Caos político pode determinar a saída do país do programa F-35 JSF
O fracassado golpe militar na Turquia pode comprometer o futuro do F-35 Lightning II no país. As ações do dia 15 de julho fortaleceram o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan, que se apoia em um argumento convincente para reprimir opositores e fechar ainda mais o governo.
A relação entre a Turquia e a OTAN passou por alguns contratempos nos últimos meses, especialmente com a suspeita do governo Erdogan apoiar grupos radicais islâmicos. Ainda assim, o país continua sendo um importante aliado dos Estados Unidos e da OTAN na região.
Porém, com um governo instável e uma situação política próxima do caos, a possibilidade de Erdogan partir para um governo autoritário, possivelmente alinhado com ditaduras religiosas e radicais do Oriente Médio, coloca em dúvida a chance da Turquia receber o F-35.
O temor das autoridades dos Estados Unidos é que a tecnologia sensível do avião possa ser compartilhada com nações hostis a Washington. Outro temor é que com um possível rompimento das relações da Turquia com o Ocidente, o governo Putin, ou mesmo o chinês, possa aproveitar para se aproximar de Ancara e mudar a geopolítica já instável na região.
Uma das preocupações do governo norte-americano é que entregar o F-35 a Turquia poderia vender sua tecnologia a diversas nações, facilitando a espionagem especialmente das agências de inteligência russas e chinesas. Outra preocupação atual é a situação dos F-16 Fighting Falcon e C-130 Hercules operados pelo país. Durante a tentativa de golpe, alguns caças foram vistos sobrevoando Ancara. O presidente ordenou a prisão de centenas de oficiais e generais das forças armadas, aumentando a instabilidade política e militar no país.
Para o programa F-35 JSF a potencial perda da Turquia, que possui 100 aeronaves encomendadas, é vista como delicada, pois deve encarecer ainda mais o programa. Para as empresas turcas a saída do país do projeto representa perdas superiores a US$ 12 bilhões. No total, dez empresas turcas participam do projeto, muitas trabalhando diretamente no desenvolvimento e produção de itens sensíveis, como motor, estrutura, sistemas de interface dos misseis, displays, entre outros. A saída de tais empresas deve comprometer as entregas, já que algumas são fornecedoras exclusivas de sistemas e partes críticas.
Redação
Publicado em 21/07/2016, às 18h00 - Atualizado em 22/07/2016, às 12h23
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