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O futuro das viagens aéreas mais eficientes e sustentáveis

Indústria busca diversas alternativas para transformar as viagens aéreas mais eficientes e sustentáveis até o final da década


Imagem O futuro das viagens aéreas mais eficientes e sustentáveis

O impacto crescente das viagens aéreas nas emissões de carbono exige uma mudança para práticas sustentáveis. De acordo com a Agência Internacional de Energia, as emissões de CO2 relacionadas ao setor podem representar 3,5% de todas as emissões globais até 2030, ultrapassando o nível de 2019, o maior, até então, da história.

À medida que o número de passageiros aumenta, a indústria aeroespacial deve buscar meios de inovar e tornar as viagens áreas mais eficientes e sustentáveis. Neste cenário, os governos têm um papel crucial no fornecimento de quadros regulamentares de apoio e incentivos para estimular o desenvolvimento e a adoção destas tecnologias inovadoras.

Do lado das companhias, é preciso pensar em ações para mitigar esse problema e alcançar a meta de zerar as emissões líquidas até 2050. E a tecnologia pode ser uma importante aliada, com soluções já disponíveis ou em desenvolvimento, como combustíveis sustentáveis (SAF, na sigla em inglês), armazenamento de energia de longa duração, além células de combustível de hidrogênio para propulsão de geradores e turbogeradores.

O leque de possibilidades amplia-se ainda mais quando olhamos as possibilidades de aviões elétricos percorrer diferentes distâncias. Ou seja, independente da atuação, o objetivo comum de todas as companhias preocupadas em manterem-se competitivas é aliar praticidade com eficiência energética, de forma sustentável.

Falando especificamente de combustíveis, já há opções disponíveis, como o combustível de biomassa, uma importante alternativa de baixo carbono quando comparado ao combustível de petróleo bruto.

Uma das tecnologias existentes, o Ecofining, da Honeywell, permite a produção de SAF e que pode ser usado como substituto imediato – sem a necessidade de modificações no motor – com uma mistura de até 50% com o combustível de aviação convencional.

Outro importante processo à disposição do mercado é de Ethanol to Jet (ETJ), que permite a conversão do etanol em uma alternativa de baixo carbono, densa em energia, estável e compatível com a infraestrutura existente nos aeroportos. A Honeywell e a GranBio Technologies trabalham para combinar o ETJ com a tecnologia AVAP de etanol celulósico da empresa para produzir o SAF neutro em carbono, feito a partir de resíduos de biomassa.

O processo AVAP converte biomassa, incluindo resíduos florestais e agrícolas, em açúcares puros, de baixo custo e baixa intensidade de carbono, lignina e nanocelulose, viabilizando a produção de SAF neutro em carbono. Os açúcares celulósicos são convertidos então em SAF, por meio da tecnologia ETJ e em coprodutos bioquímicos, por meio de um processo separado.

Além disso, há também um processo de conversão de hidrogênio verde – desenvolvido a partir de fontes de energia renováveis, como a eólica e a solar – e dióxido de carbono em eletro combustíveis, ou eFuels, que podem reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 88% em comparação com o combustível de aviação convencional¹.

Aumentar cuidadosamente a produção destes combustíveis é necessário para alimentar voos 100% movidos a SAF, o que é fundamental para ajudar o setor a cumprir as suas metas de redução de carbono. Por isso faz-se necessário empregar diferentes caminhos para a produção de SAF, alinhados a outras soluções, como tecnologias de propulsão inovadoras.

Aviões elétricos

Alice Eviation
Diversos fabricantes planejam viabilizar aeronaves elétricas até o final da década | Imagem: Eviation

Quando combinada com fontes de energia renováveis, a propulsão elétrica tende a facilitar o caminho para alcançar a meta de zerar emissões líquidas, uma vez que, não utilizando combustível de aviação, gasolina ou outros hidrocarbonetos, aeronaves deixam de despejar dióxido de carbono na atmosfera.

Já há testes em andamento com aeronaves pequenas e de curto alcance que podem voar entre 90 e 320 quilômetros, como as de mobilidade aérea urbana (UAM) e de mobilidade aérea avançada (AAM). O objetivo dessas iniciativas é promover um amadurecimento da tecnologia e estabelecer caminhos de certificação para motores e baterias. À medida que a densidade de energia da bateria melhora, aumenta também o alcance e autonomia destas aeronaves, especialmente as movidas por tecnologias de células de combustível de hidrogênio, que têm a vantagem de poderem expandir a capacidade do voo elétrico em até cinco vezes.

Para aeronaves movidas a eletricidade, isso quer dizer que elas serão capazes de voar entre cidades com maiores distâncias, além de significar tempos de resposta mais rápidos e custos operacionais reduzidos. Para empresas aéreas regionais, pode representar a operação de voos com emissão zero em rotas densamente percorridas, de até 2.400 quilômetros.

Pense, também, em drones, que transportam pequenas cargas e que podem tirar proveito das tecnologias de célula de combustível para voos mais silenciosos e mais longos. As células de combustível de hidrogénio e a eletrificação da aviação exigem mais inovação nas infraestruturas e distribuição, além de uma necessidade contínua de colaboração entre os setores público e privado.

Com diversas soluções no mercado e mais inovação acontecendo, o futuro da indústria da aviação é algo a ser observado – e que moldará a forma como viajamos e nos deslocamos. Mas é preciso haver uma colaboração entre todo o ecossistema, compartilhando as melhores práticas e impulsionando ações coletivas, para que possamos minimizar os efeitos da emissão de gases e assim garantirmos um futuro mais verde e sustentável aos nossos céus.

* José Fernandes é presidente da Honeywell para a América Latina
e presidente da área de Soluções de Energia e Sustentabilidade para a América Latina

¹A redução das emissões de GEE baseia-se na análise de intensidade de carbono UOP da Honeywell, derivada de um estudo de terceiros sobre a produção de biometanol a partir de hidrogénio verde e CO2 capturado a partir do processamento de biomassa, em comparação com combustíveis fósseis.

Por José Fernandes*
Publicado em 02/02/2024, às 17h39


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