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Testamos a evolução do Hawker 400XP em voo exclusivo

O Hawker 400XP teve o peso máximo de decolagem aumentado e incorporou uma série de opcionais


Em março de 2005, avaliamos o Hawker 400XP, um jato que se destacava pela boa relação custo-benefício e ampla rede de suporte no Brasil - Paul Bowen
Em março de 2005, avaliamos o Hawker 400XP, um jato que se destacava pela boa relação custo-benefício e ampla rede de suporte no Brasil - Paul Bowen

Diferentes aeronaves costumam fazer sucesso graças às inovações contidas em seus projetos ou pela longevidade com que operam. No caso deste ensaio, esses dois fatores podem ser combinados.

A base do jato executivo Hawker 400XP voou pela primeira vez em agosto de 1978, com o nome de Mitsubishi MU300 Diamond 1. O projeto original foi desenvolvido pela divisão aeronáutica da Mitsubishi, que até então produzia turbo-hélices de asa alta equipados com motores Garrett. Uma série de melhorias foi incorporada ao projeto do MU300 e assim nasceu a versão Diamond 2, que voou pela primeira vez em 1984.

Nessa época, a Beechcraft, tradicional fabricante norte-americano de turbo-hélices e aviões a pistão, planejava entrar na faixa dos jatos leves. O caminho mais curto foi comprar o projeto e os direitos de fabricação dos japoneses. Apenas onze Diamond 2 foram produzidos antes da venda do projeto.

Rebatizado de Beechjet 400, o avião ganhou motores Pratt & Whitney Canada JT15D5, mais potentes, teve o interior redesenhado e foi produzido pela Beechcraft de 1986 até novembro de 1990, quando foi substituído pela versão Beechjet 400A.

O modelo 400A teve seu peso máximo de decolagem e teto operacional aumentados e o tanque de fuselagem foi reposicionado para aumentar o espaço interno da cabine de passageiros. O cockpit ganhou uma série de equipamentos novos da linha Collins Pro Line 4, com três tubos de EFIS coloridos, dois PFD (Primary Flight Display) e um MFD (Multi-Function Display), tendo como opcional o segundo MFD.

Até hoje foram fabricadas mais de 600 unidades a partir da base desenvolvida pela Mitsubishi, sendo 400 exemplares da versão 400A e 200 da versão militar — 180 aviões para a Força Aérea Norte-Americana (T-1 Jayhawk) e 20 para a Força Aérea Japonesa (T-400).

No ano passado [referente ao ano de 2004], a Raytheon decidiu reposicionar o jato dentro de sua linha de produtos. Desse modo, foi rebatizado Hawker 400XP e passou a oferecer uma série de opcionais como itens de fábrica. Mesmo assim, o preço do avião permaneceu inalterado e o peso máximo de decolagem aumentou em 200 libras.

Hawker 400XP
Cockpit conta com a suíte Collins Pro Line 4, com três tubos de EFIS coloridos, dois PFD e um MFD, tendo como opcional o segundo MFD

O novo impulso na linha de montagem se deve ao aumento do número de encomendas para o modelo. Somente a NetJets, empresa que administra cotas de aeronaves compartilhadas (fractional ownership), encomendou 100 Hawker 400XP, 50 para serem operados nos Estados Unidos e outros 50 que irão voar na Europa.

Além de contar com uma frota já implantada, que opera em todo o mundo, e possuir uma cabine com capacidade para até nove passageiros bastante confortável, cujo formato da fuselagem oferece maior espaço para a cabeça e o ombro dos passageiros, o Hawker 400XP oferece ainda cinco anos de garantia para a aeronave e dois anos de garantia para o interior. As garantias incluem peças sobressalentes e mão de obra.

Na rota São Paulo – Brasília

O novo 400XP também está equipado com uma suíte de aviônicos completa, com sistema de alerta de tráfego TCAS II (versão VII, exigida para voos RVSM), alerta de colisão com o terreno EGPWS e duplo FMS Collins com navegação vertical (VNAV).

