Mark Forkner foi inocentado em investigação por fraude no 737 MAX
O ex-piloto da Boeing, Mark Forkner, de 50 anos, foi absolvido de quatro acusações de fraude contra a FAA, a agência de aviação dos Estados Unidos, referente ao sistema MCAS.
O piloto havia sido acusado de manipular e esconder dados do MCAS durante o desenvolvimento do 737 MAX.
O veredito do julgamento, que durou quatro dias, aconteceu ontem (23), na região de Dallas, no Texas. Os advogados de Forkner chamaram apenas uma testemunha, um outro piloto de testes do fabricante, que fez o seu depoimento antes das alegações finais. O júri não encontrou evidências de fraude suficientes para comprovar os crimes.
A acusação afirmava que Forkner enganou a inspetora da FAA, Stacey Klein, sobre a necessidade de pilotos receberem treinamento no MCAS. O sistema de software faz parte da automação do 737 MAX e foi projetado para permitir o controle direcional do avião e evitar o ingresso em atitudes incorretas. O sistema é derivado de um criado para o KC-46, a versão militar do 767 e usado como avião tanque da força aérea dos Estados Unidos.
Durante os testes de voo foi determinado que o tamanho dos motores e sua disposição nas asas, levemente a frente da configuração do 737 Next Generation, levantariam exageradamente o nariz da aeronave durante certas manobras. Por conta disso, os engenheiros da aplicaram uma solução através do MCAS, que automaticamente detectaria uma elevada atitude do nariz, com consequênte redução da velocidade do ar. O sistema era montado usando apenas um dos sensores de ângulo de ataque (AoA, na sigla em inglês) e o software inicia de forma automática um reposicionamento do estabilizador horizontal, forçando a descida do nariz.
O sistema oferece a vantagem de ser simples e eficiênte, mas os pilotos não tinham conhecimento de sua existência e nem mesmo como poderia neutralizar ou desligar sua ação. Outro complicador era estar montado apenas em um AoA, o que tornava pouco confiável os dados obtidos pelos computadores.
A alternativa ao MCAS teria sido o redesenho de parte das asas do avião, que teria um valor elevado e exigeria ainda mais tempo de desenvolvimento para a Boeing. Para obter a certificação da aeronave, o fabricante testou o software em velocidades mais altas, mas de acordo com a defesa, o ex-piloto não estava ciente de que ele também tinha capacidade de atuar durante as operações de menor velocidade.
Mark Forkner deixou a Boeing em 2018 e atuou durante cerca de dois anos na Southwest Airlines, o maior cliente do 737 MAX no mundo. Se condenado, ele poderia pegar até 20 anos de prisão por cada acusação.
Ao final, o piloto foi inocentado por desconhecer todos os processos relacionados ao MCAS e a Boeing já havia sido condenada a pagar uma multa bilionária por ter deliberadamente omitido detalhes do sistema das autoridades aeronáuticas dos Estados Unidos.
Marcel Cardoso
Publicado em 24/03/2022, às 14h00
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