Os fatos que marcaram a indústria aeronáutica, ano a ano, desde o surgimento da mais sólida revista de aviação do Brasil
Os brasileiros lembram-se bem de 1994. Naquele ano ganhamos o tetracampeonato mundial de futebol, perdemos Ayrton Senna e Tom Jobim, criamos o Plano Real, passando a comprar 1 dólar com menos de 1 real e controlando a hiperinflação, e absolvemos o ex-presidente Fernando Collor de Mello e seu tesoureiro Paulo César Farias da acusação de corrupção passiva por falta de provas. Em meio a episódios tão marcantes, nasceu AERO Magazine. Especializada em aviação, a publicação chega à sua edição de número 240, o que significa exatos 20 anos de existência, e tem muito que recordar. Nas próximas páginas, elencamos o que de mais representativo publicamos nas páginas revista, ano a ano, nessas duas últimas décadas, que será lembrada por grandes transformações.
Na aviação comercial, os aviões bimotores se tornaram padrão, os fabricantes passaram a construir aviões em materiais compostos, os motores se tornaram ainda mais eficientes e as linhas de produção incorporaram novo processo logístico.
A aviação executiva viveu um boom, crescendo vertiginosamente, os aviões deixaram de ser minúsculos para se tornarem realmente confortáveis, surgiram os jatos de ultralongo alcance projetados especialmente para aviação executiva, criaram-se os conceitos de VLJ e personal jet. Na aviação geral, tradicionais fabricantes viram seus aviões perderem mercado para modelos revolucionários, que passaram a ser produzidos em compósitos e a contar com aviônica extremamente moderna, e a segurança avançou tremendamente.
A aviação militar assistiu à chegada dos caças de geração 4+ e 4++, o F-22 quebrou paradigmas e iniciou a era dos caças de quinta geração, os caças multirole se tornaram modelos padrão e surgiram os aviões não-tripulados, que deixaram de ser simples aeronaves de observação para se tornar poderosas armas de guerra. O tráfego aéreo foi completamente reformulado, com a introdução de procedimentos GPS, o surgimento do ADS-B e a progressiva aposentadoria do VOR/NDB, e teve início a integração entre aviônica e tráfego aéreo. Os aviônicos saíram de simples mostradores analógicos e pequenos displays CRT limitados para suítes extremamente complexas e integradas.
15 DE FEVEREIRO – Primeiro voo do Eurocopter EC135.
JUNHO – Airbus inicia o desenvolvimento do A380, então conhecido como A3XX.
12 DE JUNHO – Voa pela primeira vez o Boeing 777, pioneiro avião totalmente projetado por computador.
20 DE AGOSTO – Decola pela primeira vez o Astra SPX, posteriormente rebatizado como Gulfstream G100.
25 DE OUTUBRO – Missão inaugural do helicóptero biturbina Bell 430, desenvolvimento do modelo 230, por sua vez, derivado do Bel 222.
7 DE DEZEMBRO – É realizado o leilão de privatização da Embraer na Bolsa de Valores de São Paulo.
1º DE JUNHO – Primeiro voo do Bell 407.
9 DE JUNHO – Eurocopter EC120 decola pela primeira vez.
11 DE AGOSTO – Voo inaugural do Embraer ERJ 145.
29 DE NOVEMBRO – Primeiro voo do Boeing F/A-18E/F Super Hornet.
18 DE DEZEMBRO – Helicóptero militar multifunção NH-90 deixa o solo pela primeira vez.
29 DE FEVEREIRO – Primeiro voo do Citation Excel.
17 DE JULHO – TWA 800 explode após decolar de Nova York e marca o ínicio do colapso da TWA.
13 DE OUTUBRO – Primeiro voo do Global Express.
31 DE OUTUBRO - O Fokker 100 (Fokker 28 Mk-0100) PT-MRK da TAM, com pintura comemorativa com a inscrição “Number 1”, cai no bairro do Jabaquara, imediatamente após a decolagem do Aeroporto de Congonhas. Morrem 96 passageiros, seis tripulantes e três pessoas no solo.
21 DE DEZEMBRO – Entra em serviço o Citation X, o mais rápido avião executivo da época.
1 DE JANEIRO – Bombardeiro B-2 Spirit é declarado operacional.
Projeto foi o mais caro da história da aviação, com custo de mais de US$ 737 milhões por unidade, na época.
