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Bonificações em tempos de crise

Em meio a crise o CEO da Boeing recebeu bônus 45% maiores em 2023

Mesmo enfrentando diversas crises,CEO da Boeing recebeu bonificações e salários que, somados, superaram US$ 32 milhões em 2023


Dave Calhoun assumiu a Boeing em 2020 e enfrentou a pior crise de confiança e qualidade da história da centenária empresa - Divulgação
Dave Calhoun assumiu a Boeing em 2020 e enfrentou a pior crise de confiança e qualidade da história da centenária empresa - Divulgação

Mesmo enfrentando sua mais grave crise, em especial de qualidade e credibilidade, a Boeing ampliou as bonificações para o seu CEO, Dave Calhoun, que recebeu grandes bonificações em forma de ações, além do salário superior a milhão de dólares apenas no ano passado.

Conforme mostraram relatórios financeiros da Boeing, o valor total recebido por Calhoun em 2023 foi de US$ 32,8 milhões, um aumento de 45% em relação aos US$ 22,6 milhões que recebeu em 2022. O documento também mostra que o valor total poderia ser ainda maior, já que o executivo recusou aceitar um bônus de incentivo anual de US$ 2,8 milhões.

A recusa do bônus adicional ocorreu após o episódio que um 737 MAX da Alaska Airlines perdeu o tampão de porta em plano voo, dando início a uma série de investigações federais, suspensão temporária de voos e das entregas, que ainda levou a demissões de executivos.

Além disso, o caso elevou o estresse das empresas aéreas com a Boeing, além de ampliar a crise de imagem perante ao público.

Em março Calhoun, que no final deste mês completa 67 anos, anunciou sua aposentadoria até o final de 2024. Com o anúncio, o conselho da Boeing adiou em cinco anos a idade de aposentadoria compulsória dos CEO para manter Calhoun no cargo. Mesmo assim, a empresa iniciou a procura por um novo CEO no mercado.

Em meio a grave crise desencadeada pelos dois acidentes fatais com o 737 MAX 8, que vitimaram 346 pessoas pessoas, a Boeing nomeou Calhoun como CEO em janeiro de 2020, que apenas três meses depois enfrentou o aumento das tensões com a pandemia. Na ocasião a expectativa era a retomada dos voos do 737 MAX em poucas semanas, mas a suspensão durou o recorde de vinte meses. Já a pandemia reduziu quase a zero a procura por novos aviões e atrasou a entrega de aeronaves na linha de produção e comprometeu o cronograma de certificação dos 777X e 737 MAX 7 e MAX 10.

Ao longo de quatro anos Calhoun ainda enfrentou problemas referente a qualidade da produção dos 787 Dreamliner, problemas com a regulamentação que afetou diretamente a certificação dos 737 MAX 7 e MAX 10, perda de concorrências internacionais com o F/A-18 Super Hornet, a baixa perspectiva de vendas dos F-15 EX, falhas constantes na nave espacial CST-100 Starliner, entre outros.

Por Micael Rocha
Publicado em 08/04/2024, às 13h00 - Atualizado em 13/04/2024, às 13h00


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