Com atrasos no cronograma e incertezas legais a Boeing confirma que 2024 é a data realista para certificação do 737 MAX 10
A Boeing confirmou que espera um atraso de até dois anos na certificação dos 737 MAX 7 e 737 MAX 10, os dois últimos modelos da nova geração do 737. A informação foi repassada pelo CEO da Boeing Commercial Airplanes, Stanley Deal, durante a conferência com investidores.
A expectativa agora é que o 737 MAX 7 seja certificado em meados do começo do próximo ano, podendo haver uma antecipação para o final de 2022, mas pouco provável dentro da realidade do cronograma. Já o 737 MAX 10, que detém um grande número de pedidos e é visto como o rival para o avanço do A321neo no mercado, só deverá obter a certificação de tipo no final de 2023 ou início de 2024.
O anúncio confirmou as análises do mercado que não acreditavam na viabilidade de certificar os aviões até dia 31 de dezembro, data limite para a manutenção dos dois modelos dentro das regras atuais da FAA. Todo avião certificado após a data deverá contar com novos alertas para os pilotos, o que na prática poderá afetar a viabilidade comercial dos MAX 7 e MAX 10, que serão ligeiramente diferentes dos demais modelos, inclusive podendo exigir uma licença adicional para os pilotos.
“No MAX 7, continuamos trabalhando com certificação. Prevemos que será fechado no final deste ano ou início de 2023. O MAX 10 continuamos a trabalhar com a FAA e prevemos ter a certificação até o final de 2023 ou início de 2024”, disse Deal.
A Boeing enviou uma carta para o administrador da FAA, Billy Nolen, e ao senador Roger Wicker, do Mississipi, indicando que ambos aviões não estarão aptos para serem certificados até o final de 2022.
Segundo a agência Bloomberg, a carta afirma que a Boeing já trabalha com prazos além de 2023, em especial por causa dos desafios adicionais de engenharia exigidos na certificação após os dois acidentes com o 737 MAX 8, ocorridos em 2018 e 2019. “Eu apoio minha equipe levando o tempo que eles precisam para entender completamente as suposições de fatores humanos”, disse Nolen na carta que a Bloomberg teve acesso.
O Congresso dos Estados Unidos, em 2020, exigiu que os aviões que forem construídos ou modernizados deverão contar com novos sistemas de alerta e segurança, com prazo limite para se adequar a legislação vigente se encerrando no último dia do ano.
A Boeing já argumentou que caso seja necessário alterar os sistemas de alerta e adicionar novas funcionalidade nos 737 MAX 7 e MAX 10, é possível que seja obrigada a cancelar os projetos pela inviabilidade econômica e operacional.
Os operadores do 737 MAX 10 e MAX 9, por exemplo, poderão ter que contar com pilotos dedicados para cada modelo, assim como equipes de manutenção, manuais e estoque de componentes, tornando pouco atraente a operação para as empresas aéreas.
Durante a conferência com investidores Nolen afirmou que as mudanças nos prazos de certificação é responsabilidade do Congresso, que qualquer ação cabe exclusivamente aos legisladores. Porém, fontes no mercado e no governo dos Estados Unidos, afirmam que tem aumentado a pressão sobre a Boeing para fechar um acordo para ampliar os prazos.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 04/11/2022, às 15h30
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