15 DE JANEIRO – Boeing lança o 767-400 e tem como clientes apenas Delta e Continental.
9 DE FEVEREIRO – Voo inaugural do primeiro 737NG, um modelo -700.
O primeiro 737-800 voa em 31 de julho do mesmo o ano.
17 DE JUNHO – Primeiro voo de EC155.
1º DE AGOSTO – Boeing adquire a McDonnell Douglas.
7 DE SETEMBRO – Voo inaugural do primeiro protótipo do caça Lockheed Martin F-22 Raptor.
11 DE DEZEMBRO – Início dos testes em voo do helicóptero biturbina Bell 427.
25 DE DEZEMBRO – Primeiro voo do jato executivo IAI Galaxy, rebatizado como Gulfstream G200.
2 DE SETEMBRO – Primeiro voo do Boeing 717, desenvolvido para o mercado de 100 assentos. A aeronave é projetada e comercializada pela McDonnell Douglas como MD-95, a terceira geração do DC-9. Com capacidade para até 117 passageiros, tem o nome mudado para 717 quando a MDD é comprada pela Boeing.
4 DE SETEMBRO – Primeiro voo do Boeing Business Jet, a aeronave é um Boeing 737-700 com as asas e o trem de pouso reforçados do 737-800. Hoje existem versões BJJ de todos os modelos comerciais da Boeing.
23 DE DEZEMBRO – Decolagem inaugural do helicóptero biturbina destinado aos mercados civil e militar Sikorsky S-92.
27 DE MAIO – Estreia em voo do CRJ 700, que seria em breve concorrente direto do Embraer 170.
2 DE JUNHO – Primeiro voo do Embraer EMB-314 Super Tucano.
12 DE JULHO – Eurocopter lança EC145.
15 DE JUNHO – A família de jatos comercias E-Jets da Embraer é lançada durante o 43º Paris Air Show.
17 DE DEZEMBRO – Primeiro voo do Eurocopter EC175.
25 DE JULHO – Concorde da Air France (F-BTSC) sofre acidente após um pneu estourar e os detritos serem aspirados por um dos motores, o que provoca um incêndio e perda dos controles. O avião choca-se com um hotel em Gonesse, logo após sua decolagem do Aeroporto de Le Bourget, em Paris, França.
6 DE SETEMBRO – Primeiro voo do helicóptero composto de alta velocidade Eurocopter X-3.
27 DE NOVEMBRO – Primeiro voo do EC225/725 Super Puma.
3 DE FEVEREIRO – Voo inaugural do helicóptero biturbina AgustaWestland AW139.
21 DE FEVEREIRO – Primeiro voo do CRJ900, que concorre diretamente com o Embraer 175.
31 DE MARÇO – Voo de estreia do Legacy 600, o primeiro avião executivo da Embraer
11 DE SETEMBRO – A Al-Qaeda ataca os Estados Unidos utilizando aviões comerciais como arma. Foram sequestrados dois 757-200 e dois 767-200, da American Airlines e da United Airlines. Além de milhares de vidas perdidas durante os ataques, a queda no número de passageiros transportados leva muitas empresas à falência enquanto outras enfrentam grandes dificuldades financeiras. A ameaça de terrorismo faz aumentar drasticamente a segurança em aeroportos em geral.
1 DE DEZEMBRO – Último voo da TWA, que foi completamente absorvida pela American Airlines.
3 DE DEZEMBRO – A Transbrasil realiza seu último voo. A empresa, fundada em 1955 como Sadia, por Omar Fontana, sobrevive apenas um ano ao seu fundador.
19 DE FEVEREIRO – Voo inaugural do primeiro membro da família E-Jets, um Embraer 170.
26 DE AGOSTO – Primeiro voo do Eclipse 500, que inauguraria a era dos Very Light Jets (VLJ). No entanto, projeto que prometia um avião a jato por menos de US$ 1 milhão fracassa e a Eclipse Aviation decretaria falência em 2009 para só voltar em 2012.