Vamos voar o primeiro Hawker 400XP a operar no Brasil, o PT-UQF, que está com 70 horas totais e pertence a uma indústria química. O encontro acontece no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, no hangar da Líder Táxi Aéreo, representante brasileira da Raytheon Aircraft.

Hawkwe 400
O acesso à cabine de passageiros é feito por uma porta larga, com escada retrátil de dois degraus

Na ocasião, fomos acompanhar um típico voo executivo — transportar um empresário paulista para Brasília (DF). O responsável pela operação do avião é o comandante Tadeu, acompanhado pelo comandante Schnorl, que tem mais de 1 500 horas em Beechjet e tem supervisionado a adaptação do comandante Tadeu ao 400XP.

Hawker 400XP
Compensadores de rolagem no bordo de fuga, próximos à ponta das asas

Chegamos às 06h00 para preparar a aeronave, e Quebec-Fox já está na rampa. Sigo o comandante Schnorl durante a inspeção externa. Não há mudanças significativas, mas vale observar com mais cuidado a asa deste Hawker, que não possui ailerons. O comando de rolamento é feito por spoilers, que têm função dupla: comandam manobras de rolagem e atuam como freios aerodinâmicos (speed brakes).

No bordo de fuga, próximo à ponta da asa, existem pequenos compensadores de rolagem. Grandes flapes, do tipo Fowler, com quatro posições (0, 10, 20 e 30), ocupam praticamente toda a extensão do bordo de fuga das asas.

O acesso ao compartimento externo de bagagem fica localizado abaixo do motor esquerdo e seu tamanho é adequado para a operação típica da aeronave, com quatro passageiros. O bagageiro tem capacidade para 204 kg. Se a mala ou qualquer outro volume for muito grande, a solução é acondicioná-la no compartimento interno de bagagens, que fica junto ao toalete e pode carregar mais 159 kg.

Hawker 400XP
Configurado para sete passageiros, o interior tem uma disposição club seating no centro da cabine

O acesso à cabine de passageiros é feito por uma porta larga, com escada retrátil de dois degraus. O interior está configurado para sete passageiros, com duas poltronas no fundo viradas para a frente, uma configuração club seating (2+2) no centro da cabine e uma poltrona virada para trás, próxima à porta de acesso. O acabamento interno é muito bom, com poltronas em couro bastante confortáveis.

Uma galley básica (guarda-copos, água quente, compartimento térmico e lixeira) garante conforto extra aos passageiros. No fundo da cabine fica o toalete, bastante confortável, junto ao bagageiro interno do avião. A Raytheon retirou a janela do toalete no 400XP, o que reduziu sensivelmente o nível de ruído na cabine.

Hawker 400XP
Grandes flapes, do tipo Fowler, em quatro posições, ocupam quase toda a extensão do bordo de fuga da asa

De modo geral, o conforto para os passageiros é bom em etapas de até três horas. O ângulo de recline das poltronas é muito bom, assim como o espaço disponível para as pernas, principalmente na parte dianteira da cabine. A aeronave ensaiada está equipada com um sistema de som ambiente opcional, com capacidade para seis CDs e controle remoto. O ar-condicionado do Hawker 400XP permite resfriar a aeronave sem a necessidade de aguardar a partida dos motores. Basta utilizar uma fonte elétrica externa.

O desempenho do 400XP também melhorou. O aumento em 200 libras no peso máximo de pouso significa carregar um passageiro a mais, por exemplo. Com capacidade máxima de payload (2 050 libras), essa aeronave tem um alcance de aproximadamente 870 milhas náuticas; na configuração de alcance máximo (1 550 milhas náuticas), é possível levar dois tripulantes e três passageiros.

