Mudanças no mundo do trabalho tornou a profissão de piloto de avião a mais desejada entre jovens e aqueles que pensam em mudar de emprego
Um novo estudo sobre as profissões mais desejadas mostrou que piloto de avião é o trabalho dos sonhos em 25 países, incluindo os Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, índia, Nova Zelândia e Austrália. A profissão de aviador ficou na frente de escritor, dançarino, youtuber, empreendedor, ator e influenciador digital.
A pesquisa foi conduzida pela Remitly, uma prestadora de serviços financeiros para imigrantes que aceitam mudar de país em busca de oportunidades profissionais melhores. A empresa analisou os dados anuais de pesquisa globais através do volume buscas de frases comumente associadas a nova carreira para descobrir quais empregos são os mais populares entre os habitantes de cada país.
O estudo foi feito através da análise de pesquisas no Google, onde o termo “como se tornar um piloto” liderou uma lista com aproximadamente 200 tipos de trabalho diferentes, sendo o termo mais pesquisado entre profissões.
O volume de pesquisas pelo termo piloto atingiu quase 1 milhão buscas, superando outras carreiras tradicionais, como escritor (800.000), dançarino (278.000), YouTuber (195.000) e empreendedor (178.000), que fecham o top 5. Os termos "programador" e "professor" aparecem em oito e décimo lugar, respectivamente.
Embora a aviação tenha enfrentado sua maior crise desde abril de 2020, quando quase todos os voos comerciais do mundo foram cancelados por vários meses, a profissão de piloto ainda habita o imaginário popular pelo desafio e a oportunidade de viagens.
“Podemos ver uma enorme variedade de diferentes profissões em destaque, incluindo muitas que podem ser feitas exclusivamente online, de qualquer lugar do mundo. É claro que nosso desejo por viagens e exploração não diminuiu nos últimos anos e, apesar de ser um momento difícil para a indústria da aviação, tornar-se piloto continua sendo um estilo de vida muito procurado”, comentou Jago McKenzie, diretor de gerenciamento de negócios da Remitly.
Com quase um milhão de pesquisas no Google por ano para se tornar um piloto, é o emprego dos sonhos na maioria dos países, no entanto, uma carreira como escritor não está muito atrás, liderando as listas de desejos de países como Índia, Nova Zelândia e África do Sul.
A busca pelo termo “como se tornar um piloto” não parece um simples modismo ou apenas curiosidade atrelada a sonhada oportunidade de conhecer o mundo enquanto trabalha.
Nos Estados Unidos existe hoje uma crítica falta de pilotos profissionais, em um fenômeno que desenvolveu ao longo de vários anos e atingiu seu auge com a crise sanitária.
Por décadas as empresas aéreas norte-americanas ofereciam poucas novas oportunidades de emprego para jovens pilotos. Ao longo de quase quarenta anos a aviação comercial se beneficiou das centenas de pilotos militares que encerraram suas carreiras na força aérea ou marinha, após as guerras do Vietnã e Iraque (a primeira), ingressando em companhias aéreas já com vasta experiência de voo.
A tendência de os recrutadores optarem por ex-militares, em detrimento de alunos oriundos de escolas de aviação civil pouco a pouco passou afastar jovens da carreira de piloto. Ironicamente os Estados Unidos seguem como o maior formador de pilotos civis e militares do mundo, mas no primeiro caso a maioria segue o desporto, voando aeronaves privadas por prazer ou como profissionais liberais que se beneficiam do uso do avião particular em sua rotina profissional. Após a crise financeira de 2008, dezenas de escolas de aviação encerraram suas atividades no país, dificultando ainda mais a contratação de pilotos com formação civil. Somado a isso, as empresas aéreas regionais dos Estados Unidos oferecem salários extremamente baixos e condições pouco atraentes para atrair novos talentos, enquanto as grandes companhias tinham poucas vagas em aberto. Por fim, em 2014, a FAA, autoridade de aviação norte-americana, elevou o mínimo de horas para ingresso na aviação regular para 1.500 horas, afastando ainda mais jovens pilotos da carreira.
Com a aposentadoria de centenas de pilotos nos últimos dois anos e a falta de novos candidatos nos Estados Unidos levou a contratação de aviadores de diversas nacionalidades, em um fenômeno similar ao existente entre empresas aéreas do Oriente Médio e alguns países da Ásia. A média dos salários entre as empresas norte-americanas apresentaram forte crescimento nos últimos meses, superando em alguns casos as companhias árabes.
Com o Bureau of Labor Statistics dos EUA projetando um crescimento na aviação mais rápido do que a média de outros segmentos da economia, não é surpresa que as buscas pela carreira de pilotos de linha aérea estejam no topo da lista de empregos dos sonhos. Atualmente as oportunidades na carreira de piloto segue em alta em alguns países como Qatar, Emirados Árabes, Índia, China e Estados Unidos.
Embora a maioria dos empregos na aviação com salários elevados estejam em um pequeno grupo de países, exigindo que o profissional esteja disposto a imigrar e começar uma vida nova, a tendência é vista como uma nova realidade no mundo do trabalho.
“Algumas das principais razões pelas quais as pessoas buscam uma mudança de carreira são para melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal, remuneração mais alta e uma carreira mais significativa e gratificante”, pontua McKenzie.
Além de piloto, as procuras por algumas profissões em alta, como programador, seguem uma tendência global de interesse. Contudo, jovens na faixa dos 20 anos tornaram possível o surgimento de profissões que sequer existiam quase eles nasceram, como destaque para YouTuber e demais influenciadores digitais.
YouTuber, influenciador e programador todos aparecendo no top 10, apesar de serem carreiras que nem existiam na virada do milênio.
Tornar-se um YouTuber é a carreira dos sonhos para quem mora no México, Uruguai e Bolívia, e o influenciador é a escolha preferida dos moradores da Espanha, Argentina e Colômbia.
No Brasil o termo mais procurado é executivo, seguindo a tendência de busca por empregos altamente qualificados e com salários elevados.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 14/02/2023, às 15h30
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