25 DE SETEMBRO – Anunciado o jato executivo Gulfstream G150.
16 DE JANEIRO – Falha na reentrada destrói o OV-102, conhecido como Space Shuttle Columbia.
7 DE MARÇO – Primeiro voo do Bombardier Global 5000.
16 DE JUNHO – Durante o Paris Air Show, a Boeing anuncia que o vencedor do concurso para votar o nome do projeto 7E7 é Dreamliner.
6 DE OUTUBRO – Anunciado o Bombardier Global 6000.
24 De OUTUBRO – British Airways realiza o último voo comercial do Concorde.
12 DE MARÇO – Primeiro voo do Embraer 190.
6 DE AGOSTO – FAB recebe seus primeiros Super Tucano
28 DE OUTUBRO – Encerrada a produção do Boeing 757. São produzidos 1.050 exemplares.
7 DE DEZEMBRO – Primeiro voo do Embraer 195.
JANEIRO – Começam a chegar ao Brasil as aeronaves Cirrus, que se tornariam um fenômeno de vendas nos anos seguintes.
27 DE JANEIRO – Para de voar a Vasp. A companhia aérea criada em 1933 trouxe ao Brasil os primeiros Boeing 737-200.
28 DE JANEIRO – Boeing oficializa a designação do Dreamliner como 787, que, além de uma continuidade à família, faz referência ao número da sorte chinês.
25 DE ABRIL – Cessna Citation Mustang realiza seu primeiro voo e consolida categoria VLJ.
27 DE ABRIL – Voa pela primeira vez o Airbus A380, o maior avião comercial de passageiros do mundo, superando o Boeing 747, que havia detido o recorde por 35 anos.
5 DE MAIO – Primeiro voo do trijato executivo Falcon 7X.
15 DE MAIO – Embraer anuncia dois novos jatos executivos na categoria VLJ: o Phenom 100 e o Phenom 300.
27 DE SETEMBRO – Presidência da República do Brasil cria Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em substituição ao Departamento de Aviação Civil (DAC), transferindo a regulação
da aviação civil brasileira dos militares para os civis.
14 DE NOVEMBRO – Boeing anuncia a família 747-8 composta pelo cargueiro 747-8F e a versão de passageiros 747-8I (Intercontinental).
13 DE FEVEREIRO – Boeing entrega o 5.000o jato 737.
2 DE MAIO – Lançado o Embraer Lineage 1000, a maior aeronave executiva fabricada no Brasil.
3 DE AGOSTO – Após grave crise, Varig realiza seu último voo internacional.
29 DE SETEMBRO – Um jato executivo Embraer Legacy em voo de entrega ao proprietário, nos Estados Unidos, choca-se com o Boeing 737-800 PR-GTD da Gol que realizava o voo 1907 entre Manaus e Brasília que cai na selva, matando seus 148 passageiros e seis tripulantes. O Legacy consegue pousar em uma base militar na Serra do Cachimbo (PA).
15 DE DEZEMBRO – Voo inaugural do primeiro protótipo do caça Lockheed Martin F-35 Lightning II.
27 DE FEVEREIRO – Primeiro voo do helicóptero biturbina leve multifunção Bell 429 Global Ranger.
9 DE ABRIL - A VRG Linhas Aéreas S/A, a “nova Varig”, é comprada pela Gol Transportes Aéreos.
17 DE ABRIL – Anunciado o transporte militar Embraer KC-390, o maior avião já projetado pelo fabricante brasileiro.
17 DE JULHO – Sob forte chuva e com a pista ainda sem o grooving, o Airbus A320 PR-MBK com um dos reversores pinado ultrapassa o fim da pista 35L do Aeroporto de Congonhas durante o pouso, e choca-se contra um depósito de cargas da própria TAM em frente à cabeceira da pista 17R, no lado oposto da Avenida Washington Luís que delimita o aeroporto. Se torna o maior acidente brasileiro, com 199 mortes. Sendo 187 pessoas no voo 3084 e outras 12 mortes no solo.
20 DE JULHO – Primeiro voo do Phenom 100.
12 DE SETEMBRO – Anunciados os jatos executivos Embraer Legacy 450 e Legacy 500.
23 DE FEVEREIRO – O B-2 Spirit of Kansas (89-0127) cai logo após decolar da base aérea de Andersen, em Guam. Com um custo unitário, em 2008, superando US$ 1,4 bilhão, acidente é considerado o mais caro da história da aviação.
