País pretende obter total independência de fornecedores estrangeiros e planeja consolidar sua indústria aeroespacial
China espera consolidar sua indústria aeronáutica e planeja nova família de motores turbofan
A China está progredindo no desenvolvimento do seu primeiro motor turbofan para aplicação no mercado civil. A empresa estatal Aero Engine Cooperation of China está desenvolvendo o motor CJ-1000A que deverá se tornar opção para o Comac C919.
Não é novidade que a China possui um ambicioso plano de se tornar referência na indústria aeronáutica mundial, ganhando protagonismo em um mercado hoje dominado pela Airbus e Boeing.
O país vem realizando a cada ano maiores investimentos no setor aeronáutico, rendendo o desenvolvimento de aeronaves de corredor único como o C919 e ARJ21, além do projeto de uma aeronave de dois corredores e alcance intercontinental, o sino-russo CR-929.
O próximo passo da China é desenvolver o seu próprio motor turbofan para aeronaves comerciais sem depender de tecnologias estrangeiras. O desenvolvimento do propulsor surge como uma solução para evitar problemas com embargos, especialmente dentro da guerra comercial com os Estados Unidos.
No mesmo caminho, a Rússia implementará a partir de 2023 o motor de tecnologia local Aviadviagatel PD-14 para equipar o avião de corredor único Irkut MS-21 (MS-21, na transliteração), motor que, aliás, foi utilizado pela primeira vez em voo em dezembro do ano passado, além de receber a aprovação em fevereiro para a sua produção em série.
Ainda que os motores possam contar com sistemas e subsistemas ocidentais, as restrições de exportação de tais componentes costumam ser raramente aplicados, pois afetariam a frota comercial de outros fabricantes e que são operados por empresas de todo o mundo.
Com novos horizontes e em busca de maior independência ocidental, resta saber se a China e Rússia elevarão os seus projetos locais para escala internacional, visto que a Airbus e Boeing já estão avaliando futuros cenários com a chegada das aeronaves da Comac e Irkut. Os modelos podem encontrar em países subdesenvolvidos e antagonistas aos Estados Unidos e Europa a oportunidade de expansão dos seus negócios.
Por Gabriel Benevides
Publicado em 09/03/2021, às 17h30 - Atualizado às 18h04
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