Angeles e Salt Lake City. Em La Guardia (NY), a reformulação de US$ 160 milhões revitalizou a sala de atendimento aos clientes do Delta Sky Club, à medida que em Los Angeles (CA) o terminal recebeu novo sistema de bagagens, melhores instalações de processamento da alfândega e uma renovação do setor de alimentos e bebidas. Na base de Atlanta, a Delta opera atualmente mais de mil embarques diários para 208 destinos, incluindo voos diretos para 65 destinos internacionais, entre eles São Paulo/ Guarulhos - a empresa, aliás, acaba de completar 15 anos de operação no Brasil justamente com voos a partir de Atlanta, e comemora a data reiterando sua parceria com a Gol.

30 MIL VAGAS PARA CARROS
O Terminal Internacional Jackson H. Maynard Jr. começou a ser projetado pela prefeitura de Atlanta no ano 2000, quando o primeiro esboço de ampliação do aeroporto foi anunciado à mídia. O novo edifício de embarque tornou-se imprescindível para que o aeroporto pudesse atender com conforto à demanda esperada para o início do século 21, não obstante o fato de que o complexo já oferecia outros cinco concourses. São grandes edifícios alinhados em paralelo, na área média do aeroporto, separados apenas pelos pátios de estacionamento de aeronaves, com acesso subterrâneo por esteiras rolantes ou por meio dos trens automáticos do sistema APM (automated people mover), serviço conhecido por "The Plane Train". O Concourse "F", inaugurado em maio, se junta ao "E", para oferecer 40 portões para embarque internacional. Além disso, elimina a necessidade do recheque de bagagem para o passageiro que chega de um voo doméstico e parte para um internacional. Outro destaque fica para a área comercial, onde o passageiro ganha inúmeros pontos de outlets, restaurantes, além de 64 quiosques para autoatendimento e 80 balcões de check-in. Para diminuir as filas, Atlanta também reservou oito pontos para acesso ao setor de vistoria de bagagem e ergueu uma ampla ala para recebimento de passageiros no setor de imigração.

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O edifício do Concourse "F", a extensão do túnel que atende à linha de trens do sistema APM, com 10 novas composições fornecidas pela Bombardier Transportation Holdings (USA) Inc., e a estrutura de estacionamentos de veículos, foram projetados pela Atlanta Gateway Designers (AGD), uma entre a Gresham, Smith & Partners of Atlanta e a Duckett Design Group of East Point, Ga. "Atendendo o novo edifício de embarque internacional, o aeroporto ergueu dois edifícios-garagem, que, juntos, oferecem mais de 3.500 vagas", destaca Louis Miller, gerente geral de aviação da prefeitura de Atlanta. Atualmente, o aeroporto oferece mais de 30 mil vagas para estacionamento, sendo 10.000 cobertas.

O novo terminal apresenta muitas novidades voltadas para o bem-estar do usuário, mas os arquitetos também desenvolveram o projeto pensando no quesito "sustentabilidade", especialmente no que se refere ao consumo de energia. Por esse motivo, o edifício aproveita bastante a iluminação natural, sendo que a área de embarque oferece ampla visão do pátio de aeronaves graças à utilização maciça de vidros em meio à estrutura de aço, e o teto, cuja forma lembra o perfil aerodinâmico de uma asa. Acima da cobertura, um coletor envia a água da chuva para um sistema de filtros para depois ser devolvida ao meio ambiente, diminuindo assim o impacto causado pelo edifício ao lençol freático. "Também temos banheiros mais econômicos e um moderno sistema de ar condicionado, bem mais eficiente, que nos permitirá economizar 40 galões de água anualmente", lembra Miller.

A preservação do meio ambiente também foi considerada na área operacional. Nas 12 pontes de embarque, os aviões recebem alimentação elétrica (400 Hertz) e ar-refrigerado de baixa pressão, o que possibilita aos operadores dispensarem o acionamento da unidade de força auxiliar da aeronave (APU) durante as escalas, diminuindo assim a poluição sonora e a do ar.

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INVESTIMENTOS EM INTERMODALIDADE
O novo terminal foi erguido na ala leste do campo, ao passo que o antigo edifício primário para check-in está localizado na ala oeste. Para evitar congestionamentos no que até então era o único meio de acesso ao embarque, a prefeitura de Atlanta investiu pesado na reformulação das alças viárias do aeroporto. Assim, quem embarca na ala antiga, utiliza a rodovia I-85, enquanto os usuários do novo terminal têm acesso rápido pela I-75. Se por acaso o passageiro utilizar a via errada, chegando ao antigo edifício para embarcar pelo Concourse "F", ele pode utilizar sem qualquer tipo de restrição o serviço regular de ônibus gratuito oferecido pelo próprio aeroporto. Do mesmo modo, o passageiro que desembarca em voo internacional pelo Concourse "F" e pretende seguir para o centro de Atlanta pela linha de trens do sistema MARTA (Metropolitan Atlanta Rapid Transit Authority) pode fazê-lo via serviço de "free shuttle" até o antigo terminal onde está a estação.

