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Acidente VoePass 2Z-2283

O que diz o reporte preliminar do acidente com o ATR 72 da Voepass?

Pilotos comentaram sobre sistema antigelo antes de perda de controle, segundo dados revelados no reporte preliminar emitido pelo Cenipa


Reporte preliminar diz que pilotos relataram falhas no sistema de degelo durante o voo - Secretaria de Segurança de São Paulo
Reporte preliminar diz que pilotos relataram falhas no sistema de degelo durante o voo - Secretaria de Segurança de São Paulo

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou o reporte preliminar sobre o acidente com o ATR 72 da Voepass, que aconteceu em Vinhedo, no dia 9 de agosto, vitimando 62 pessoas.

De acordo com o reporte os pilotos relataram falhas no sistema de degelo durante o voo. O copiloto mencionou "bastante gelo" minutos antes da queda, enquanto o sistema de degelo foi acionado diversas vezes. No entanto, a aeronave voou por determinado período sem o sistema funcionando, o que pode ter contribuído para o acúmulo de gelo nas asas.

O documento, produzido em caráter factual, revelou também que o ATR 72 voou em uma região com a presença de gelo severo, o que havia sido previamente reportado nas cartas meteorológicas.

Na coletiva de imprensa promovida pelo Cenipa, os investigadores lembraram que o ATR 72 é certificado para voar em condições de gelo. Porém não foi possível evidenciar que o gelo tenha sido a causa da queda do avião da Voepass muito embora tenha ficado claro que essa seria uma das linhas de investigação e provável elo inicial do acidente.

O reporte apresentado informou também que o avião se encontrava aeronavegável, mesmo estando com uma das duas packs (sistema que controla a pressurização e temperatura da cabine) inoperante, limitando o voo da aeronave no teto máximo operacional em 17.000 pés. Todavia, ressaltando que não haveria qualquer prejuízo ou impedimento legal para à realização do voo.

Outro fato apontado pelo Cenipa foi a não autorização concedida ao Voepass 2283 para iniciar a descida para um nível de voo onde houvesse menor concentração de gelo severo, um ponto muito questionado entre pilotos.

Por ora, ao que se sabe é que naquele momento havia duas outras aeronaves (um Boeing 737 e um Airbus A320) que trafegavam em rumos convergentes nos níveis mais baixos do que o ATR, inviabilizando a autorização pelo Controle São Paulo (APP-SP) para início da descida. Segundo o Cenipa não houve nenhum registro de solicitação de descida imediata por gelo por parte da tripulação.

Apesar dos relatos dos pilotos que pudessem haver panes no sistema contra gelo, o chefe do Cenipa, brigadeiro Marcelo Moreno, afirmou que a falha no sistema antigelo não foi confirmada pelos dados técnicos até o momento. O militar reforçou que a aeronave estava certificada para voar em condições de gelo, e os pilotos possuíam treinamento adequado para lidar com essas situações.

A investigação ainda está em andamento, sem uma definição sobre a causa do ocorrido. Os relatórios do Cenipa, como de praxe, não apontam culpados, mas identificam fatores que contribuíram para o ocorrido, visando melhorar a segurança de voo.

A Polícia Federal informou que também conduz uma investigação criminal paralela ao Cenipa, essa sim com objetivo de buscar entender e punir eventuais culpados pelo acidente.

Por Micael Rocha
Publicado em 06/09/2024, às 20h00


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