Operação com caças F-35 e F-15 deixou Washington sem tempo para reagir e elevou tensões diplomáticas na região
Israel conduziu um ataque aéreo surpresa contra líderes políticos do Hamas no Catar, utilizando caças F-15 e F-35 e mísseis balísticos de longo alcance lançados do Mar Vermelho.
A operação ocorreu na terça-feira (10), e foi planejada de forma a reduzir a possibilidade de objeções por parte de Washington, especialmente de uma negativa formal do presidente Donald Trump.
Segundo relatos, revelados pelo Wall Street Journal com base em autoridades americanas, os caças evitaram sobrevoar países árabes ao posicionarem-se no Mar Vermelho e dispararem mísseis em trajetória balística sobre a Arábia Saudita em direção a Doha.
Fontes americanas afirmam que foram usados sistemas pouco conhecidos, como o “Golden Horizon” e o ISO2, confirmados apenas em documentos de inteligência vazados em 2024. O sigilo foi tamanho que autoridades dos Estados Unidos só perceberam o ataque quando já não havia possibilidade de reação.
A notificação oficial aos Estados Unidos ocorreu apenas minutos antes do lançamento, o que impossibilitou qualquer intervenção. “O aviso foi dado tão próximo do lançamento efetivo dos mísseis que não havia como reverter ou interromper a ordem,” disse um alto funcionário de defesa dos EUA ao Wall Street Journal, que classificou a operação como “absolutamente inimaginável”.
O Comando Central dos Estados Unidos detectou o ataque por sensores espaciais e informou o presidente Donald Trump, que enviou o enviado especial Steve Witkoff para alertar as autoridades catarianas. O aviso, no entanto, chegou cerca de dez minutos após o impacto dos mísseis.
“Bombardear unilateralmente dentro do Qatar, uma Nação Soberana e aliada próxima dos Estados Unidos, que está trabalhando arduamente e assumindo riscos corajosos conosco para intermediar a Paz, não avança os objetivos de Israel ou dos EUA” escreveu Trump em publicação no Truth Social.
Fontes informaram que Trump expressou frustração ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por ter sido avisado tardiamente, em ligação descrita como “tensa”. Netanyahu teria justificado que havia apenas uma janela de oportunidade para realizar o ataque.
O ataque tinha como objetivo líderes do Hamas, incluindo Khalil Al-Hayya e Zaher Jabarin, que discutiam propostas para encerrar a guerra em Gaza. Autoridades árabes disseram que os dirigentes não estavam na sala atingida, mas próximos do local. Alguns foram feridos e hospitalizados. Entre as vítimas fatais confirmadas estão membros de escalões inferiores do Hamas e um integrante da segurança interna do Qatar.
Relatos no local indicam que o segundo andar do prédio foi destruído, mas a estrutura geral permaneceu de pé, evidenciando o uso de mísseis com ogivas de pequena potência. As ruas ao redor foram bloqueadas por forças de segurança do Qatar.
O primeiro-ministro do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, criticou a ação no Conselho de Segurança da ONU. “Israel, liderado por extremistas arrogantes, foi além de qualquer fronteira, de qualquer limitação em termos de comportamento”, afirmou. Ele questionou a possibilidade de não manter Israel como interlocutor em negociações de paz após o ataque.
Apesar do impacto, nenhum país árabe que mantém relações com Israel por meio dos Acordos de Abraão suspendeu formalmente esses laços após a ofensiva no Qatar. Até o fechamento da notícia, os líderes árabes planejavam se reunir em Doha para definir uma resposta conjunta. Paralelamente, Israel afirmou continuar aberto a negociações com o Hamas, embora responsabilize o grupo pelo impasse atual no conflito de Gaza.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 12/09/2025, às 16h35
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