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Além dos motores

Aeroportos discutem formas de adotar combustíveis renováveis de aviação

Desafio atual é tornar viável a distribuição em larga escala de combustíveis renováveis


Aeroportos buscam viabilizar uma cadeia de distribuição que permita adoção de SAF em todo o mundo - Divulgação
Aeroportos buscam viabilizar uma cadeia de distribuição que permita adoção de SAF em todo o mundo - Divulgação

A indústria do transporte aéreo trabalha para viabilizar a descarbonização do setor, tendo como meta a emissão zero de poluentes em 2050. Contudo, um dos desafios atuais é viabilizar o uso de novos combustíveis, que demanda a criação de uma cadeia de fornecimento em larga escala e que também consiga ser realizada com nenhuma emissão de carbono.

Os aeroportos em todo o mundo trabalham para estudar um meio de adotar novas práticas no curto prazo, em especial com relação a adoção de combustível sustentável, conhecido pela sigla em inglês de SAF.

A estratégia para viabilizar o uso de SAF estará em discussão durante o ACI Airport Day Brasil, organizado pelo Conselho Internacional de Aeroportos (Airports Council International) no Brasil.

Os principais executivos da indústria aeroportuária do país, autoridades da aviação civil nacional e especialistas em temas relativos aos aeroportos, assim como meio ambiente, tecnologia, negócios e mobilidade urbana, planejam debater soluções práticas e aplicáveis no curto prazo.

Segundo estudos atuais, a aviação comercial é responsável por cerca de 3% das emissões globais de CO2 e o setor fixou metas de redução de longo prazo de reduzir a zero as emissões de carbono até o ano de 2050.

O Grupo de Ação de Transporte Aéreo (ATAG, na sigla em inglês), em seu relatório Waypoint 2050, afirmou que entre os caminhos viáveis no curto prazo é a mudança do uso do querosene de aviação, derivado de petróleo, para combustíveis sustentáveis de aviação nas operações de médias e longas distâncias.

“A descarbonização dos aeroportos se dará de forma diferenciada por diversos fatores, desde a região onde estão localizados à disponibilidade de energias renováveis e à maturidade do desenvolvimento das tecnologias necessárias”, afirmou Rafael Echevarne, diretor-geral de ACI-LAC, o escritório regional de ACI na América Latina e Caribe.

No próximo mês de junho deverá ser publicado um estudo realizado pela ACI em parceria com o Aerospace Technology Institute (ATI), do Reino Unido, que oferece uma série de estratégias para o sucesso do uso dos combustíveis sustentáveis. Uma delas é a chegada do blend de combustível já pronto aos aeroportos, uma vez que o SAF aprovado para uso na aviação comercial é composto por uma mistura do querosene de aviação e no máximo 50% de combustível renovável. O outro consenso é a adoção do sistema de abastecimento book and claim, que alimenta uma cadeia de suprimento mais eficiente e incentiva a produção local, entre outras vantagens.

“Já há aeroportos no mundo onde o abastecimento de aeronaves com combustíveis sustentáveis é uma realidade”, afirma Echevarne.

O Brasil poderá se beneficiar de sua ampla experiência na produção e distribuição de combustíveis renováveis, com destaque para o sucesso do uso de etanol automotivo. Segundo Juliana Scavuzzi, diretora de Sustentabilidade, Meio Ambiente e Assuntos Legais de ACI, além da experiência brasileira na produção de combustível renovável, o país oferece a possibilidade de cultivo de diversas matérias-primas usadas na produção dos combustíveis.

“Como muitas matérias-primas são plantas, em seu ciclo próprio elas já sequestram carbono e por isso a produção é mais eficiente do que a de outros processos de produção que se baseiam no petróleo. O Brasil tem a capacidade de fazer impacto e esse é um dos motivos pelos quais o país é tão ativo nessa questão na OACI [Organização da Aviação Civil Internacional]”, afirmou Scavuzzi.

Porém, mesmo sendo uma referência mundial na produção de biocombustíveis, o Brasil não tem uma política pública para a produção em escala de combustíveis sustentáveis de aviação. Recentemente, a partir do PL 1873/21, o Brasil se tornou o primeiro país na América Latina a desenhar marcos legais para incentivar a pesquisa, a produção e o consumo dos biocombustíveis avançados. O desafio será viabilizar o interesse do Estado com iniciativas privadas que torne viável a produção e distribuição do SAF no território nacional.

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Redação
Publicado em 21/04/2022, às 15h40


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