Conheça como os primeiros aviões de negócios, popularmente chamados de jatinhos, surgiram e como mudaram o mundo
No final dos anos 1950, a aviação civil experimentou um salto tecnológico exponencial com uma forte expansão das linhas aéreas regulares, que contavam com milhares de novos voos comerciais.
Mas, enquanto grandes operadoras se beneficiavam do período pós-guerra, um novo nicho de mercado despontava, com vigor: o de voos privativos. Com a retomada da rotina nas capitais da Europa, o surgimento de oportunidades na Ásia e a pujante economia dos Estados Unidos, crescia a necessidade de voos sob demanda.
Não demorou para a aviação de negócios se tornar uma realidade, atendendo desde executivos e chefes de Estado até personalidades da música, que se beneficiavam da agilidade de pequenos jatos para ganhar tempo nas mais variadas viagens, como turnês de bandas, visitas de autoridades e reuniões com compradores ou fornecedores.
Um dos primeiros aviões projetados para operações sob demanda foi o JetStar, da Lockheed. Originalmente, o programa previa atender a um futuro requisito da força aérea dos Estados Unidos, mas, por questões de restrições orçamentárias, o projeto não foi levado adiante pelos militares. Ainda assim, a Lokcheed percebeu o potencial do projeto, oferecendo o avião para o nascente mercado de aviação de negócios. O JetStar se destaca por seus quatro motores montados na cauda, com asas com enflechamento de 30 graus e tanques de combustível suplementares nas pontas das asas. O primeiro voo ocorreu em 1957 e, logo, ganhou o mundo, sendo escolhido por estrelas da música como Elvis Presley, que chegou a ter dois. Anos depois, seria a vez do grupo Menudo, sucesso entre adolescentes nos anos 1980.
No outro lado do Atlântico, a então de Havilland trabalhava em um pequeno jato para transporte privativo, batizado DH125 Jet Dragon. Antes mesmo de o modelo entrar em produção, a Hawker Siddeley adquiriu a de Havilland e mudou o nome de batismo do avião para HS125. Uma série de soluções bem-sucedidas do Comet foram utilizadas no avião, que realizou seu primeiro voo em 1962. O modelo se notabilizou no Brasil por ter sido usado pela FAB no Grupo de Transporte Especial (GTE) e no Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV). O modelo recebeu uma série de melhorias ao longo dos anos, incluindo a variante Hawker 800XP, que chegou a ser o avião pessoal do tricampeão Ayrton Senna. Apenas em 2013, o modelo foi retirado de linha.
Por várias décadas, o Learjet foi o sinônimo de jato de negócios. O modelo realizou seu primeiro voo em 1963 e mostrou sua enorme flexibilidade e desempenho ao entrar em operação. A Bombardier, atual proprietária do programa, anunciou o fim da produção do modelo que saiu de linha no ano passado.
Ainda que não tenha sido um jato, o turbo-hélice bimotor Guflstream I (G-159), que voou pela primeira vez em 1958, foi um dos pioneiros da aviação de negócios. O modelo deu origem à divisão de aviões civis da Grumman, que, em 1978, foi emancipada e, posteriormente, adquirida pela General Dynamics. Hoje, a Gulfstream é um dos mais poderosos fabricantes de jatos de negócios do mundo.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 10/01/2023, às 14h00
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