Em cerimônia na França, a Dassault Aviation realizou hoje o rollout do seu novo Falcon 6X
Novo Falcon 6X foi apresentado em ceriônia restrita nas instalações da Dassault, na França
A Dassault realizou hoje (8) o rollout do seu mais novo avião de negócios, o Falcon 6X. A cerimônia realizada na França e transmitida ao vivo pela internet destacou os desafios da nova aeronave e o potencial de mercado.
A apresentação simples, considerando as restrições impostas pela pandemia, contou com a presença do CEO da Dassault Aviation, Eric Trappier. O executivo ainda destacou o legado do fundador da companhia, Marcel Dassault e as inovações que o fabricante realizou ao longo das últimas décadas.
O Falcon 6X é um avião bimotor de alcance intercontinental, que se posiciona em um desafiador ambiente competitivo e se destaca por ser um projeto que rompe com a tradição de trimotores da Dassault nessa faixa de mercado.
Sem perder a capacidade de pousar e decolar curto, o novo modelo diversifica o perfil da família de aeronaves de longo alcance da tradicional marca francesa, famosa pelo desenvolvimento de trijatos de sucesso, ao incorporar apenas dois motores. Com uma cabine ainda mais espaçosa e sofisticada do que a de seus irmãos mais velhos, o ‘sexto avião’ da Dassault Falcon Jet será capaz de voar de São Paulo a Londres sem escala com pelo menos oito passageiros a bordo, ao custo estimado de US$ 47 milhões.
Falcon 6X é o mais novo avião do segmento e pode voar sem escalas entre São Paulo e Londres
O 6X surge como substituto do programa Falcon 5X, que foi cancelado durante a fase de ensaios em voo após uma série de problemas com os motores desenvolvidos pela Safran. Na ocasião, com pouca margem para modificações, a Dassault optou por encerrar o desenvolvimento do Falcon 5X e decidiu aproveitar feedbacks dos clientes que já haviam demonstrado interesse pelo modelo para conceber um modelo novo, aperfeiçoado.
Como resultado, os projetistas desenvolveram um jato equipado com os motores PW812, da Pratt & Whitney Canada, que já são utilizados pela família G500/G600 da Gulfstream. A opção por adotar um motor já certificado teve como objetivo evitar contratempos decorrentes do desenvolvimento de um novo propulsor. Além disso, os PWC ofereciam a faixa de potência necessária para o projeto da Dassault, que pensou em um avião com maior peso máximo de decolagem e 500 milhas náuticas adicionais de alcance em relação ao Falcon 5X.
As asas também foram aperfeiçoadas em relação ao Falcon 5X, que já ostentava uma aerodinâmica avançada. O uso de flaperon, que combina as funções de flap e aileron, como o nome sugere, é comum em aeronaves comerciais de grande porte ou caças, mas, ainda que represente alguma complexidade adicional, oferece maior controle de voo e melhora consideravelmente a agilidade do avião em curvas. Além disso, durante a aproximação, os flaperon atuam como freios aerodinâmicos adicionais aos flaps, proporcionando um voo em menor velocidade.
O CEO da Dassault Aviation, Eric Trappier diante do seu novo avião de negócios
A Dassault afirma que a velocidade de aproximação do 6X será de apenas 109 nós, com oito passageiros e três tripulantes. Os engenheiros alongaram o charuto em 50 centímetros, obtendo um comprimento de 12,3 metros e ampliando o volume de cabine para 52,2 metros cúbicos, contra os 50 metros cúbicos do Falcon 5X. Esse valor não inclui o bagageiro – que poderá ser acessado em voo – nem a área do cockpit.
Com o aumento da fuselagem, a Dassault conseguiu acrescentar uma janela a mais de cada lado em relação ao projeto original, o que se traduziu em uma área permeável à entrada de iluminação 30% superior. Além das 30 janelas totais, a claraboia no teto, próxima à porta, oferece mais uma opção de iluminação natural. A seção transversal manteve suas dimensões, com uma fuselagem de 2,58 metros de largura e 1,98 metro de altura. O projeto ainda contou com a aplicação de materiais avançados na construção do avião, superando até mesmo o que se empregou nos programas 5X e 8X. Isso permitiu aos projetistas reduzirem o peso da aeronave e, ao mesmo tempo, ampliarem a vida útil especialmente de componentes internos, que demandam elevado uso.
Estima-se que o novo avião terá velocidade de cruzeiro de longo alcance de Mach 0,8 e alcance máximo de 5.550 milhas náuticas, com três pilotos e oito passageiros. Já o Mach Máximo Operacional (MMO) será de Mach 0.90. O teto operacional será de 51 mil pés, proporcionando conforto em voos de grande altitude, o que contou com um cuidado especial da Dassault. Em um voo padrão a 41 mil pés, a sensação dos ocupantes da cabine, segundo o fabricante, será a de uma altitude equivalente a 3.900 pés.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 08/12/2020, às 14h40 - Atualizado às 18h07
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