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Boeing poderá usar metaverso para projetar aviões

Intenção é criar ambiente imersivo em todas as etapas de desenvolvimento, construção e manutenção


Boeing 777X

Boeing 777-9 é a aposta da Boeing para o segmento de grande capacidade, mas enfrenta diversos problemas

A Boeing poderá usar o conceito de metaverso para projetar uma nova geração de aeronaves, em uma aposta que poderá superar os US$ 15 bilhões (R$ 85,1 bilhões). A intenção é aproveitar o potencial de ampliação do conceito de realidade aumentada, já utilizada na indústria aeronáutica, para criar soluções de projeto, engenharia e produção em um patamar ainda mais revolucionário.

O conceito de metaverso prevê um espaço de realidade virtual imersivo, que permite compartilhamento em tempo real de soluções que são projetadas em óculos especiais.

Segundo a Reuters, a Boeing planeja investir no uso de tecnologias de robôs, óculos 3D e tecnologias imersivas para avançar no desenvolvimento de novas aeronaves e soluções de manutenção.

A intenção é integrar as unidades de projeto, produção e serviço em um único ecossistema, que permitirá reduzir custos e prever como toda a cadeia da vida de um avião vai se comportar.

Atualmente os fabricantes aeronáuticos usam ferramentas tridimensionais para projetar suas aeronaves, permitindo que técnicos, engenheiros e até clientes possam andar por todos os sistemas, compartimentos, entre outros. A intenção é agora compartilhar tudo de forma mais imersiva, onde será possível interconectar todos os projetos virtuais aos sistemas de produção e, na sequência, de manutenção.

Hoje após o projeto os fornecedores recebem cópias de componentes, que depois são enviados para linhas de produção independentes, que serão reunidos pela Boeing na linha de montagem. Segundo o engenheiro-chefe da Boeing, Greg Hyslop, em entrevista a Reuters, mais de 70% dos problemas de qualidade enfrentados atualmente pelo fabricante são de alguma forma oriundos de falhas de projeto.

Com o conceito metaverso será possível revisar o uso de processos que ainda empregam papel ou sistemas dedicados, como na montagem de estruturas ou processos de manutenção. A ideia é revolucionar toda a cadeia de produção, certificação, suprimentos, até a ponta na manutenção. Assim será possível revisar rapidamente qualquer processo ou componente, sem a necessidade de um complexo trabalho de engenharia, que em alguns casos pode levar vários meses para ser concluído.

O senão é o elevado custo para implementar o conceito metaverso em toda a cadeia de desenvolvimento e produção. Embora grandes fornecedores já utilizem ferramentas digitais em todos os processos, alguns simplesmente não terão condições de atender aos complexos e caros requisitos técnicos para implementar tais tecnologias.

Outro entrave é que a Boeing, ao longo dos últimos anos, cortou parte dos recursos destinados a Desenvolvimento e Produção, focando em cortar gastos em toda sua cadeia de atuação e ficando voltada para retorno aos acionistas. Aliás, a posição do fabricante em priorizar ganhos de mercado foi amplamente discutido nos comitês no Congresso dos Estados Unidos, durante a crise envolvendo o 737 MAX. A Boeing deverá investir bilhões de dólares em novas tecnologias, sendo ainda necessário ser capaz de responder as necessidades de fornecedores espalhados ao redor do globo.

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Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 17/12/2021, às 15h10 - Atualizado às 16h27


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