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Custou caro

Boeing vai pagar US$ 2,5 bilhões em indenizações referentes ao 737 MAX

Valor representa quase 60% do que o fabricante estava disposto a pagar pela divisão de aviação comercial da Embraer


Acidentes com o 737 MAX custaram um grave dano a centenária imagem da Boeing

A Boeing concordou em pagar US$ 2,5 bilhões (R$ 13,5 bilhões) em multas e indenizações para encerrar os processos e as acusações criminais de que escondeu informações sobre o projeto do 737 MAX. O fabricante é acusado de omitir deliberadamente dados sensíveis durante o processo de certificação.

O valor acordado equivale a praticamente 60% do que a Boeing estava disposta a pagar pelo controle da divisão de aviação comercial da Embraer. O negócio foi desfeito unilateralmente pelo fabricante norte-americano em abril de 2020.

Do total, aproximadamente US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões) serão destinados a indenizar as famílias das 346 vítimas dos dois acidentes fatais envolvendo o 737 MAX, na Indonésia e na Etiópia.

Os demais US$ 1,77 bilhão, será destinado a indenizar os clientes do 737 MAX. As empresas aéreas que optaram pelo modelo sofreram duras perdas com a proibição de voos com o avião, somado ao dano de imagem atrelada ao uso do MAX.

Segundo o processo conduzido pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a Boeing teria definido priorizar o lucro ao invés da transparência no processo de certificação, impedindo assim a rápida identificação da pane que ocasionou a queda de dois aviões.

Inicialmente a Boeing negou ter cometido qualquer tipo de falha ou ter omitido informações das autoridades, mas uma longa análise comprovou falhas graves em todo o processo, que inclusive estava sendo alertado por funcionários do fabricante em comunicados internos. Além disso, o sistema MCAS, que foi o elo mais importante dos acidentes, não era citado em nenhum manual, exceto no glossário de termos técnicos.

Após reconhecer suas falhas, envolvendo a trocar de parte dos executivos, incluindo o CEO, a Boeing encerra um doloroso processo que abalou sua centenária marca. “Acredito firmemente que entrar nessa resolução é a coisa certa a fazer –  um passo que reconhece apropriadamente como ficamos aquém de nossos valores e expectativas”, afirmou David Calhoun, CEO da Boeing. “Esta resolução é um sério lembrete para todos nós de quão crítica é nossa obrigação de transparência junto aos reguladores e as consequências que nossa empresa pode enfrentar se qualquer um de nós ficar aquém dessas expectativas".

* A AERO Magazine realizou ao longo de dois anos uma extensa cobertura sobre o 737 MAX. A capa da edição 319 traz uma reportagem especial sobre todo o caso.

Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 07/01/2021, às 18h40 - Atualizado às 19h13


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