16 DE ABRIL – Phenom 300 faz sua decolagem inaugural.
13 DE MARÇO – Gulfstream lança oficialmente o G650, jato executivo de ultralongo alcance e que deveria se tornar o mais rápido avião civil.
30 DE JULHO – Piper PA-47 PiperJet realiza primeiro voo. Dificuldades financeiras e falta de interesse do mercado levam o projeto a ser cancelado meses mais tarde.
4 DE SETEMBRO – Justiça decreta a falência da VASP.
27 DE AGOSTO – Primeiro voo do helicóptero conceito composto, com rotores coaxiais Sikorsky X-2.
15 DE DEZEMBRO – Início das operações da companhia aérea Azul.
31 DE MAIO – Acidente com um Airbus A330-200 da Air France durante o voo 447 que saíra do Rio de Janeiro com destino a Paris.
28 DE JULHO – Primeiro voo do CRJ 1000, que concorre diretamente com o Embraer 190.
20 DE OUTUBRO – Anunciado o jato executivo Embraer Legacy 650.
11 DE DEZEMBRO – Primeiro voo do Gulfstream G250.
25 DE NOVEMBRO – Primeiro voo do G650, o maior e mais veloz jato executivo produzido pela Gulfstream.
8 DE FEVEREIRO – Voo inaugural do primeiro 747-8.
13 DE AGOSTO – Assinado acordo para combinação das operações entre a TAM e a LAN num processo de integração das duas companhias. O acordo foi desenhado de forma a atender à legislação, que restringe a participação estrangeira no setor aéreo brasileiro. Em entrevista, Enrique Cueto, principal executivo da LATAM, disse que o ideal é que haja apenas uma marca no grupo e que a unificação entre TAM e LAN ocorrerá em um prazo de três a cinco anos.
20 DE AGOSTO – Decretada a falência da antiga Varig.
1º DE DEZEMBRO – Airbus lança oficialmente a nova família “neo” (New Engine Option), que inclui o A319neo, A3230neo e A321neo.
18 DE JULHO – Anunciada a mudança do nome da aeronave da classe supermédios Gulfstream G250 para G280 , de olho no mercado chinês.
20 DE JULHO – Boeing anuncia a nova família 737 MAX, composta pelos modelos 737-7, 737-8 e 737-9.
21 DE DEZEMBRO – Primeiro voo do helicóptero biturbina de médio porte AgustaWestland AW189.
13 DE FEVEREIRO – Anunciado o helicóptero biturbina Bell 525 Relentless.
10 DE MAIO – Primeiro voo do helicóptero biturbina AgustaWestland AW169.
28 DE MAIO – Anunciada a fusão entre a Azul e a TRIP Linhas Aéreas, prevalecendo a marca Azul.
27 DE NOVEMBRO – Primeiro voo do Legacy 500.
14 DE JUNHO – Primeiro voo do Airbus A350 XWB
17 DE JUNHO - Embraer lança a segunda geração da família de aviões comerciais E-Jets, chamada E-Jets E2 e composta por três aviões – E175-E2, E190-E2 e E195-E2. O E190-E2 deverá entrar em serviço no primeiro semestre de 2018. O E195-E2 está programado
para entrar em serviço em 2019 e o E175-E2 em 2020.
17 DE JUNHO – Anunciado o helicóptero monoturbina leve Bell 505 Jet Ranger X
16 DE SETEMBRO – Primeiro voo do avião comercial Bombardier CS100.
21 DE OUTUBRO – Anunciado o Falcon 5X, novo jato executivo da classe super midsize e longo alcance da Dassault.
15 DE NOVEMBRO – Boeing lança o 777X com a primeira entrega prevista para 2020.
18 DE DEZEMBRO – Após 10 anos de discussões, adiamentos e cancelamentos, finalmente o Saab Gripen NG é escolhido para equipar a Força Aérea Brasileira.
26 DE DEZEMBRO – Grupo Textron, que já detém as marcas Cessna e Bell, anuncia aquisição da Beechcraft Corporation
2 DE JANEIRO - EADS passa a ser conhecida como Airbus Group com as divisões Airbus dedicada aos aviões comerciais; Airbus Defence and Space, que passa a integrar as antigas divisões Cassidian, Astrium e Airbus Military; e Airbus Helicopters, novo nome da Eurocopter.
