Empresas de Israel são impedidas de exibir armas no Paris Air Show e critica censura
O governo francês determinou o bloqueio dos estandes de quatro das principais empresas de defesa de Israel no Paris Air Show 2025, após a recusa em remover das exibição armas ofensivas — categoria que inclui mísseis, bombas e armamentos com capacidade de ataque direto.
A decisão, executada na véspera da abertura oficial do evento, foi motivada, segundo autoridades francesas, para evitar que armas ofensivas ou cinéticas fossem exibidas ao público. As utoridades francesas confirmaram que a exigência foi comunicada com antecedência a todos os expositores, incluindo a embaixada de Israel em Paris.
O gabinete do primeiro-ministro francês afirmou que os estandes poderiam ser reabertos caso as empresas cumprissem a exigência. O premiê François Bayrou justificou a decisão citando “a grande preocupação com a situação em Gaza” e reiterou o apoio da França ao direito de autodefesa de Israel, mas não a ações ofensivas, como ataques ao Irã.
Contudo, a atitude foi classificada por autoridades israelenses como “sem precedentes” e “politicamente motivada”. O Ministério da Defesa de Israel afirmou que o bloqueio contraria a prática padrão de feiras internacionais do setor e acusou a França de proteger seus fabricantes da concorrência. “A decisão, tomada de forma abrupta e sem precedentes, levanta suspeitas de motivações comerciais e políticas”, declarou o ministério em nota oficial.
As empresas afetadas foram Elbit Systems, Rafael, Israel Aerospace Industries (IAI) e Uvision. Como resposta, organizadores do Paris Air Show ergueram paredes pretas ao redor dos estandes, bloqueando a visualização dos sistemas. Três expositores menores israelenses, que não exibiam armamento, e o estande do Ministério da Defesa de Israel, permaneceram abertos.
Segundo a agência Reuters, Boaz Levy, CEO da IAI, afirmou que o bloqueio foi uma ruptura inesperada, mesmo após todos os trâmites de autorização terem sido cumpridos. “As divisórias pretas lembram os dias sombrios em que os judeus eram separados da sociedade europeia”, declarou.
Até o fechamento desta reportagem, a restrição permanecia em vigor e as negociações entre as partes continuavam sem desfecho oficial.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 16/06/2025, às 09h00
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