Atlanta recebeu em 2011 um total de 92,4 milhões de passageiros, dos quais 9,9 milhões desembarcando ou prosseguindo em viagens internacionais. Até 2015, o número de usuários de voos internacionais deverá subir para 13 milhões. Em relação a 2010, o crescimento foi de 3,5%, quando Atlanta atendeu a um total de 89,24 milhões de passageiros. Quanto ao volume de tráfegos aéreos, o aeroporto trabalhou com 923.996 movimentos, o que representa um decréscimo de 2,8% em relação a 2010, quando o Hartsfield-Jackson recebeu 950.119 aeronaves. Isso foi resultado da diminuição do número de voo regionais operados em aeronaves de pequeno porte. Mas o aeroporto comemora a chegada da Southwest Airlines e da charter Sunwing Airlines, além da confirmação do início de operações regulares dos superjatos Airbus A380 da Korean Air, em janeiro de 2013, na ligação entre Seul e Atlanta.

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O município de Atlanta investiu mais de US$ 6 bilhões nos últimos 10 anos em obras, incluindo a construção do Concourse "F" e da quinta pista (10/28), HUBentregue ao tráfego aéreo em 2006. Para execução dessa obra, a prefeitura precisou desapropriar um bairro inteiro, demolindo centenas de residências e até hotéis. "Se não agíssemos, os congestionamentos de tráfego aéreo tornariam Hartsfield-Jackson inviável", justifica Louis Miller. Também está na lista de melhorias a construção de um novo complexo destinado a locadoras de automóveis, que foi contemplado com uma linha exclusiva de trens automáticos, denominada ATL Sky Train. Porém, diferentemente do sistema que atende aos terminais por túneis, essas composições transitam em trilhos suspensos sobre viadutos e ainda oferecem aos usuários acesso rápido para o Georgia International Convention Center.

NOVO EDIFÍCIO OFERECE 12 FINGERS PARA AERONAVES DE GRANDE PORTE, ALÉM DE UMA SOFISTICADA SALA VIP, OPERADA PELA DELTA AIRLINES, QUE TEM EM ATLANTA SEU PRINCIPAL HUB

CINCO PISTAS PARALELAS
A Torre Atlanta coordena uma média diária de 2.600 pousos e decolagens, sendo que o complexo aeroportuário abriga cinco pistas paralelas, que oferecem instrumentos para aproximações por ILS CAT II e III, e separação adequada para que os pousos sejam executados simultaneamente em pelo menos três cabeceiras, até mesmo nos dias de baixa visibilidade. Nesse caso, o controle de tráfego aéreo do radar informa ao piloto que a aproximação será executada por ILS/PRM, que oferece ao controlador de voo um sistema bem mais apurado para visualização dos alvos de aeronaves em final de aproximação e permite o monitoramento de qualquer tipo de desvio de trajetória que possa ameaçar a segurança dos outros voos. Na aeronave, o piloto tem de utilizar dois rádios para comunicação: ele transmite pelo VHF-1 e recebe as orientações de pouso da torre tanto pelo VHF-1 quanto pelo VHF-2. O controlador de voo do radar, que fica responsável pela segurança das operações PRM, pode intervir a qualquer momento que julgue necessário e transmite na frequência da torre, com áudio captado na aeronave por meio do VHF-2. A mensagem pode ser transmitida da seguinte maneira: "Alerta de tráfego! Twin uno quatro cinco Fox Tango, curva à esquerda imediatamente na proa 080! Suba para 3.500 pés".

Para manter a excelência do serviço, a FAA (Federal Aviation Administration) reservou cinco frequências de VHF para os controladores da Torre de Controle, sendo que um fica responsável pelos tráfegos operando na pista 08L/26R e outro para a pista 08R/26L, ambas as pistas localizadas no setor norte do campo. Do outro lado do aeroporto, ao sul, um controlador trabalha com a pista 09L/27R, um segundo com a pista 09R/27L e um terceiro com a pista 10/28. Nas horas de menor movimento, a Torre Atlanta pode trabalhar com três controladores, sendo que um fica responsável pelas pistas com orientação 08 e 26, o segundo trabalha com as pistas de numeração 09 e 27 e o terceiro cuida apenas dos tráfegos operando mais ao sul, na pista 10/28. Os voos partindo ou chegando a Atlanta pelo norte da terminal utilizam prioritariamente as cabeceiras 08 ou 26, enquanto os aviões que chegam ou partem pelo sul utilizam as pistas com orientação 09/27 e 10/28. Dessa maneira, evita-se sobrecarregar um determinado setor do controle radar ou mesmo dificultar o trabalho dos controladores da Torre Atlanta no sequenciamento para as decolagens.

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Robert Zwerdling/ Fotos: Divulgação
Publicado em 11/07/2012, às 14h03 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45


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