16 DE JANEIRO – Bombardier anuncia a entrada em serviço do CS100 para o segundo semestre de 2015.
8 DE MARÇO – Boeing 777 da Malaysia Airlines que cumpria o voo MH370 desaparece misteriosamente na rota entre a Malásia e a China.
25 DE MARÇO – Protótipo C-Zero do monojato Cirrus Vision SF50 realiza o primeiro voo.
9 DE ABRIL – Primeiro voo do Learjet 85.
24 DE ABRIL – AgustaWestland completa os testes de autorrotação do Programa AW609.
30 DE ABRIL – Voa o e-Fan, o primeiro protótipo de um avião totalmente elétrico com fins comerciais, concebido pela Airbus.
Depoimentos
“Desde que comecei a colaborar para AERO Magazine, em 2002, acompanhei de perto alguns dos principais momentos da aviação brasileira. Naquele tempo, Varig e Vasp ainda voavam, a Gol estava começando e o Gripen havia acabado de vencer, sem levar, o primeiro programa F-X. Em termos profissionais, a cobertura do ‘Apagão Aéreo’ de 2006, após a colisão que derrubou o Gol 1907, foi o momento mais importante. Durante a apuração de um especial para a revista, testemunhei a prisão de um dos sargentos que liderava o movimento dos controladores de tráfego aéreo. Em paralelo, presenciei o sofrimento de uma colega, que perdera o cunhado no acidente. O que estava ruim ficou pior com o acidente do TAM 3054. Durante poucos minutos, suspeitei que a mãe de minha filha estivesse a bordo. Depois veio o Air France 447 e mais trabalho duro. No departamento das boas notícias, vi o Super Tucano voar, cobri a escolha do Gripen NG para o atrasado programa F-X2, o crescimento da Azul e da Trip e assisti à recuperação do segmento das asas rotativas. Como jornalista, voei em monomotores para o interior da Bahia, de Tocantins e do Amazonas, lugares que quase só se conectam ao resto do Brasil pelo ar. Conheci duas figuras maravilhosas que já se foram. Orlando Villas-Bôas morreu no final de 2002, dias depois de me conceder uma entrevista sobre seus voos pelos sertões. Também tive o prazer de conversar muito com Pierre Clostermann, o maior ás francês da Segunda Guerra e o único “brasileiro” a desembarcar na Normandia”
André Vargas, jornalista há 22 anos e piloto privado, colabora para AERO desde 2002
“O fato mais marcante dessas duas últimas décadas foi a definição do Programa FX, que, depois de adiamentos, cancelamentos e alarmes falsos, anunciou como escolhido o Saab Gripen NG, justamente o modelo que a FAB já havia selecionado do ponto de vista tecnológico. A notícia não deixou de ser agradável, pois, além de se tratar de uma ótima aeronave, não pertence a um dos fornecedores ‘tradicionais’ e abre muitas possibilidades para a indústria aeronáutica brasileira”
Santiago Oliver foi piloto de caça e é jornalista especializado em aviação há mais de 40 anos, além de membro honorário da FAB
“O advento da internet trouxe grandes avanços na área das comunicações e tornou o mundo ainda mais globalizado. O setor aéreo também ganhou dividendos com o surgimento do e-ticket, o check-in on-line, além das reservas de passagens aéreas, hotel e aluguel de automóvel, que passaram a ser feitas pelos próprios passageiros por meio de poucos ‘cliques’. Já os aviadores ganharam uma ferramenta de trabalho com possibilidades infinitas, como a consulta de cartas prognósticas de meteorologia em rota, envio do plano de voo on-line, consulta da programação de escala, envio de reportes de segurança operacional e muito mais”.
