Governo talibã quer retomar as aeronaves que estão estacionadas no Uzbequistão e o Tadjiquistão após fuga dos pilotos
A força aérea afegã recebeu o Embraer A-29 Super Tucano justamente para combater forças do talibã | Foto: Divulgação
O talibã, grupo radical que assumiu o Afeganistão, emitiu um comunicado oficial exigindo que o Uzbequistão e o Tadjiquistão devolvam as aeronaves que saíram do país durante a fuga de militares no ano passado.
O ministro da Defesa afegão, Mawlawi Mohammad Yaqoob, deu um ultimato para que os aviões de ataque A-29 Super Tucano e os helicópteros UH-60 Black Hawk sejam imediatamente enviados de volta ao Afeganistão.
Subsidiárias da Embraer em Portugal são vendidas por quase R$ 1 bilhão
Em nota o ministro afirmou que não permitirá que as aeronaves sejam utilizadas pelos países vizinhos. Caso não sejam reincorporadas a força aérea afegã haverá uma retaliação. Ainda que sem especificar que tipo de represália possa ser tomada, alguns analistas militares temem que o talibã cometa atentados nos países vizinhos, criando uma estabilidade política e militar na região.
O Afeganistão afirma que 46 aeronaves militares de sua propriedade estão estacionadas há vários meses no Uzbequistão e o Tadjiquistão. Uma eventual devolução deverá exigir um processo de manutenção e inspeção previstos em manual. Qualquer aeronave estocada acima de determinado período de dias, ainda mais sem as devidas proteções, deve ser submetida a uma manutenção preventiva, incluindo até mesmo a substituição de componentes críticos e lubrificantes em geral. Um dos entraves será conseguir obter os componentes necessários no mercado, visto os embargos para venda de armas ao governo talibã.
Ainda assim, Yagood afirma que vai retomar as aeronaves e que vai manter a plena capacidade de emprego das forças militares do país. O ministro ainda fez um apelo aos pilotos dissidentes, afirmando que devem retornar ao país onde serão honrados pelas autoridades.
O Afeganistão recebeu ao longo de uma década centenas de meios militares, incluindo aeronaves de ataque, como o brasileiro Super Tucano, como parte dos esforços dos Estados Unidos em criar uma estrutura básica de defesa ao país. Todavia, com o avanço do talibã e a fuga das tropas da coalização, o talibã herdou quase todo o arsenal militar que deveria ser usado justamente para combate-lo.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 12/01/2022, às 13h20 - Atualizado às 14h03
+lidas