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Lenta recuperação

Boeing reporta prejuízo acima do esperado no 4º trimestre de 2020

Perdas nos últimos três meses do ano foram de US$ 8,42 bilhões


Boeing 787-10 em voo

Ao longo de 2020 a Boeing sofreu com falhas na produção do 787 e com a proibição de entregas do 737 MAX

A Boeing reportou os resultados do quatro trimestre de 2020, quando acumulou um prejuízo superior ao esperado para o período.

No período o fabricante obteve um prejuízo líquido de US$ 8,42 bilhões (US$ 14,65 por ação), superando a perda de US$ 1,01 bilhão (US$ 1,79) no mesmo período de 2019. Em nota oficial a Boeing destacou os efeitos da pandemia de covid-19 e a paralisação das entregas do 737 MAX como os principais fatores da elevação no prejuízo.

O relatório aponta que o prejuízo por ação no último trimestre de 2020 foi de US$ 15,25, ante a estimativa de perdas de US$ 1,64 estimada por analistas.

Já a receita total de 2020 foi de US$ 58,2 bilhões, uma redução de 14,1% com uma perda (GAAP) por ação de US$ 20,88. No quatro trimestre a receita recuou 14,6%, fechando com US$ 15,3 bilhões, refletindo o menor volume de entregas e serviços comerciais principalmente por causa da covid-19, bem como a problemas de produção da família 787. Ainda assim, o resultado foi parcialmente compensado por uma menor cobrança de considerações dos operadores do 737 MAX em relação ao mesmo período de 2019.

Um dos principais fluxos de gastos atualmente é o programa 777X, que registrou despesas de US$ 6,5 bilhões ante de impostos. O projeto que prevê o desenvolvimento do maior avião bimotor do mundo, substituindo o bem-sucedido 777-300ER, e com chances de obter parte do mercado que será abandonado pelo A380, da Airbus. O entrave atual será vencer a crise gerada pela pandemia nas operações internacionais das principais empresas aéreas do mundo. Antes mesmo da escalada da crise de saúde o 777X já enfrentava a resistência do mercado, que ainda não está convencido da rentabilidade atrelada a sua grande capacidade.

A Boeing agora prevê que a primeira entrega do 777X ocorrerá no final de 2023. A mudança no cronograma reflete a atualização dos requisitos de certificação global, a drástica redução na demanda por viagens aéreas internacionais, entre outros.

“2020 foi um ano de profunda ruptura social e global que restringiu significativamente nossa indústria. O profundo impacto da pandemia nas viagens aéreas, juntamente com o ‘aterramento’ do 737 MAX, desafiou nossos resultados”, destacou Dave Calhoun, presidente e CEO da Boeing.

Ainda assim, 2020 encerrou com boas notícias para a Boeing, que obteve a recertificação do 737 MAX nos Estados Unidos e no Brasil. Aliás, a Gol foi a primeira companhia aérea no mundo a reintroduzir o modelo em serviço, o que ocorreu nos últimos dias do ano passado. Desde a recertificação do 737 MAX em diversos países, foram entregues mais de 40 aeronaves que já haviam sido produzidas, enquanto até o momento cinco empresas recolocaram o avião em voo.

“Embora o impacto do COVID-19 apresente desafios contínuos para a indústria aeroespacial comercial em 2021, continuamos confiantes em nosso futuro, de maneira direta e focado em segurança, qualidade e transparência, enquanto reconstruímos a confiança e transformamos nosso negócio”, ressaltou Calhoun.

Ainda que a divisão comercial da Boeing ainda sofra com uma série de problemas internos e de mercado, os programas de Defesa e Espaço ainda mantém uma solidez importante dentro dos negócios da empresa. Ainda assim, a Boeing ainda não conseguiu finalizar seu programa de voos tripulados acordado com a Nasa, que prevê o envio de astronautas para a estação espacial internacional.

“Nosso portfólio equilibrado de diversos programas de defesa, espaço e serviços continua a fornecer estabilidade importante enquanto estabelecemos a base para nossa recuperação”, destacou Calhoun.

Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 27/01/2021, às 13h00 - Atualizado às 13h30


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