Robert Zwerdling é comandante de aeronaves da família A320 e jornalista especializado em aviação, escrevendo para a AERO Magazine desde a sua primeira edição
“Nesses últimos 20 anos, o que me impressionou foi a evolução tecnológica em materiais e eletrônica, o que possibilitou a concretização de vários conceitos que há décadas eram inviáveis por falta de sistemas eficientes de controle e fontes de energia, como é o caso do Projeto X2, da Sikorsky, e das aeronaves com propulsão elétrica. Espera-se, agora, que ‘sustentabilidade’ e ‘recursos renováveis’ tenham mais peso no desenvolvimento da aviação”
Maurício Lanza é engenheiro aeronáutico, diretor de manutenção de empresa de transporte aéreo e fotógrafo/repórter especializado em aviação
“Após o término da hiperinflação, a estabilidade econômica permitiu melhor planejamento financeiro. Além disso, os destinos de negócios e lazer se capilarizaram pelo país. Esses fatores induziram viajantes a adquirir seus próprios aviões. Milhares de aeronaves experimentais e certificadas passaram a ser usadas no transporte pessoal. Atualmente, vários novos projetos de aviões prometem reduzir os custos de aquisição e operação”.
O piloto Jorge Filipe Almeida Barros é empresário e professor, atuando no segmento de aviação geral
“Nas duas últimas décadas, a aviação comercial passou a ser dominada por aviões birreatores, que se tornaram o tipo padrão, inclusive nos voos intercontinentais. A busca por eficiência e economia levou ao desenvolvimento de modelos revolucionários como o Boeing 787 Dreamliner, que é o primeiro avião comercial produzido em material composto, e mais recentemente o Airbus A350 XWB”
Edmundo Ubiratan, piloto e jornalista especializado em aviação
“Há 20 anos, ao atingir meus 17 anos, pude iniciar na aviação, voando o saudoso Paulistinha. E, como antigamente fazíamos, acompanhávamos tudo pelas revistas. Eram nossas pontes com o que acontecia. Não havia internet, nada disso. Entendo que as revistas sempre tiveram papel importante na formação do aviador, pois possuem ofício triplo na linha temporal: avaliar o presente, diagnosticar o futuro e nunca deixar de revisitar o passado”
Thiago de Aguiar Sabino é comandante de ATR 72-500/600 e presidente do aeroclube de Pirassununga
“Trabalhando para AERO Magazine, acumulei conhecimento ao voar inúmeras aeronaves. Também fiz grandes amizades. Em primeiro lugar, destaco nosso saudoso Fernando de Almeida, que, com sua infinita maestria, apresentou-me o universo do ‘ensaio em voo’ e deixou sua marca na aviação brasileira. Em segundo, os fotógrafos com quem trabalhei e que eternizaram a imagem de incontáveis aeronaves, como Marcio Jumpei e Ricardo Beccari”
Hernani Dippolito é comandante de Boeing 737NG e instrutor especializado em acrobacia aérea com cerca de 8.500 horas de voo
“Acompanhei AERO Magazine nas diferentes fases de minha trajetória na aérea de aviação. Comecei a ler a revista quando ainda era entusiasta, segui folheando suas páginas na época de estudante até me tornar um profissional iniciante e, depois, comandante. Como piloto, o que mais me marcou nesses últimos 20 anos foi a introdução de aeronaves executivas fly-by-wire, tecnologia que chegou rápido e mudou muita coisa no cockpit. A evolução do glass cockpit e a automação a bordo também representaram uma transformação impressionante. Hoje, um monomotor a pistão tem recursos de grandes jatos comerciais”
André Danita é comandante de jatos executivos e helicópteros
“Nos últimos 20 anos, o Brasil assistiu a um espantoso crescimento de mais 400% no tamanho de sua frota de helicópteros. Saltamos de cerca de 400 aeronaves registradas em 1994 para mais de 2.100 em 2014. Atualmente, possuímos a quarta frota mundial de helicópteros civis. Em São Paulo, temos um pioneiro sistema de controle de tráfego dedicado às aeronaves de asas rotativas. Entre as principais operações estão exploração de petróleo, transporte de médicos e mantimentos em áreas remotas, suporte em obras de linhas de transmissão de energia, transporte de médicos e mantimentos para povoados remotos, resgates em catástrofes como os deslizamentos no Rio de Janeiro e as enchentes em Santa Catarina, além dos serviços de segurança pública, rádio e televisão e transporte de executivos. Nesse período, o helicóptero deixou de ser visto como artigo de luxo e passou a ser encarado como ferramenta de trabalho e vetor de desenvolvimento”.
Rodrigo Duarte é comandante de helicóptero e gestor de frota de aeronaves corporativas
Por Santiago Oliver e Edmundo Ubiratan
Publicado em 18/05/2014, às 00h00 - Atualizado em 22/05/2014, às 16h13
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