Pesquisa aponta como reduzir exposição aos riscos e quais fatores podem contribuir para contaminação
Protocolos de segurança a bordo ajudam amenizar consideravelmente os riscos de contaminação durante o voo
Responsável por causar grandes impactos na indústria da aviação, a pandemia do coronavírus afetou não só a organização da malha aérea, mas principalmente a maneira como as companhias higienizam e acomodam os passageiros antes e durante um voo.
Tais medidas por mais que visem a segurança sanitária, buscam não apenas tranquilizar os viajantes, mas é também primordial para a sobrevivência do transporte aéreo regular em um momento turbulento.
Após quase um ano de fechamento de fronteiras, redução drástica da demanda e aposentadoria de centenas de aviões, hoje manter a frota remanescente no solo por mais algumas semanas pode significar o fechamento de uma empresa aérea.
Com fluxo de caixa apertado e custos cada vez maiores, o setor aéreo trabalha contra o tempo para buscar soluções imediatas para garantir a segurança de todos e ainda garantir sua sobrevivência.
Diante de um cenário complexo e sem precedentes, pesquisadores e especialistas em doenças infecciosas se dividem sobre o retorno das viagens aéreas e até que ponto um voo pode ser considerado seguro.
As empresas aéreas e aeroportos implementaram protocolos sanitários bastante rígidos em quase todo o mundo, com as empresas aéreas tentando garantir que nenhuma pessoa contaminada por covid-19 esteja a bordo, incluindo obrigatoriedade que testes sejam realizados horas antes do voo. Os aeroportos instalaram câmeras térmicas em diversos pontos do terminal e ampliaram medidas de distanciamento social. A bordo, os filtros HEPA possuem uma taxa de eficiência torno dos 99,7% na eliminação de vírus e bactérias suspensos no ar.
Ainda assim, pesquisadores da Nova Zelândia buscam entender melhor os riscos de uma infecção durante uma viagem aérea, que vai além do avião, passando por todo o processo entre a origem e a chegada no destino. Recentemente descobriu-se que um casal que realizou um voo de Dubai, nos Emirados Árabes, para Auckland, na Nova Zelândia, foram o epicentro do surto para infectar outros quatro passageiros que estavam próximos.
Em 29 de setembro 2020, um voo saiu de Dubai, com escala em Kuala Lumpur, na Malásia e pousou mais tarde na Nova Zelândia. O estudo encomendado pelo Ministério da Saúde neozelandês descobriu que sete dos 86 passageiros a bordo testaram positivo quando realizavam a quarentena obrigatória de 14 dias.
Local de procedência dos passageiros do voo que começou em Dubai e terminou em Auckland
Os passageiros infectados eram oriundos de cinco países antes de chegarem a Dubai, todos estavam sentados a quatro fileiras um do outro durante o voo que durou 18 horas. Segundo declaração oficial, os passageiros afirmaram que a companhia aérea não exigiu testes PCR negativos da covid-19 antes do embarque. Cinco passageiros infectados afirmaram terem testado negativo dias antes do voo. Os passageiros nomeados como A, B, D, F e G disseram que usaram máscara e luva em todo período que estiveram no avião, enquanto os passageiros C e E afirmaram não terem usado nenhum tipo de proteção facial em parte ou em todo o voo.
Cumprindo a quarentena obrigatória de 14 dias, descobriu-se que o passageiro A foi a primeira pessoa a sentir os sintomas e atestar positivo para o coronavírus em 1º de outubro, seguido pelo passageiro B, companheiro de viagem do passageiro.
Já o passageiro C mesmo não apresentando sintomas, apresentou o resultado positivo para o coronavírus no dia 03 de outubro, seguidos pelos passageiros D, E e F, sendo que o G possui evidências de não ter sido infectado durante o voo, mas era o companheiro de viagem do passageiro F.
“Os resultados realçam o valor de considerar todos os passageiros internacionais que chegam à Nova Zelândia como possivelmente infectados, mesmo se o teste foi feito antes da partida. O distanciamento e o espaçamento social foram seguidos e o equipamento de proteção individual foi usado durante o voo”, concluíram os pesquisadores.
Porém, vale ressaltar que os testes foram realizados antes mesmo dos passageiros chegarem ao aeroporto, tornando possível que a contaminação tenha ocorrido distante do ambiente de voo. Além disso, entre deixar o ponto de origem, até a chegada no destino, passa por diversos processos potencialmente contaminantes.
Com o estudo as companhias aéreas poderão lidar melhor com os atuais protocolos sanitários, deixando o alerta que, apesar das medidas preventivas, existe a possibilidade real de infecção durante uma viagem, independentemente do tempo.
Por Gabriel Benevides
Publicado em 11/01/2021, às 16h00 - Atualizado às 19h34
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