Presença de produtos tóxicos no porta-aviões São Paulo impediram a entrada na Turquia e agora navio que deveria ser sucateado está voltando ao Brasil
O antigo porta-aviões NAe A-12 São Paulo, da Marinha do Brasil, está retornado ao Rio de Janeiro após ter sua entarda barrada na Turquia. O motivo foi a denúncia que a bordo existe uma grande quantidade de amianto, produto cancerígeno e proibido de ser exportado, mesmo que agregado a uma estrutura já construída.
A ação de bloqueio ocorreu por meio do ministério do meio ambiente da Turquia. A entrada na Europa não foi proibida apenas em águas turcas, mas autoridades de Gibraltar, no estreito entre o Atlântico e o Mediterrâneo, também negou a passagem do velho porta-aviões.
O navio já iniciou sua viagem de retorno ao Brasil, com previsão de chegar no dia 2 de outubro. Um site de monitoramento de navios mostra o rebocador holandês Alp Centre na região de Cabo Verde. A embarcação foi contratada para transportar o A-12 São Paulo até o estaleiro na Turquia, mas teve que retornar após problemas com o amianto.
Em 2021, o A-12 foi arrematado R$ 10,5 milhões pelo estaleiro turco Sok Denizcilikve Tic, que seria responsável pelo desmonte. No dia 4 de agosto o navio deixou o Rio de Janeiro rumo à Turquia, mas imediatamente uma série de ações foram tomadas para evitar o desmanche do porta-aviões, com a alegação de amianto a bordo como a principal justificativa.
Além disso, também foi emitida no dia 4, uma ordem judicial solicitada pelo Instituto Foch/São Paulo, que visa a transformação do navio aerodrómo em um espaço cultural, para retorno do porta-aviões ao Rio de Janeiro. O futuro do NAe A-12 São Paulo parece incerto novamente, especialmente pela presença de material tóxico a bordo.
A história do NAe A-12 São Paulo começou na França, durante a Guerra Fria, quando foi incorporado pela marinha francesa com o nome de PA Foch em 1963. Durante 37 anos o navio fez parte da esquadra da França, quando foi vendido ao Brasil, por apenas 10 milhões. Na ocasião o A-12 deveria substituir o já veteranos NAe A-11 Minas Gerais, que estava em serviço há mais de 40 anos.
O navio ganhou o nome de São Paulo e foi a nau capitânia da esquadrada da Marinha do Brasil por 22 anos, além de virtualmente ser o único porta-aviões da América Latina e América do Sul. Todavia, durante os seus poucos anos em operação a embarcação, que chegou a ser a mais antiga do mundo em atividade, passou a maior parte do tempo parado para manutenção.
O A-12 operou por um curto período com os caças navais A-4KU Skyhawk (AF-1 como são denominados pela Marinha), que foram adquiridos usado do Kuwait em 1997. Os 23 caças realizaram poucos embarques, especialmente por conta dos problemas no porta-aviões. Ao longo de duas décadas o NAe A-12 esteve por apenas 206 dias no mar, navegando por 85.334 quilômetros e registrando a modesta marca de 566 operações aéreas.
A antiga embarcação colecionou uma série de problemas, como um incêndio em 2006, que provocou a morte de um marinheiro e feriu outros dois.
Desde então, uma série de falhas foram registradas, aumentando os gastos e gerando altos custos para a força aeronaval brasileira. Em 2014, foi tomada a decisão de aposentadoria do porta-aviões, que passou por um processo de oito anos de desativação.
Redação
Publicado em 14/09/2022, às 19h40
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