Operando no peso máximo de decolagem, o Hawker decola de pistas a partir de 1 200 metros de comprimento. Para aterrissar com peso máximo de pouso, o 400XP exige uma pista de pelo menos 1 100 metros e uma Vref de 117 nós.

Uma característica que aumenta a flexibilidade operacional desse avião é a pequena diferença entre seu peso máximo de decolagem (16 300 libras ou 7 349 kg) e o peso máximo de pouso (15 700 libras ou 7 394 kg). Isso permite decolar com tanque cheio e realizar um pouso apenas 30 minutos depois.

Hawker 400XP
No confortável cockpit, equipado com três telas EFIS, luzes se acendem para indicar que determinado sistema foi acionado; abaixo, em destaque, duas telas EFIS (PFD e MFD) e os dois computadores de bordo, no canto direito

A cabine de comando não é a mais moderna do mercado, mas é bem completa. Conta com três telas EFIS, a quarta delas opcional. Os dados para navegação são provenientes de dois computadores de bordo (FMC), e todo o planejamento de navegação é visualizado no MFD, que tem a capacidade de desenhar órbitas, arcos DME e curvas — mas é bom ressaltar que essas funções não estão disponíveis em alguns conjuntos de aviônica.

Os comandos dos sistemas e dos alarmes estão distribuídos pela cabine, e as luzes acendem quando determinado sistema é acionado. É uma filosofia inversa às atuais cabines escuras (dark cockpit), o que exige apenas uma rápida adaptação. Outro ponto importante é que os comandos HDG (heading ou rumo) e CRS (course ou curso) do Flight Director estão no painel central inferior.

O Hawker tem dois computadores independentes de Flight Director, e os painéis de acionamento estão fora do campo primário de visão do piloto; portanto, qualquer alteração deve ser feita nos dois painéis a fim de evitar que o sistema receba duas informações discrepantes.

O 400XP é certificado para operar com dois pilotos. O acesso ao banco é um pouco difícil, porém, um apoio de pé no painel central ajuda na manobra. Os cheques pré-voo são um pouco extensos, pois quase todos os sistemas são convencionais.

JT15D-5
Mesmo contando com 3.190 libras de empuxo, o JT15D-5 usado no Hawker 400XP tem disponível 2.965 libras de empuxo cada

O motor fabricado pela Pratt & Whitney Canadá, modelo JT15D-5, tem potência térmica de 3 190 libras de empuxo, porém, está ajustado para 2 965 libras. Essa diferença aumenta a vida útil e a confiabilidade do motor, que tem um tempo entre revisões gerais (TBO) de 3 500 horas. O controle dos parâmetros do motor é feito pela HMU (Height Monitoring Unit). O sistema de combustível é composto por três tanques, dois nas asas e um central, com capacidade total de 733 galões americanos.

O sistema antigelo funciona com sangria de ar quente dos estágios de compressão do motor para as asas e tomadas de ar dos motores; o estabilizador horizontal é protegido por um sistema de aquecimento elétrico.

O jato está pronto para iniciarmos o voo. Às 7h30, damos a partida no motor. A partida é rápida, usando uma fonte externa. Abrimos o combustível ao atingir entre 8% e 10% de N2. A partida é muito fria e não ultrapassa os 350ºC — seu limite é de 700ºC por dois segundos. Acionamos, então, a bateria, que permite realizar partidas rápidas nos dois motores quando ela é a única fonte de energia.

Hawker 400XP
Com velocidade de cruzeiro de 468 nós, o 400XP tem alcance máximo de 3 226 km com cinco a bordo

Após a partida, iniciamos o taxiamento. O controle direcional é feito através dos pedais, que comandam o trem de nariz, 25 graus para cada lado. Uma amplitude extra, de mais 20 graus, é conseguida ao utilizar o freio diferencial e a potência assimétrica nos motores. O raio de curva é restrito e fica difícil manobrar em pátios e pistas apertadas.

