Sistema anti-gelo é desenvolvido pela Embraer em parceria com a Collins e prevê um projeto mais eficiente em termos energéticos
A Embraer avançou no desenvolvimento e teste de um novo sistema de proteção contra gelo. O projeto, desenvolvido em parceria com a norte-americana Collins Aerospace, é baseado nanotubos de carbono (CNT, na sigla em inglês) para sistemas de proteção contra gelo.
A tecnologia é mais eficiente, em termos energéticos, e leve do que os sistemas atualmente em uso. Os testes do sistema CNT ocorrem usando a plataforma de testes de um Phenom 300E, que teve o conjunto instalado no estabilizador vertical.
Após ser integrado na aeronave de testes, o aquecedor CNT e o controlador anti-gelo passaram por cerca de dez horas de testes em solo e voo em “ar seco”.
Em nota a Embraer afirma que o primeiro voo, realizado em dezembro de 2021, na unidade de Gavião Peixoto, interior de São Paulo, foi executado com sucesso, demonstrando a integração perfeita do novo sistema de proteção.
A realização do voo teste foi possível após a conclusão da avaliação de parâmetros estruturais, compatibilidade eletromagnética, e mais de 500 horas de ensaios em túnel de gelo, onde são simulados diversos tipos de formação em baixas temperaturas e vários tipo de umidade relativa do ar, entre outros testes.
As atividades de pesquisa continuarão com ensaios adicionais em solo e voo em condições naturais de gelo. O projeto faz parte da abordagem de desenvolvimento de tecnologias More Electric Aircraft (Aeronave Mais Elétrica), que inclui uma série de iniciativas da indústria para contribuir com a meta de zero emissões de carbono até 2050.
Os aquecedores baseados na tecnologia CNT apresentam mudanças conceituais significativas quando comparados aos aquecedores metálicos existentes, oferecendo uma série de benefícios. Um dos principais é a eliminação do processo de tratamento químico, aliado a redução do consumo de energia em 25% para aquecimento do sistema no avião, e redução dos efeitos aerodinâmicos adversos causados pelo acúmulo de gelo. O CNT possui um elemento aquecedor que é significativamente mais leve que um aquecedor metálico convencional, apresenta maior tolerância a danos e deve resultar em um ciclo de vida mais longo do produto.
“Esta tecnologia CNT eletrotérmica é mais eficiente em termos energéticos, mais leve e usa processos de fabricação mais ecológicos do que os sistemas atuais, e acreditamos que ela se tornará o padrão futuro para proteção contra gelo – inclusive em projetos de aeronaves mais elétricas”, explicou o Mauro Atalla, vice-presidente sênior de engenharia e tecnologia da Collins Aerospace.
Por ora, os testes em voo com o Phenom 300E pretende obter resultados para aplicação em aeronaves mais eficientes e sustentáveis.
“Ficamos bastante encorajados pelos resultados dos recentes testes e convencidos que está tecnologia vai contribuir para as nossas ambiciosas metas de desenvolvimento tecnológico e de sustentabilidade”, disse Luís Carlos Affonso, vice-presidente de engenharia, desenvolvimento tecnológico e estratégia corporativa da Embraer.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 20/07/2022, às 15h19
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