Durante o taxiamento, são requeridos vários cheques: reverso, speed brake, anti-skid, jet pump, piloto automático, freios, transferência de combustível e alimentação cruzada, rudder boost e EFC. Isso exige uma grande atenção do piloto que não está realizando o taxiamento, enquanto o outro tripulante manobra a aeronave no solo.

Hawker 400XP
Um dos robustos trens de pouso principais, embaixo da asa. E deriva em T, típica da família Hawker, tem sistema elétrico de compensador [abaixo]
Hawker 400XP

Somos o número cinco para a decolagem. Rapidamente, a Torre São Paulo coordena as aeronaves que se aproximam e que estão prestes a decolar. Chega, então, a nossa vez. Estamos com peso de 15 000 libras, flapes 10, e teremos as seguintes velocidades: V1 = 105 nós; VR = 111 nós; e V2 = 118 nós.

Estamos alinhados, a potência de decolagem é de 99,3% de N1, e aceleramos rapidamente. O pitch inicial após a rotação é de 15 graus, mas a sensação é de ser mais acentuado. A razão de subida inicial é de 3 000 pés/minuto e, a 3 000 pés de altitude (400 pés acima do nível do solo), iniciamos a retração dos flapes, reduzimos a potência e aceleramos para 190 nós devido à restrição de velocidade do procedimento de subida. A velocidade normal de subida é de 220 nós. Conseguimos manter 2 500 pés/minuto até o FL 100 (10 000 pés), e depois a razão vai reduzindo até estabilizar em 1 500 pés/minuto acima do FL 200.

O Controle São Paulo nos instrui a chamar o Centro Brasília, já que nosso nível no plano de voo é o FL 280. A aeronave tem capacidade para operar em ambiente RVSM (com separação mínima vertical reduzida a 1 000 pés), porém, ainda não concluiu o processo de certificação, que é individual para cada matrícula.

Nesse início de manhã, o movimento é intenso na Terminal São Paulo, o que atrasa um pouco nossa liberação para o FL 330. Isso porque aeronaves que ainda não cumprem os requisitos RVSM podem voar nos níveis RVSM desde que autorizadas pelo controlador e com separação de 2 000 pés das demais aeronaves.

O teto de serviço do Hawker 400X é de 45 000 pés, porém, está limitado a 41 000 pés quando seu peso for superior a 14 000 libras. Após nivelarmos no FL 330, a velocidade é ajustada para Mach .76, com consumo aproximado de 580 libras de combustível por motor.

Após uma hora de voo, o ACC Brasília ordena nossa descida, inicialmente para o FL 200, a fim de interceptarmos a STAR Pura 2 para cumprir o procedimento de precisão ILS da pista 11. Iniciamos a redução de velocidade com 180 nós e posicionamos o flape em 10. Ao interceptar o Localizador, comandamos trem embaixo e flape 20; no marcador externo, ajustamos para flape 30.

Hawker 400XP
O teto de serviço, de 45 000 pés, fica restrito a 41.000 pés se o peso for superior a 14 000 libras

O controle na final é um pouco diferente devido aos spoilers. Com vento de través, deve-se usar o pedal um pouco mais que o normal. Nossa Vref é de 107 nós. Mantemos velocidade de 112 nós na aproximação, a rampa do glide slope está cravada, o toque é na marca de 1 000 pés, e a frenagem é bastante eficiente, auxiliada pelo reverso.

Seguimos para o hangar da Líder após 1h20min de voo e 1 920 libras de combustível consumidas.

Aguardamos até as 16h30 para retornar a São Paulo, e a rotina se repete: embarque, partida, táxi, cheques de táxi etc. Uma coisa interessante é que nosso Hawker não tem farol de taxiamento; portanto, usamos o farol de pouso para esse fim. Tomando cuidado para evitar um possível superaquecimento, aguardamos para decolar no ponto de espera.

Temos V1 = 108 nós; VR = 112 nós; V2 = 118 nós; e 98,2% de N1. A diferença nos parâmetros se deve à elevação de Brasília e à temperatura externa de 28ºC. Após a decolagem, somos liberados diretamente para o FL 280, que atingimos em 18 minutos.

É preciso se acostumar com a ergonomia do compensador elétrico, que fica no manche, pois, no mesmo botão, estão os controles do stabilizer trim e do compensador de rolamento. Assim que nivelamos, o sistema de som é acionado, e seguimos na proa de Pirassununga (SP) com uma excelente trilha sonora. Após algum tempo, somos liberados a subir ao FL 360.

Nivelamos em 36 000 pés, estabilizados, com velocidade de Mach .77 e consumo aproximado de 560 libras por hora em cada motor. É final de tarde de verão e notamos o surgimento de várias formações. O controle do radar meteorológico é feito pelo CDU do FMS, e as informações são mostradas na tela do MFD. É possível controlar todos os rádios pelo CDU ou pela RTU.

Uma chuva forte cai sobre Congonhas e fecha o aeroporto para decolagens e aproximações, o que acaba causando um acúmulo de tráfego. Somos instruídos pelo Controle Brasília a orbitar sobre a cidade de Araraquara (SP) e imediatamente reduzimos a velocidade. Planejamos o procedimento no FMS e, após duas órbitas, somos liberados a tomar a proa de Grade, ponto de entrada na carta STAR de São Paulo.

Seguimos tranquilos na aproximação, usando o FMS para a navegação lateral e vertical. Já estabilizados no ILS, somos transferidos para a Torre São Paulo, que indica o pouso na pista 17L (esquerda), que está levemente umedecida. O comandante Tadeu conduz o Hawker tranquilamente na final, o flare é perfeito, toque suave, e imediatamente o piloto comanda o reverso e apoia os pés no freio. A desaceleração é suave, e livramos na interseção central, em direção ao hangar da Líder.

Após o voo, fica a certeza de que o Hawker 400XP atende bem a boa parte dos operadores de jatos leves, com uma relação custo-benefício bastante competitiva e uma plataforma já comprovada. Tem ainda uma boa rede de suporte no Brasil.

Atualmente, a linha de montagem deste modelo tem encomendas para os próximos cinco anos, o que indica que o projeto consagrado do 400XP continua agradando aos operadores, fato pelo qual tem sido permanentemente atualizado. Novos concorrentes têm surgido nos últimos anos, a maioria com projetos até mais modernos. Mas isso não parece incomodar o bravo samurai.

FabricanteRaytheon Aircraft CompanyHawker 400 vistaHawker 400 vistaHawker 400 vista
Preço básicoUS$ 7.117.465,00**
MotorPratt & Whitney JT15D-5
Potência2.965 libras
Capacidade2 pilotos + 7/9 passageiros
DimensõesEnvergadura: 13,26 m
Comprimento: 14,76 m
Altura: 4,24 m
Altura de cabine: 1,45 m
Área da asa: 22,4 m²
PesosPeso básico operacional: 10.950 libras
Peso máximo de rampa: 16.500 libras
Peso máximo de pouso: 15.700 libras
Peso máximo de decolagem: 16.300 libras
Payload máximo: 2.050 libras (930 kg)
Peso máximo de combustível: 4.912 libras
DesempenhoVelocidade de cruzeiro: 468 nós (865 km/h)
Velocidade de cruzeiro econômico: 414 nós (476 mph)
Distância de pouso (peso máx., ISA, nível do mar): 1.071 m
Distância de decolagem (peso máx., ISA, nível do mar): 1.191 m
Alcance máximo: 1.742 mn (3.226 km)
Teto operacional: 45.000 pés

*Publicado originalmente na AERO Magazine 130 · Março/2005
** Valor referente de 2005

Daniel Torelli
Publicado em 10/02/2025, às 15h31


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